Qual é o futuro das MVNOs mexicanas após seu crescimento explosivo?

Depois de prosperar nos últimos anos graças à reforma das telecomunicações do México em 2013, à criação da PPP Red Compartida e às medidas regulatórias que facilitam o acesso à rede e ao espectro, as MVNOs agora enfrentam o desafio de personalizar serviços e oferecer conteúdo aos usuários.

Essa é a opinião de Rocío Villanueva, presidente da Associação Mexicana de Operadores Móveis Virtuais (Amomvac), que falou sobre o tema durante um painel na conferência Futurecom, realizada em São Paulo.

“Com o surgimento da Altán [operadora da Red Compartida], uma porta foi aberta, os custos das operadoras caíram e isso fez com que as MVNOs crescessem rapidamente. Já se passaram seis anos desde o início das operações da Altán e hoje temos mais de 130 MVNOs no México”, disse Villanueva no evento.

“Acreditamos que um fator importante para conquistar mercado é a segmentação. As MVNOs no México estão segmentando e criando produtos muito específicos”, acrescentou a executiva.

Entre esses produtos estão serviços móveis personalizados voltados para mulheres, estudantes, comunidade LGBTQIA+, além das áreas de saúde e serviços financeiros, entre outros, principalmente fora das zonas urbanas, onde a líder de mercado América Móvil concentra suas operações.

O mercado móvel do México possui mais de 147 milhões de usuários. Desse total, 17 milhões estão nas mãos de MVNOs, de acordo com Villanueva, o que representa 11,5% do mercado.

A executiva disse que o crescimento “nos últimos anos” das MVNOs foi superior a 40%.

Em 2023, esses players móveis relataram uma média de 1,5 milhão de novos usuários por trimestre, destacou Villanueva, bem acima da média dos players móveis tradicionais.

O mercado de MVNO no México é bem desenvolvido em comparação com economias de tamanho semelhante, como o Brasil, e está alinhado aos padrões dos mercados desenvolvidos da Europa.

No Brasil, por exemplo, a participação das MVNOs na base móvel total é menor que 2%. Os mercados europeus de MVNOs mais desenvolvidas ostentam taxas de 20% a 40%.

Ao contrário do México, um dos principais focos das MVNOs no Brasil tem sido o segmento de IoT, por meio da oferta de cartões SIM para rastreamento de veículos, conectividade de máquinas e aplicações relacionadas.

André Martins, CEO da NLT, agregadora brasileira de MVNOs, disse que dos aproximadamente 45 milhões de acessos de IoT no Brasil, cerca de 10% pertencem às MVNOs.

“O mercado brasileiro está muito aquém da média global de dispositivos IoT”, apesar dos números, apontou Martins na Futurecom.

O executivo acrescentou que a NLT está interessada em expandir na América Latina e que a empresa já possui contratos e acessos no México e no Chile.

COLABORAÇÃO

Conforme informado anteriormente, o regulador mexicano IFT assinou em setembro um acordo de colaboração com a Amomvac para desenvolver ainda mais o segmento e estimular uma competição mais forte no mercado móvel.

Entre as atividades planejadas pelo IFT e pela Amomvac estão o compartilhamento de estatísticas e dados de mercado, a capacitação de recursos humanos e estudos conjuntos de telecomunicações.

“Ações conjuntas serão tomadas para desenvolver esse segmento de mercado em favor da competição em serviços móveis e, portanto, em benefício dos usuários”, indicou o IFT na ocasião.

Villanueva está otimista com as perspectivas do segmento.

“Na associação, acreditamos que as MVNOs serão o veículo para a conectividade, mas não queremos parar por aí. Queremos adicionar serviços e valor. Se conseguirmos gerar valor, podemos ter um mercado muito mais competitivo, trazendo benefícios para o usuário final”, afirmou na Futurecom.