Raio-x: a Digicel está no caminho da recuperação?

A Digicel, operadora de telecomunicações voltada para o Caribe, tem uma nova oportunidade após um terceiro processo de reestruturação que resultou na redução de US$ 1,7 bilhão em sua dívida.

A empresa tem a oportunidade de criar um “histórico positivo”, alcançando uma margem Ebitda acima de 40% e apoiada por uma sólida posição competitiva, afirmou a Moody's Ratings em um comunicado à imprensa.

Na semana passada, a agência de classificação de risco elevou a nota da Digicel International Finance Limited para 'B3', com perspectiva estável.

A Digicel, fundada na Irlanda, registrou receitas de US$ 1,9 bilhão em seu ano fiscal encerrado em março. O Ebitda subiu 7%, totalizando US$ 766 milhões, de acordo com o Irish Times.

Como a Digicel é uma empresa privada, os resultados financeiros não são divulgados publicamente.

A Moody's acredita que a Digicel pode apresentar um fluxo de caixa positivo impulsionado pela ausência de distribuição de dividendos e com despesas de capital abaixo de 15% da receita. No ano fiscal encerrado em março, o fluxo de caixa livre foi de US$ 14 milhões.

“O processo de reestruturação mudou significativamente as despesas com juros e o perfil de liquidez da Digicel, proporcionando flexibilidade financeira à empresa”, afirmou a Moody's.

Mas a empresa enfrenta alguns riscos associados à sua presença em mercados emergentes com histórico de instabilidade e exposição a eventos climáticos adversos, bem como à desvalorização cambial.

Recentemente, a Digicel anunciou um “investimento multimilionário” para restaurar totalmente sua infraestrutura em Carriacau e Petite Martinique, dependências de Granada, após o furacão Beryl.

“A Digicel continua enfrentando uma série de desafios que limitam as melhorias operacionais, incluindo condições econômicas e operacionais difíceis em alguns dos grandes mercados da empresa, principalmente o Haiti, que responde por cerca de 18% das receitas da companhia”, acrescentou a Moody's.

A empresa opera em 25 mercados no Caribe e possui cerca de 10 milhões de clientes individuais e empresariais para serviços de telefonia móveis, de TV a cabo e banda larga, entre outros.

Há pouco tempo, a Digicel anunciou a conclusão do cabo submarino caribenho Deep Blue One, que conecta Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Trinidad e Tobago. “Isso significa que podemos expandir nossa cobertura LTE para mais pessoas em mais lugares, ao mesmo tempo em que melhoramos significativamente a experiência LTE para clientes os existentes por meio do aumento da capacidade”, disse o CEO da Digicel, Marcelo Cataldo, ao anunciar a migração do cabo Digicel Suriname para a nova infraestrutura submarina.

A operadora também lançou serviços 5G em Grand Cayman em junho. A rede está inicialmente disponível na área de West Bay, partes de George Town e Bodden Town.