Raio-x: os 3 fundos globais autorizados a investir na operadora Oi

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) autorizou os investimentos de capital de três fundos globais na conturbada empresa de telecomunicações Oi. A medida faz parte do segundo processo de recuperação judicial da operadora.

Por meio da capitalização de parte da dívida que detêm na operadora, as empresas passarão a controlar mais de 30% do capital social total da Oi.

Assim, a Oi contará com acionistas globais relevantes em sua estrutura acionária. Dois deles possuirão mais de 5% da Oi e o terceiro terá pelo menos 20%.

Os investidores estão injetando US$ 505 milhões na Oi e, em troca, terão parte da dívida convertida em nova dívida e patrimônio.

Os três fundos são administrados pela Pacific Investment Management Company (Pimco), SC Lowy Primary Investments e Ashmore Investment Management.

A Pimco, com sede na Califórnia, é uma das maiores gestoras de investimentos globais, movimentando mais de US$ 2 trilhões em ativos para bancos centrais, fundos soberanos e fundos de pensão. Sua participação na Oi ultrapassará 20% após a aprovação do Cade.

A empresa pertence à gigante alemã de seguros e serviços financeiros Allianz Group.

A Pimco detém participação na empresa de satélites Intelsat, que está atualmente em processo de venda para a SES.

No Brasil, a Intelsat fornece serviços de comunicação via satélite e detém autorizações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para operar 11 satélites e fornecer serviços de telecomunicações de interesse público.

A participação da Intelsat no segmento de capacidade de satélite no Brasil é inferior a 10%, correspondendo a 14,7 GHz, considerando que a capacidade total de satélite do mercado brasileiro é de 151,5 GHz.

De acordo com o banco de dados da Anatel, há 52 satélites em operação no Brasil, pertencentes a 35 operadores, dos quais 11 são operados pela Intelsat.

A Oi, por sua vez, também fornece serviços via satélite para TV por assinatura e banda larga, entre outros, embora esteja se desfazendo dessas operações como parte de seu processo de reestruturação.

A Pimco argumentou que mesmo sua sobreposição temporária (antes da venda da Intelsat ser concluída) com a Oi não seria capaz de dominar o mercado de capacidade de satélite no Brasil e que a Intelsat compete com outros grupos significativos na prestação de serviços de comunicação por atacado no país.

SC LOWY E ASHMORE

A SC Lowy faz parte do SC Lowy Group, com sede em Hong Kong.

É um grupo global de private banking e gestão de ativos focado em mercados de crédito, com presença na Ásia, Oriente Médio, América do Norte e Europa.

A empresa foi fundada e é liderada por Michel Lowy e Soo Cheon Lee.

A Lowy reporta US$ 1,6 bilhão em ativos sob gestão e US$ 4,8 bilhões em capital alocado desde sua criação em 2009. O grupo possui nove escritórios ao redor do mundo, nenhum deles na América Latina.

Ao contrário da Pimco/Intelsat, a Lowy não tem investimentos em telecomunicações no Brasil ou na América Latina.

Já a Ashmore, com sede no Reino Unido, foi fundada em 1992 como parte do Australia and New Zealand Banking Group, tornando-se independente em 1999.

Atualmente, gerencia US$ 49,5 bilhões (em junho) em fundos coletivos, contas segregadas e produtos estruturados e afirma ser uma “especialista líder dedicada em gestão de ativos de mercados emergentes”.