Telefónica e KKR se unem outra vez – agora no Peru
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Em um movimento nada surpreendente, a Telefónica repetiu sua estratégia para o Brasil, Chile e Colômbia, e vendeu o controle de seu negócio de fibra também no Peru.
No Chile e na Colômbia, a Telefónica formou uma joint venture com o fundo norte-americano KKR. No caso do Peru, a empresa chilena Entel, que também atua naquele país, se inscreveu como terceira sócia. A KKR se tornou a controladora em todos esses países.
A marca comercial também é a mesma nas três nações: On Net Fibra.
O Brasil, um dos quatro mercados globais prioritários da Telefónica, junto com Espanha, Reino Unido e Alemanha, é a única exceção. Em vez da KKR, o parceiro de joint venture de fibra da Telefónica é o fundo canadense CDPQ.
A Telefónica, portanto, abriu mão do controle de sua operação de fibra em quatro das maiores economias da região.
A Argentina continua sendo um caso pendente, onde já estabeleceu parcerias para uso compartilhado de fibra, como iPlan e Metrotel, por exemplo.
No momento não há informações sobre qualquer venda em andamento na Argentina, no entanto, dado o que aconteceu em outros lugares, é provável que uma venda de fibra aconteça lá em breve – provavelmente com a KKR outra vez.
A KKR reportou US$ 471 bilhões em ativos sob gestão em 31 de dezembro, um aumento de 87% em relação ao ano anterior.
O grupo norte-americano está atualmente em negociações formais para adquiri a Telecom Italia, controladora da TIM Brasil.
REESTRUTURAÇÃO
Esta mudança é muito consistente com a estratégia da Telefónica. Em 2017, o grupo deu o primeiro passo, ao vender 40% de sua unidade de infraestrutura Telxius para a KKR por € 1,28 bilhão. Também é consistente com o esforço de reestruturação da Telefónica, anunciado há quase quatro anos.
Em novembro de 2019, a Telefónica apresentou um ambicioso plano global que consistia em focar as operações em seus quatro principais mercados, reduzindo a dívida por meio da simplificação dos negócios, alienação de ativos, parcerias e vendas de operações em mercados não prioritários.
Nesse mesmo mês, a Telefónica negociou um contrato de oito anos para usar e alugar a rede da AT&T México.
A consequência disso é que a Telefónica não opera mais com rede própria de transporte no México, onde também mantém um contrato de arrendamento com a Altán Redes.
Entre 2019 e 2022, a empresa acelerou sua estratégia.
Após tentativas frustradas de fechar negócio com a rival América Móvil, a empresa vendeu todas as suas operações na América Central: Guatemala, Nicarágua e Panamá (para a Millicom em 2019); Costa Rica (para Liberty Latin America em 2019); e El Salvador (para a General International Telecom Limited em 2021).
Com a conclusão do negócio de El Salvador em janeiro do ano passado, a Telefónica fechou um capítulo importante na região e carimbou sua saída da América Central.
INFRA À VENDA
Nesse período, a empresa também se desfez de outros negócios non-core em infraestrutura de telecomunicações, ou seja, torres e datacenters, intensificando suas vendas nos últimos três anos como parte de sua reestruturação global.
Em 2020, a empresa transferiu o controle de 1.909 torres no Brasil para sua subsidiária Telxius, fazendo movimentos semelhantes em outros mercados.
Então, em 2021, a Telefónica fechou um acordo mais amplo para vender toda a unidade de torre de sua subsidiária Telxius para a American Tower por 7,70 bilhões de euros.
O negócio envolveu cerca de 30,7 mil torres mantidas e operadas pela Telxius na Espanha e Alemanha, bem como no Brasil, Peru, Chile e Argentina.
Do lado do datacenter, a Telefónica tem se concentrado em acelerar sua migração para a nuvem e, assim, fechar os datacenters.
Em 2019, o fundo de investimentos Asterion fechou um acordo para adquirir 11 datacenters da Telefónica, inclusive na América Latina, os quais foram agrupados em um veículo chamado Nabiax.
Dois anos depois, a Telefónica assinou um novo acordo com a Asterion para adquirir uma participação de 20% na Nabiax em troca da entrega de quatro datacenters (dois no Chile) que ainda possuía.
Na sequência, em março deste ano, o fundo de investimento britânico Actis anunciou um acordo para adquirir 11 datacenters na América Latina e nos EUA da Nabiax.
COMPARAÇÃO DE METAS
Como parte do acordo de fibra peruana, a KKR se comprometeu a fazer investimentos de US$ 200 milhões para mais que dobrar a rede de fibra no Peru para 5,2 milhões de residências até o final de 2026.
Naquele país, cerca de 88% dos domicílios têm serviço de internet móvel ou fixa, mas menos de 35% têm acesso a redes de fibra ótica.
A Telefónica del Perú e a Entel Perú serão inquilinos-âncora, mas como veículo de fibra neutra a ideia é trazer outras operadoras e ISPs. Considerando a experiência da On Net Fibra no Chile e na Colômbia, e até mesmo da FiBrasil (a joint venture de fibra com CDPQ), isto representa um desafio.
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O objetivo inicial da Net Fibra Colômbia era atingir 2,3 milhões de residências em 2022 e 4,3 milhões em 2024, cobrindo 90 localidades. Atualmente, a joint venture relata 2,4 milhões de residências passadas com fibra.
Quanto aos novos clientes, alguns ISPs consideram os preços de leasing muito altos.
“Infelizmente, seus custos não estão de acordo com o que podemos pagar e com nosso público-alvo. Por enquanto, é melhor construir do que alugar”, afirmou Mauro Magrini, CEO da Velonet, provedora colombiana de serviços de internet (ISP), à BNamericas no mês passado, quando questionado sobre a contratação da On Net Fibra Colômbia.
A joint venture Telefónica-KKR no Chile foi anunciada em fevereiro de 2021, com o objetivo de atingir um mínimo de 3,5 milhões de residências até 2023e fornecer serviços de atacado para mais de 40 mil empresas.
De acordo com a última atualização, a operação chilena On Net Fibra tem 3,7 milhões de casas passadas.
Em outubro, a Entel decidiu vender sua rede de fibra ótica para a joint venture, que em retrospecto agora parece ser uma precursora da parceria anunciada para a joint venture no Peru.
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