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Análise

Tensão comercial entre China e EUA é oportunidade para diversificar a mineração na América Latina

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Tensão comercial entre China e EUA é oportunidade para diversificar a mineração na América Latina

A proibição da China de exportar minerais como gálio, antimônio e germânio para os EUA, somada à expansão das restrições ao grafite, poderão reforçar a atratividade dos recursos latino-americanos e abrir uma oportunidade para diversificar a produção minerária.

A medida do governo do líder chinês Xi Jinping, que restringe materiais essenciais para a fabricação de semicondutores e baterias para a indústria de veículos elétricos, além de outras finalidades tecnológicas civis e militares, evidencia mais uma vez o desequilíbrio no mercado global de minerais.

Globalmente, a China produz mais de 90% do gálio, mais de 70% do grafite, 60% do germânio e aproximadamente 50% do antimônio. Já os EUA, por sua vez, dependem em mais de 50% das importações chinesas de 24 minerais básicos, segundo dados do American Geological Survey (USGS).

Isto é considerado uma ameaça à segurança nacional norte-americana e uma prioridade para o próximo governo de Donald Trump. A necessidade de garantir uma cadeia de abastecimento confiável de minerais críticos poderia atribuir à mineração latino-americana um papel fundamental.

Dada a crescente tensão comercial entre as potências, os EUA teriam dois caminhos: autossuficiência, que poderia ser o seu objetivo a longo prazo, ou procurar mais acordos comerciais com países com produção minerária, como os da América Latina.

A medida de Pequim responde a uma nova ofensiva de Washington para impedir a entrada de componentes tecnológicos da indústria chinesa de semicondutores, a qual afeta cerca de 140 fabricantes de microchips no gigante asiático.

PROJETOS NA AMÉRICA LATINA

O gálio é um subproduto do processamento da bauxita. No Brasil, o projeto Novas Minas, da Mineração Rio do Norte, pretende prolongar de 2027 para 2042 a vida útil de uma mina de bauxita que produz atualmente cerca de 12,5 Mt/a (milhões de toneladas por ano). Esta iniciativa poderia implementar uma linha de gálio e aproveitar a atual oportunidade geopolítica.

O gálio também pode ser obtido a partir de resíduos de processamento de zinco em diversos projetos, como Expansão de Huancapetí, Corani, Reabastecimento de Colquijirca (Tajo Norte e Marcapunta) e Romina, no Peru; La Plata e Curipamba-El Domo, no Equador; e a planta de refino de zinco em Oruro, na Bolívia.

Todos esses projetos têm data de início de operação nos próximos dois anos.

O grafite acrescenta outro atrativo. Desde 2019, o consumo global do material aumentou 200% devido ao boom no mercado de baterias de íons de lítio. Além disso, o número de fábricas de baterias nos EUA cresceu, de 3 unidades operacionais em 2019 para 10 em 2023, além de outras 28 unidades em desenvolvimento, conforme indicou o USGS.

No ano passado, o Brasil produziu 73.000 toneladas de grafite, volume que deverá crescer com o projeto Grafite Santa Cruz, cuja construção teria início em 2025, e com o investimento previsto da Appian Capital Advisory em outro projeto – ambos na Bahia.

O México, por sua vez, gerou US$ 12,4 milhões em comércio no ano passado graças ao grafite, sendo os EUA o principal destino com 67% das compras, segundo dados da Secretaria da Economia.

O antimônio é um subproduto da produção de ouro, chumbo, cobre e zinco. No ano passado, a Bolívia atingiu uma produção de 3.000 toneladas e o México, 700 toneladas, segundo o USGS. Embora este ano a US Antimony Corporation tenha anunciado que descontinuaria suas atividades na América Latina e alienaria sua subsidiária mexicana US Antimony, a empresa afirmou que manteria as suas concessões mineiras naquele país devido ao elevado potencial exploratório, segundo comunicado divulgado em março.

O germânio é produzido principalmente a partir de esfalerita, minério de zinco e cinzas de carvão, mas até o momento não há projetos de mineração na América do Sul.

A transição para a energia limpa requer uma indústria mineira diversificada. A Agência Internacional de Energia reiterou os apelos à diversificação da oferta para atingir os objetivos definidos globalmente. Nisto, a América Latina oferece um enorme potencial.

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