Tradener planeja dobrar de tamanho nos próximos cinco anos

A Tradener Brasil planeja dobrar de tamanho nos próximos cinco anos, disse à BNamericas o novo CEO da comercializadora de energia, Guilherme Avila.

Ele substituirá Walfrido Avila, que assumirá a presidência do Conselho de Administração da empresa.

A Tradener transacionou, em maio, 1.000 MWm (megawatts médios), e a meta é chegar a pelo menos 5.000 MWm até o fim da década.

Os números não incluem operações de exportação de energia para outros países nem operações de trabalho de curto prazo.

“Nosso objetivo é estar cada vez mais próximo do consumidor livre. Estamos nos transformando em uma distribuidora sem fio, oferecendo energia segura, contratada a preços equilibrados”, destacou o executivo.

Em janeiro deste ano, todos os clientes de alta tensão – o chamado Grupo A – passaram a poder migrar do mercado regulado para o mercado livre, no qual podem escolher e negociar com o seu próprio fornecedor de energia.

O governo estuda a possibilidade de permitir o acesso ao mercado livre para unidades comerciais e industriais de baixa tensão a partir de 2026 e, finalmente, para residências a partir de 2028.

“O tamanho dos consumidores que estão migrando na última onda é muito pequeno. Nosso foco é o consumidor que já era livre, a fim de comercializar maiores volumes de energia”, assinalou Ávila.

Além de autorizações para exportar energia para a Argentina e o Uruguai, a Tradener recebeu aval do governo brasileiro para importar eletricidade da Venezuela.

“Acho que essa operação [com a Venezuela] não vai avançar. De qualquer forma, o Brasil tem, hoje, excedente de energia”, avaliou o CEO da Tradener.

Entre os motivos para a sobra de energia estão a grande entrada de projetos de geração renovável no sistema e a expansão da geração distribuída, combinadas com o relativamente baixo crescimento do consumo.

Nos próximos anos ainda haverá uma “enxurrada” de energia no mercado a partir da descontratação das hidrelétricas da Eletrobras, como previsto pela lei de privatização da holding.

Os elevados níveis dos reservatórios hidrelétricos também contribuem para a sobreoferta de energia, devido aos grandes volumes de chuvas nos últimos meses.

Por outro lado, o último verão (2023-24) apresentou baixos níveis de precipitação, já impactando os preços da energia.

Ávila acredita, no entanto, que o PLD (referência de preço no mercado livre) seguirá baixo.

“Os reservatórios permanecem em níveis bastante confortáveis, apesar da chuva um pouco abaixo da média no verão. E a entrada da geração distribuída tem mascarado, um pouco, o crescimento do consumo”, observou o executivo.