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Análise

Vale monitora de perto oferta de US$ 39 bi da BHP pela Anglo American

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Vale monitora de perto oferta de US$ 39 bi da BHP pela Anglo American

A Vale está acompanhando de perto a oferta de US$ 39 bilhões da BHP pela rival Anglo American, um acordo que poderia abalar o setor.

A Anglo American anunciou que recebeu uma proposta de aquisição não solicitada, não vinculativa e altamente condicional da BHP. Se rejeitada, a oferta inicial da BHP poderá abrir caminho para propostas mais altas da mineradora australiana ou até mesmo de outros players do setor, como a Vale.

O CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, não descartou a avaliação de uma oferta para adquirir a Anglo, mas ressaltou que o foco da empresa é o desenvolvimento de projetos no Brasil.

“Estamos observando de perto, mas estamos muito mais interessados em acelerar e executar nossas reservas”, disse Bartolomeo durante uma teleconferência para analistas sobre os resultados do primeiro trimestre.

A oferta da BHP pela Anglo reflete o interesse crescente das principais mineradoras globais de minério de ferro em segmentos ligados à transição energética. A Anglo tem grandes operações de cobre no Chile e no Peru, enquanto no Brasil possui ativos de minério de ferro e níquel.

“Há uma geração crescente de empresas do setor de mineração associadas aos setores mais conectados à transição energética, que vão do cobre ao níquel e ao lítio. As grandes mineradoras estão cientes desse movimento e vejo sinais de que, a partir de agora, teremos muitas operações de fusões e aquisições neste segmento, não só envolvendo grandes empresas, mas também empresas juniores”, avaliou Henrique Oliveira Santos, líder do segmento de mineração e metais da empresa europeia de serviços de engenharia, design e consultoria Afry no Brasil.

A própria Vale, uma potência global do minério de ferro, esteve envolvida em uma transação do tipo recentemente. No ano passado, anunciou a venda, por US$ 3,4 bilhões, de uma participação de 13% na sua divisão de metais básicos, a VBM, que possui minas de níquel e cobre, à Manara Minerals, uma joint venture entre a Ma’aden e o fundo de investimento da Arábia Saudita.

RESULTADOS DA VALE

A Vale registrou lucro líquido de US$ 1,68 bilhão no primeiro trimestre, abaixo do valor de US$ 1,8 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.

A receita líquida da empresa foi de US$ 8,4 bilhões, em linha com o primeiro trimestre de 2023, enquanto seus custos e despesas aumentaram 9%, para US$ 5,9 bilhões.

A Vale viu as vendas de minério de ferro aumentarem 15% no primeiro trimestre, para 63,8 Mt. No entanto, os efeitos positivos do aumento foram compensados pela queda nos preços. O preço médio do minério de ferro chegou a US$ 123,6/t, de US$ 125,5/t do mesmo período do ano anterior.

As vendas de cobre da empresa no primeiro trimestre subiram 22%, para 77.000 t, enquanto o preço médio caiu 18%, para US$ 7.632/t.

As vendas de níquel da Vale caíram 18%, para 33.000 t, com o preço médio caindo 33%, para US$ 16.848/t.

“O resultado da Vale foi mais fraco neste trimestre em grande parte devido à queda nos preços do minério de ferro. A estimativa é que, para os próximos meses, o preço do minério de ferro fique entre uma faixa de US$ 100-120/t, devido às incertezas com a economia chinesa, principal mercado para o minério de ferro. Isso tende a pressionar um pouco os resultados da Vale em comparação com períodos anteriores nos próximos trimestres, mas não é tão dramático para as operações, já que o custo de produção da Vale hoje está em torno de US$ 50/t”, apontou à BNamericas o consultor de mineração Pedro Galdi.

REVISÃO DO CAPEX

Enquanto isso, a Vale anunciou que aumentou o capex para seu projeto de minério de ferro Serra Sul 120, de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,88 bilhões.

O projeto brownfield no estado do Pará consiste em aumentar a capacidade da planta da mina S11D em 20 Mt, para 120 Mt.

A empresa atribuiu a revisão para cima a fatores como “aumento dos custos de insumos e de serviços, resultado do efeito combinado de um cenário econômico inflacionário desde a aprovação do projeto e ao atraso de quase 18 meses na emissão da licença de instalação; mudanças de engenharia das linhas de processamento da planta; e revisão do orçamento de contingência”.

O início das operações do projeto continua previsto para o segundo semestre de 2026.

“Muitos projetos de mineração, especialmente alguns que foram elaborados pouco antes ou durante os primeiros meses da pandemia, sofreram pressão ascendente sobre os custos associados a insumos e mão de obra. Ainda devemos ver muitos projetos do setor sofrendo com o aumento dos investimentos”, destacou Santos, da Afry, à BNamericas.

ACORDO DE MARIANA

O acordo envolvendo a fabricante de pelotas de minério de ferro Samarco Mineração, joint venture da Vale com a BHP, referente a um novo acordo de compensação pela tragédia da barragem de rejeitos de Mariana – que poderia implicar um pagamento recorde mundial e mais recursos para os estados de Minas Gerais e Espírito Santo – deve avançar neste trimestre.

Segundo uma pessoa envolvida nas negociações, as empresas apresentaram às autoridades uma nova proposta de indenização.

A barragem operada pela Samarco Mineração rompeu em 2015, provocando a morte de 19 pessoas e causando o pior desastre ambiental da história do Brasil.

Falando com a BNamericas sob condição de anonimato, fontes envolvidas no processo disseram que o governo federal e a administração estadual estão buscando uma compensação de R$ 120 bilhões (US$ 23,3 bilhões).

As empresas, que inicialmente ofereceram cerca de R$ 40 bilhões, fizeram uma contraproposta, cujo valor não foi revelado. As autoridades estão analisando a oferta.

Em 2016, as empresas, o governo de Minas Gerais e o Ministério Público firmaram um acordo de R$ 24,4 bilhões, mas a oposição ao acordo cresceu depois que a Vale concordou em pagar R$ 37,7 bilhões em indenização por outro desastre em uma barragem de rejeitos em Minas Gerais, ocorrido em 2019, que resultou na morte de cerca de 300 pessoas.

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