Veículos leves eletrificados se aproximam de 10% das vendas de carros no Brasil

Veículos leves eletrificados devem responder por 8% das vendas totais de carros no Brasil em 2024, ante os 4% registrados no ano passado, prevê o CEO da Tupi Mobilidade, Davi Bertoncello.

A estimativa considera veículos do tipo híbrido plugável (PHEV), elétrico a bateria (BEV) e elétrico híbrido (HEV).

De acordo com dados mais recentes da Associação Brasileira do Veículo Elétrico ABVE, foram vendidos em 2024, 122.548 veículos leves eletrificados, um aumento em relação a 93.927 em 2023.

Segundo Bertoncello, que é também conselheiro da ABVE, o país tem apresentado a curva mais acelerada do mundo em adoção de veículos leves eletrificados.

“Este ano já estamos com 7% [das vendas], e devemos fechar em 8%. Esse é um percentual que ajuda os países a desbloquearem tecnologias”, disse Bertoncello à BNamericas.

“Somente a BYD já anunciou a produção de até 150 mil carros elétricos no Brasil no ano que vem”, ressaltou.

Depois de assumir a antiga fábrica da Ford na Bahia, a companhia chinesa começou a construir sua planta este ano, e seu início de operações está previsto para o começo de 2025.

Bertoncello pontuou que o Brasil é, ao lado do México, o principal destino das montadoras chinesas, depois que os EUA impuseram barreiras tarifárias para os chineses.

Segundo a ABVE, 2023 foi o melhor ano da eletromobilidade no Brasil, com vendas de veículos leves eletrificados (PHEV+BEV+HEV) crescendo acima dos 50% em todas as regiões em relação a 2022. Hoje, há cerca de 400 mil unidades em circulação no país.

O Sudeste continuou liderando o crescimento das vendas (+101%), mas o Nordeste também teve desempenho expressivo (+91%), seguido pelo Sul (+82%), Centro-Oeste (+73%) e Norte (+67%).

Para acompanhar o número crescente de veículos elétricos nas ruas, a Tupi Mobilidade está trabalhando com parceiros para expandir a rede de recarga conectada nacional

Considerando-se o período entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2024, houve um crescimento de 1.452%, de pouco mais de 500 estações de recarga em 2020, para quase 10.700 estações em 2024.

Esses números consideram carregadores públicos, semipúblicos e privados. Do total, 2.800 pontos são mapeados pelo aplicativo da Tupi, que conta com acordos comerciais junto a 120 empresas, entre postos de combustível, bancos, hipermercados, shoppings etc.

Para Bertoncello, a relação entre pontos de recarga e veículos eletrificados no país está adequada. Ele alerta, porém, para fatores como a qualidade, potência, rapidez e conectividade dos carregadores, além de sua distribuição geográfica.

“O Brasil é um continente. São Paulo tem 3.500 pontos de recarga, o que é muito bom, mas, fora de lá, as realidades são outras. É importante trabalhar para não deixar 'zonas cinzas' para assegurar que haverá carregadores a cada 100km, por exemplo, para viajar de um ponto a outro”, explicou o executivo.

Bertoncello assinalou que, dentre os cerca de 400 milveículos leves eletrificados no país, menos da metade – aproximadamente 166.000 – são PHEVs BEVs. Ou seja, a maioria (HEVs), que se eletrificam por frenagem regenerativa, não é recarregada na tomada.

“Mas os HEVs vêm caindo em participação, perdendo espaço para os eletrificados em tomada”, afirmou.

Embora reconheça o valor do programa federal de estímulo à eletromobilidade Mover, Bertoncello entende que a iniciativa não resolve todos os desafios do setor.

“A mobilidade elétrica tem que ficar muito atenta e andar ao lado do poder público, a fim de garantir uma competição em pé de igualdade. Senão, o país correrá o risco de perder o bonde da mobilidade elétrica”, concluiu Bertoncello.