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2W Energia visando 'segunda onda de investimentos' do Brasil

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2W Energia visando 'segunda onda de investimentos' do Brasil

A plataforma de energia renovável do Brasil 2W Energia emitiu recentemente 475 milhões de reais (US $ 92,4 milhões) em debêntures verdes para o projeto eólico Anemus de 139 MW, no estado do Rio Grande do Norte.

Certificada como título verde, a operação é um marco para o setor, pois foi viabilizada apenas por uma carteira de contratos de venda de energia para pequenas e médias empresas no mercado livre de energia.

O projeto contará com 33 aerogeradores, fornecidos pela WEG , com início de geração previsto para setembro de 2022.

O CEO da 2W Energia, Claudio Ribeiro, conversou com o BNamericas sobre seus empreendimentos no Brasil, onde vê o mercado de energia elétrica passando por uma “segunda onda de investimentos”.

BNamericas : Por que a operação do Anemus é inédita?

Ribeiro : A novidade reside em dois fatores. Em primeiro lugar, a geração sempre foi financiada por bancos de desenvolvimento, como BNDES e BNB . O mercado de capitais sempre foi muito avesso ou pouco educado para financiar projetos greenfield, exceto para grandes corporações. E o BNDES e o BNB tinham taxas muito mais competitivas.

Mas o mercado de capitais está mais competitivo hoje, enquanto BNDES e BNB encareceram suas taxas, o que tem levado as empresas a buscarem o mercado de capitais como opção.

A segunda é que, seja via bancos de fomento ou mercado de capitais, o financiador sempre perguntaria sobre o PPA [contrato de compra de energia] e o "nome principal" antes de aprovar o empréstimo, desde que fosse conveniente para eles, com uma receita  garantia de 15 anos.

Porém, essa é uma lógica perversa porque é anticompetitiva, pois o incorporador, ao vender o PPA para uma grande empresa como a Vale , ou leilões regulados não podem sugerir o preço ótimo. Isso acaba indo contra o macro-planejamento do país, porque não há investidor disposto a correr o risco de ter uma taxa de retorno baixa, porque a outra ponta paga um preço reduzido.

BNamericas : E isso está mudando?

Ribeiro : Sim, porque já não há tantos grupos interessados em vender no mercado regulado, porque os preços estão muito baixos.

Por outro lado, do ponto de vista macro, não haverá mais só uma [empresa como] a Vale comprando por 15 anos, porque o setor elétrico vai se liberalizar, ainda que inicialmente nas margens, como consumidor [de tamanho menor] no setor elétrico ainda estão encontrando formas de se livrar da distribuidora.

Nota do Editor: O consumidor deve ter no mínimo 500kW de demanda contratada e estar conectado a uma rede de média ou alta tensão para poder migrar para o mercado livre de energia.

E aqueles que estão vindo estão dispostos a comprar energia de projetos greenfield. Eles não são a Vale e compram energia em contratos de três ou cinco anos. Então, a segunda inovação é que nosso projeto conseguiu se financiar via mercado de capitais, com consumidores menores por prazos mais curtos, mas com um portfólio hiperdisperso.

Os mercados de capitais aprenderam a precificar o risco e atender a esses consumidores menores.

BNamericas : O empreendimento também tem financiamento do fundo americano Darby International Capital?

Ribeiro : Não. O Darby co-financiou o patrimônio da 2W Energia. Esta não é uma dívida sênior do projeto. Essa dívida é a debênture.

BNamericas : Esperava-se que cerca de 57 milhões de reais dos US $ 45 milhões do financiamento fechado com a Darby fossem destinados a projetos de crescimento, como um IPO. Isso ainda está no horizonte?

Ribeiro : Sim, ainda temos esse driver em execução, mas um IPO é algo que se faz por conveniência ou necessidade. A necessidade não é mais urgente, pelo menos não nos próximos dois anos.

Já estamos com ações negociadas em bolsa, então estamos prontos para fazê-lo a qualquer momento. A questão é fazer o ponto de avaliação ideal que o mercado nos sinaliza.

O fato de termos fechado o financiamento da Anemus é um marco importante para provar que é possível financiar nossos próximos projetos no pipeline.

BNamericas : O que envolve a “segunda onda de investimentos no mercado brasileiro de energia”, em que o senhor posiciona a empresa como líder?

Ribeiro : A primeira onda do mercado de renováveis foi por meio do Proinfa [programa federal de incentivo à energia renovável] , que incentivou os empresários a investir em geração para vender às distribuidoras em leilões.

Agora a indústria está tão desenvolvida que os leilões não são mais necessários e a indústria está começando a se financiar com PPAs de consumidores menores.

Nossa missão aqui é chegar perto desse consumidor menor do Brasil, que paga a segunda maior tarifa de energia elétrica do mundo, e ajudá-lo a pagar uma conta mais competitiva.

BNamericas : Quais são seus principais projetos em operação e em desenvolvimento?

Ribeiro : O Anemus começa a operar em setembro de 2022. Será o nosso primeiro. O segundo se chama Kairós, em Capuí, Ceará, com 260MW de capacidade instalada, para o qual já obtivemos financiamento do BNB.

O banco bateu à nossa porta e ofereceu dinheiro mais barato, então fomos em frente. Estamos dividindo em duas fases: o Kairós 1 deve entrar em operação em janeiro de 2023. Está em fase de estruturação e financiamento e terá parte do dinheiro da Darby's para financiar esse patrimônio.

BNamericas : Quanto a empresa espera crescer nos próximos anos?

Ribeiro : Além do Anemus e do Kairós, temos outros 600 MW para implantar até 2025 em eólica, solar e híbridos, totalizando 5 bilhões de reais em investimentos.

Além disso, estamos lançando uma marca para geração distribuída [DG], chamada Wave. Temos duas usinas solares de 5 MW em Minas Gerais.

É a primeira incursão da 2W no negócio de DG, e isso é importante porque agora estamos começando a nos relacionar com B2B e PMEs e com empresas que ainda não têm carga para migrar para o mercado livre.

Do ponto de vista da comercialização, atualmente negociamos cerca de 1 GWa por mês em nossa plataforma de comercialização. A ideia é que a plataforma de varejo alcance 5.000 consumidores dos 200 atuais. [Isso poderia ser potencializado pelo fato de] haver um contingente de 50-70.000 consumidores com carga acima de 500kV que ainda não migraram para o mercado livre.

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