
'Agora temos a cidade com mais cabos submarinos do mundo'

Em parte devido à sua localização estratégica, Fortaleza, capital do estado do Nordeste do Ceará, tornou-se um hot spot para cabos submarinos, atraindo projetos realizados por gigantes da Internet, operadoras de telecomunicações e provedores de conectividade no atacado.
Na esteira dos cabos submarinos, vêm os pontos de troca de internet e datacenters, necessários para hospedar e armazenar conectividade em expansão.
Fortaleza também possui um backbone de fibra de 80.000km conectando suas cidades e estados vizinhos, além de ser um importante pólo de energia eólica e solar, chave para movimentar todos esses empreendimentos.
O BNamericas conversou sobre isso e muito mais com Júlio Cavalcante, secretário de comércio, serviços e inovação do Ceará.
BNamericas : Fortaleza recebeu recentemente diversos projetos internacionais de cabos submarinos, sendo o mais recente o EllaLink , que conecta a América do Sul à Europa. Como está o processo de chegada de novos cabos?
Cavalcante : Com a chegada desses dois cabos EllaLink - um vem de Portugal e o outro vem e volta para São Paulo - Fortaleza passa a ser líder mundial em concentração de cabos submarinos em um único local.
Os Emirados Árabes Unidos [cidade de Fujairah] lideraram e agora temos a cidade com o maior número de cabos submarinos do mundo.
Entre os projetos recentes, praticamente nenhum cabo chega à América Latina sem passar por Fortaleza.
BNamericas : Quantos são?
Cavalcante : Fortaleza agora tem 16 cabos. E temos mais dois cabos planejados para essa metade [dois cabos do sistema South Atlantic Express (Saex), previstos para o terceiro trimestre], então chegaremos a 18 até o final do ano.
Também estamos em conversas com empresas sobre novos projetos, que infelizmente não podemos divulgar no momento.
Esse processo começou há muitos anos. Já temos cabos de 20 anos instalados aqui, como o da CenturyLink [ Lumen ].
Essa presença às vezes é discreta por parte das empresas, também por motivos de segurança e de negócios.
Mas esses cabos são fruto da localização geográfica diferenciada do Ceará, que atraiu até outros setores que buscam se beneficiar disso, como o de logística. Porto e ar. É o caso do complexo do Pecém. O complexo industrial, que também inclui o porto, tem como parceiro o porto de Rotterdam.
Isso porque o Ceará é uma rota para a América do Norte e até mesmo para a Ásia pelo Canal do Panamá.
Da mesma forma, a Fraport da Alemanha, uma das maiores operadoras aeroportuárias do mundo, está participando da concessão do nosso aeroporto internacional, também por sua posição logística diferenciada.
Nos últimos tempos, começamos a ver um interesse ainda maior [na infraestrutura de telecomunicações] e o estado passou a desenvolver estratégias para maximizar os resultados dessa vantagem e colher o máximo dos benefícios dessa atratividade.
BNamericas : De que forma?
Cavalcante : Uma das políticas que foi desenvolvida foi aumentar a conectividade interna.
Há alguns anos, o governo começou a investir em um backbone estadual, denominado Cinturão Digital , que já abrange mais de 16 mil quilômetros de fibra óptica. Um par de fibra desse backbone foi concedido a um consórcio de provedores locais de Internet, alguns dos quais agora são muito grandes, como Brisanet , Wirelink e Mob Telecom, para a implantação de redes de fibra para casa de última milha.
Esse investimento privado na última milha levou o Ceará hoje a ter mais de 80.000km de fibra, rede que se estende também aos estados vizinhos do Norte, Nordeste e até estados do Centro-Oeste.
Segundo dados da [reguladora] Anatel , o Ceará é hoje o estado com o maior número de municípios com 75% ou mais de sua área coberta por banda larga.
Existem 185 municípios com essa característica no Brasil. Destes, 82 estão no Ceará.
Tudo isso, ligado à estrutura externa de cabos submarinos, faz do Ceará um caminho natural não só para municípios locais, mas para outros estados chegarem a essa internet de alta velocidade com o mundo.
Paralelamente a isso, a estatal de tecnologia da informação e comunicação [ Etice ] começou a construir uma estratégia para atrair datacenters internacionais, grandes provedores de serviços em nuvem, aproveitando a proximidade de cabos submarinos e de conectividade interna.
BNamericas : Como funciona essa estratégia?
Cavalcante : O setor público cearense tem o compromisso de ser seu cliente. O governo, por meio de decreto do governador, estabeleceu que o setor público não vai mais investir na construção de datacenters e servidores próprios. Em vez disso, ele contratará um serviço em nuvem. E não apenas infraestrutura em nuvem, mas também aplicativos de software como serviço.
A secretaria de saúde, por exemplo, pode contratar uma solução de controle de prontuários em nuvem de empresas credenciadas para esse processo.
Entre eles estão empresas como Google , IBM , AWS , Microsoft , Oracle ... os principais fornecedores de servidores em nuvem do mundo.
BNamericas : Mas esses provedores que você mencionou não têm datacenters em Fortaleza, têm?
Cavalcante : Em contrapartida, eles têm a obrigação, no prazo de dois anos, de construir seu próprio datacenter - investindo pelo menos o mesmo valor que contratou - ou então utilizar os datacenters instalados no estado para fornecer os serviço.
BNamericas : O que eles estão optando?
Cavalcante : Existe uma mistura entre os dois modelos. Alguns estão optando por seus próprios investimentos em datacenter e outros estão optando por utilizar estruturas de datacenter já instaladas no estado para fazer a colocação [instalação de servidores].
AWS, Oracle e Microsoft estão usando datacenters de terceiros, mas estamos discutindo com eles eventuais investimentos em datacenters próprios no estado do Ceará.
Além disso, a Etice cearense passa a ser integradora desses serviços. Isso significa que, como empresa pública, pode oferecer esses serviços em nuvem a qualquer órgão público do país, seja ele municipal, estadual ou mesmo federal.
BNamericas : Você pode dar um exemplo?
Cavalcante : Existe uma solução para juntas comerciais hospedadas em uma nuvem no Ceará que atende seis estados, passando para oito, incluindo estados até o Rio Grande do Sul.
Cada parte da abertura de um negócio - ou seja, a documentação, a integração, inclusive com o município - pode contar com essa solução oferecida pela Etice do Ceará por meio da infraestrutura em nuvem de provedores locais.
Também é importante dizer que, nesse processo de credenciamento [das empresas de nuvem], existem outras obrigações e contrapartidas necessárias, como a capacitação de pessoas em tecnologias e também o apoio a startups cearenses.
BNamericas : Existem outras políticas em vigor para facilitar ou atrair esses investimentos?
Cavalcante : Eu diria que em relação aos cabos, a própria localização geográfica gera atratividade.
Existem estados tentando alocar recursos do governo para esses projetos. Aqui, mesmo sem o governo colocar recursos diretos, os projetos continuam chegando.
Mas, obviamente, o que podemos trabalhar em termos de estratégia, especialmente para datacenters, estamos desenvolvendo.
O fato é que essas empresas buscam estabilidade política e regulatória ...
BNamericas : Zonas livres de desastres naturais, fornecimento constante de energia…
Cavalcante : Exatamente. Outro ponto importante é a questão das energias renováveis.
E aqui o nosso potencial de geração de energia é imenso, sem falar que temos um programa de incentivo às energias renováveis. E, recentemente, o Ceará avançou na questão do hidrogênio verde .
Um dos motivos foi justamente porque o estado foi pioneiro em energia eólica e solar. E não tem apenas os parques energéticos, mas também uma indústria manufatureira que floresce na esteira desse potencial.
Temos um dos maiores produtores de turbinas eólicas do mundo, a dinamarquesa Vestas , instalada no Ceará, fabricando a turbina mais potente em funcionamento hoje no Brasil.
Também já temos projetos de usinas offshore, que geram cinco vezes mais energia do que as onshore.
Tudo isso também gera atratividade. Porque a energia é um insumo muito importante para datacenters. Essas empresas são grandes consumidoras de energia e estão sendo pressionadas, muitas delas, a ter metas de sustentabilidade de curto prazo, a se tornarem ambientalmente corretas.
Tenha acesso à plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina com ferramentas pensadas para fornecedores, contratistas, operadores, e para os setores governo, jurídico e financeiro.
Notícias em: Infraestrutura (Brasil)

Por que a IFC está otimista sobre PPPs na América Latina e no Caribe
Emmanuel Nyirinkindi, vice-presidente de soluções transversais da IFC, conversou com a BNamericas sobre iniciativas na região e o cenário geral.

Governo brasileiro prepara leilão de participação 49% da Infraero no aeroporto do Galeão
O Galeão é atualmente operado pela RioGaleão, uma concessionária da qual a Changi Airport Group detém 51% e a estatal brasileira os 49% restantes.
Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.
Outros projetos em: Infraestrutura (Brasil)
Tenha informações cruciais sobre milhares de Infraestrutura projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.
- Projeto: Expansão da Linha 9-Esmeralda da CPTM
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Aeroporto J. Malucelli
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Linha 17 (Ouro) do Metrô de São Paulo (monotrilho)
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: VLT de Brasília, primeira etapa
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Manutenção, recuperação e ampliação da rodovias BR-116, BR-324 e BA-526/528
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Projeto Doca Leste (Moegão, Cais Leste)
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Ferrovia Teresina–Luís Correia (EF-404)
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Nueva terminal SSB 01 del Puerto de São Sebastião
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Extensão da linha 2 (Verde) do Metrô de São Paulo, Padre João – Castel Branco (Etapa II)
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
- Projeto: Mossoró
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 meses atrás
Outras companhias em: Infraestrutura (Brasil)
Tenha informações cruciais sobre milhares de Infraestrutura companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.
- Companhia: Pátria Investimentos Ltda.  (Pátria Investimentos)
-
O Pátria Investimentos Ltda., Antigo Patrimônio Planejamento Financeiro, é uma holding de investimentos brasileira criada em 1988, especializada em private equity, imobiliário, ...
- Companhia: Consórcio Hollus - Astep/BA
- Companhia: Consórcio CCL - LCM - PSO - Prodec
- Companhia: LZA Engenharia
-
A descrição contida neste perfil foi extraída diretamente de uma fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores da BNamericas, mas pode ter sido traduzida aut...
- Companhia: Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A.  (OECI)
-
A Odebrecht Engenharia e Construção, parte do conglomerado multinacional brasileiro Odebrecht, foi criada em 2014 para atuar como holding não operacional das subsidiárias de eng...
- Companhia: Tecna Brasil Ltda.  (Tecna Brasil)
-
Tecna Brasil é a filial local da Tecna da Argentina que fornece projetos EPC para as indústrias de petróleo e gás, mineração, nuclear e biocombustíveis. Tecna faz parte do grupo...
- Companhia: Consorcio Via Brasil MT-246
-
A descrição incluída neste perfil foi tirada diretamente de uma fonte de IA e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores da BNamericas. No entanto, pode ter sido traduzid...
- Companhia: Governo do Estado do Ceará
-
O governo do estado do Ceará cobre 184 municípios e 8,7 milhões de residentes no Nordeste do Brasil. Desenvolve políticas e projetos por meio das secretarias de infraestrutura, ...
- Companhia: Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia  (Sedur)
-
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Governo da Bahia é um órgão estadual brasileiro que atua na formulação e implementação de políticas de habitação, resíduos sólidos, mob...