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'Somos a maior empresa do mundo em conectividade óptica'

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'Somos a maior empresa do mundo em conectividade óptica'

Tradicional fabricante de transceptores ópticos, equipamentos usados para iluminar redes de fibra óptica, a belga Skylane Optics anunciou novos investimentos para aumentar sua capacidade de montagem e distribuição na América Latina.

A empresa começou a atuar na região em 2012, após se estabelecer no Brasil. Em 2014, considerou expandir por meio da compra da fabricante brasileira de chipsets BrPhotonics, uma JV malsucedida tentada pelo CPQD do Brasil e pela empresa norte-americana GigOptix.

A Skylane reclamou que sete meses depois de fazer uma oferta pelas instalações industriais, não obteve resposta e desistiu do negócio , focando desde então no crescimento orgânico.

Anos se passaram até que a Skylane foi adquirida este ano pelo grupo norte-americano Halo Technology , fabricante mundial de transceptores de fibra óptica cujo portfólio inclui as marcas de comunicação óptica Addon, ProLabs, Proline, Solid Optics e Aria Technologies, aumentando sua capacidade de investimento.

O BNamericas conversou com Rudinei Carapinheiro (na foto), diretor de novos negócios da Skylane Optics Brasil, e com Hermano Albuquerque, chefe da Halo Technology para a América Latina, sobre os planos da empresa para a região.

BNamericas : Skylane anunciou investimentos para aumentar suas operações locais, após sua aquisição pela Halo Technology. Em 2014, Skylane se interessou pelos ativos da BrPhotonics no Brasil. O que aconteceu de então até agora?

Carapinheiro : A BrPhotonics era uma empresa totalmente pronta para operar. Um ativo muito bom. Isso colocaria o Brasil em um nível muito mais alto. Mas depois que esse negócio não avançou, Skylane adaptou sua operação junto com sua sede na Bélgica.

Nos preparamos, não só no Brasil, mas na Europa, para estarmos prontos para as novas demandas que viriam, como o 5G. Temos muito para expandir no Brasil em conectividade de fibra óptica, antes mesmo que a fibra chegue às antenas 5G.

Depois veio a pandemia, que do ponto de vista da digitalização foi um preâmbulo ao 5G, uma tecnologia que vai trazer ainda mais crescimento para o segmento de redes e fibra óptica.

BNamericas : Você comprou outra empresa localmente ou estruturou o negócio por conta própria?

Carapinheiro: Não compramos ninguém no Brasil. Ao contrário, estruturamos todo o negócio junto com a matriz e fomos nos capacitando junto com novos parceiros, como a Halo.

Albuquerque : Para nós da Halo foi uma integração muito feliz. A Halo já estava se expandindo pelo mundo como uma empresa focada em conectividade de fibra óptica. Já possuiu algumas empresas ligadas a soluções ópticas.

Então viu a oportunidade de fazer uma expansão muito grande na América Latina com a presença que a Skylane tinha não só no Brasil mas em outros países da região e decidiu fazer essa integração.

Antes da aquisição, a Halo não tinha presença na América Latina, um dos mercados de telecomunicações que mais cresce no mundo. Estamos em posição de destaque no grupo porque a unidade LatAm é uma das que mais cresce em termos percentuais.

Skylane, por sua vez, viu uma oportunidade de ter esse novo suporte financeiro para crescer. Um acordo ganha-ganha.

BNamericas : Certo, então em quais mercados da região o Halo / Skylane opera agora?

Albuquerque : Temos escritórios no México, Colômbia e Brasil, que é o nosso principal na região.

Além desses escritórios, temos operações em vários países da região. Também vendemos para Peru, Chile, Guatemala, Honduras, Costa Rica, Panamá e Bolívia.

Em geral, nossos clientes na América Central são atendidos por nosso escritório na Colômbia, diretamente e ocasionalmente por um ou outro parceiro. Mas não temos parceiros em todos os países. Estamos até em fase de expansão comercial.

No Brasil, atendemos principalmente nossos clientes diretamente. Mas também contamos com parceiros comerciais locais e fechamos novas parcerias este ano no país.

BNamericas : Onde é fabricado o equipamento que abastece todos esses mercados?

Albuquerque : Depois que a Halo adquiriu a Skylane, cuja sede era na Bélgica, isso deu a oportunidade de trazer mais produtos para o Brasil, pois a Halo tem centros de produção na Califórnia, no Reino Unido, além da operação da Skylane na Bélgica.

Assim, pudemos nos beneficiar de um estoque muito maior trazendo produtos desses países. Isso foi importante durante a pandemia, para atender às necessidades de nossos clientes.

BNamericas : Considerando toda a dificuldade logística, o alto custo do frete, FX, etc, não faria sentido ter produção local?

Albuquerque : A produção de transceptores ópticos é extremamente complexa, poucos países dominam essa tecnologia.

Mas neste momento estamos ampliando nossa sede aqui em Campinas [SP], mudando para um novo espaço, bem maior.

O objetivo com isso é, um, triplicar o tamanho do estoque. Teremos muitos mais produtos no Brasil.

E em segundo lugar, agora seremos o quarto centro de distribuição mundial do Halo. Campinas agora se torna um hub para toda a América Latina.

BNamericas : Esse hub será apenas para montagem?

Albuquerque : Sim. Existem eletrônicos miniaturizados, como o laser, que o Brasil ainda não domina.

Mas todas as partes da montagem, avaliação da qualidade, programação, suporte e QA final são feitas localmente. Somos a única empresa do setor na América Latina a contar com esse tipo de estrutura.

Antes, trazíamos produtos para o Brasil e vendíamos apenas para o Brasil. Trouxemos produtos para a Colômbia e vendemos apenas para a Colômbia e para países da América Central. Agora, estamos aumentando nossa capacidade de montagem e centralizando tudo no Brasil.

Não teremos mais operações independentes na América Latina. Vamos centralizar o suporte no Brasil.

Carapinheiro : O tamanho do nosso prédio ficou muito pequeno com o aumento da demanda do mercado. Agora teremos muito mais funcionários e um estoque muito maior.

BNamericas : Quando será a inauguração das novas instalações?

Carapinheiro: O soft opening será em janeiro, entre os dias 10 e 15. E então começaremos a preparar a instalação das máquinas e tudo o mais.

Estamos prevendo o boom em conectividade óptica que o 5G e também os datacenters, que também exigem muita fibra, trarão.

BNamericas : Quem são seus principais concorrentes?

Carapinheiro : Skylane está focado na parte de transceptores ópticos, que são usados para iluminar fibra óptica. Nesse sentido também trabalhamos com Infinera , Cisco , Datacom, Huawei , Fiberhome, Padtec , todos esses players.

Não temos um concorrente específico. Em vez disso, temos um valor de aliança com essas marcas.

Albuquerque : Essas empresas costumam ser nossas parceiras. Nossos clientes compram um switch, por exemplo, da Infinera e o complementam com nosso receptor óptico. Esses dispositivos funcionam juntos.

Carapinheiro : A Padtec, por exemplo, fabrica transponders ópticos, dentro dos quais vai embutido um transceptor óptico.

Vale ressaltar que o modelo RAN aberto - redes abertas interoperáveis - é outro driver para que nossos produtos tenham uma penetração ainda maior no mercado.

A tecnologia da Skylane já é compatível com todos os switches, roteadores disponíveis no mercado.

BNamericas : De todos os segmentos, onde estão os principais drivers de crescimento do Skylane?

Albuquerque : Temos grandes oportunidades de crescimento. Em primeiro lugar, temos uma infinidade de novas empresas e provedores de serviços de Internet implementando novas redes de fibra ótica, que demandarão novas soluções e precisarão de conectividade ótica.

Além disso, há uma grande quantidade de rede de fibra ótica já implantada. Com o aumento da demanda por capacidade, os provedores de serviço não precisam necessariamente construir novas redes, mas apenas atualizar a largura de banda.

Digamos, aumentando a capacidade de tráfego de dados da rede de 1 Gbps para 10 Gbps ou de 10 Gbps para 100 Gbps. Para fazer isso, as empresas compram um transceptor óptico.

BNamericas : Que tipo de empresas do setor são seus principais clientes? Grandes operadoras, ISPs, datacenters?

Carapinheiro : A Skylane foi fundada no Brasil em 2012 e fomos um dos pioneiros na área de transceptores ópticos. Começamos nosso negócio com ISPs.

Depois conseguimos entrar no segmento tier 1, ou seja, das grandes teles. E hoje estamos dentro de datacenters também. Ouso dizer que quase todos os datacenters, os mais famosos e importantes do mercado local, contam com nossa tecnologia.

Mas também estamos em cabos submarinos e projetos governamentais, hospitais. Tudo isso requer fibra e conectividade óptica.

Como observação, os transceptores ópticos do Skylane foram usados na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos no Brasil. Meus filhos na Bélgica assistiram aos jogos da Copa do Mundo em tecnologia 4K, 8K, graças aos transceptores Skylane.

Albuquerque : O Brasil tem 14.000 provedores de serviços de Internet registrados na Anatel [regulador]. Destes, cerca de 6.000 a 7.000 devem ser os efetivamente operacionais. É um universo de oportunidades. E temos centenas deles como clientes, incluindo todos os principais ISPs.

No final de 2020 começamos a crescer fortemente no segmento tier 1 e no mercado de datacenter.

Eu diria que nos últimos 12 meses deveríamos ter agregado pelo menos 120 novos clientes.

BNamericas : Não tendo fabricação local, você não teve problemas em entregar produtos a todos esses clientes durante a pandemia?

Carapinheiro : Nos preparamos com nossa sede na Bélgica, que antecipou o aumento da demanda por mais capacidade de banda larga por parte dos provedores de serviço durante o início da pandemia na Europa.

Então, sabíamos que essa demanda por transceptores ia explodir quando a pandemia chegasse ao nosso litoral, e nos preparamos com uma boa quantidade de estoque para atender nossos clientes.

Conseguimos atendê-los nos mais diversos cantos do Brasil em condições excepcionais, no melhor prazo de entrega possível. Em alguns casos extremos, a entrega demorou mais. Em outros, não.

BNamericas : Quais são as suas expectativas de demanda?

Albuquerque : A nossa expectativa de crescimento em volume é enorme. O mercado brasileiro de telecomunicações como um todo gera cerca de 50 bilhões de reais [cerca de US $ 10 bilhões] em receitas.

Se você olhar apenas para o leilão 5G , a Anatel espera que as empresas invistam de R $ 45 bilhões a R $ 50 bilhões no país. Metade disso refere-se à obrigação inerente ao processo de leilão.

Portanto, temos outros R $ 25 bilhões para gastos com telecomunicações, sem considerar as obrigações do leilão. Isso envolve a construção de torres, dutos, fibra, software, etc.

Desse total, esperamos que cerca de 2,5 bilhões de reais no Brasil correspondam à infraestrutura de fibra óptica nos próximos três a quatro anos. Este é o nosso mercado endereçável.

Carapinheiro : Não se esqueça dos datacenters também.

Porque para obter todos os benefícios dos carros conectados e outras aplicações de alto nível que estão por vir, precisamos de datacenters espalhados pelo território, precisamos de nano datacenters, para reduzir a latência o máximo possível.

O inimigo do datacenter é a latência. Para ter a menor latência possível na computação de ponta, você precisa de fibra óptica. E cada pequena porta em um switch de rack de datacenter precisa de transceptores ópticos.

BNamericas : Quanto o grupo está investindo no Brasil e na região?

Albuquerque : Temos uma série de investimentos planejados.

Nesse primeiro momento, que envolve a ampliação física do site, estoque, software, estamos falando de US $ 5 milhões na nova sede. Ao longo do ano, teremos investimentos adicionais.

Além disso, como o grupo Halo está se fundindo com a Amphenol [um provedor com sede na Califórnia de componentes de interconexão de fibra óptica ativa e passiva], isso nos dará ainda mais capacidade de investimento.

Eu diria que hoje somos definitivamente a maior empresa do mundo em conectividade óptica. E a força que ganhamos para expandir no Brasil e na região é enorme.

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