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‘A NEC defende a plataforma aberta, a arquitetura aberta, como uma nova possibilidade em relação aos três vendors tradicionais’, diz CTO

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‘A NEC defende a plataforma aberta, a arquitetura aberta, como uma nova possibilidade em relação aos três vendors tradicionais’, diz CTO

Um dos principais integradores de telecomunicações do mundo, a japonesa NEC está de olho em open RAN, um fenômeno que promete diversificar o mercado de fornecedores de software e hardware para telecomunicações por meio de um ecossistema aberto e desagregado.

Forte em redes, o grupo vê as plataformas abertas como uma janela para uma área onde Ericsson, Huawei e Nokia ainda dominam.

A NEC já tem na Telefónica um de seus principais clientes para a integração de aplicativos RAN abertos – inclusive na América Latina, principalmente no Brasil, segundo Roberto Murakami, CTO da NEC na região.

Além do open RAN, os principais clientes da NEC na região também incluem outras empresas multinacionais de telecomunicações líderes: América Móvil, Millicom e Liberty Latin America.

O integrador também aposta em outras arquiteturas de rede orientadas para 5G, inclusive com o segmento empresarial, sem perder de vista a demanda de atualização de redes 4G LTE, juntamente com sistemas de transporte de dados terrestres e submarinos, e muito mais.

BNamericas: Quais são as perspectivas da NEC para o negócio de integração na América Latina, agora com o crescimento de redes privadas, network slicing e 5G?

Murakami: Integramos equipamentos de vários fabricantes, como Cisco, Juniper etc. Em alguns países somos mais fortes com alguns parceiros que em outros.

Há cerca de um ano e meio regionalizamos a operação. Antes da regionalização, cada país estava muito voltado para a sua própria operação, tinha seu próprio time de engenharia. O que fizemos foi centralizar. Eu tenho funcionário no Mexico, na Colômbia, no Chile e na Argentina que trabalham com o mesmo tipo de solução de rede, com o mesmo parceiro.

Isso deu um ganho de escala para gente nas operações com os clientes-finais que operam regionalmente, como Telefônica, América Móvil, Millicom, VTR e GTD. Estes clientes têm operação em mais de um país. A gente tratava isso de forma muito individual. Hoje temos um único time trabalhando de forma integrada junto com eles. Esta foi uma das últimas mudanças de estrutura que a gente fez.

BNamericas: Qual foi o foco?

Murakami: Há muitas tendências tecnológicas. Hoje se fala muito em network slicing, que é colocar indiciadores ou service level agreements (SLAs) diferentes para cada serviço na rede.

E isto precisa de automação, que é outra tendência importante. Fazer o gerenciamento da rede de forma quase automática. Todos os clientes estão trabalhando nisso. Não é widespread, não é um movimento intenso, mas estamos nesse caminho com eles.

Outra tendência na qual que estamos trabalhando é a desagregação da rede, trabalhar com servidores e software diferentes. O open RAN é isso, faz parte dessa tendência. A NEC defende a plataforma aberta, a arquitetura aberta, como uma nova possibilidade em relação aos três vendors tradicionais.

Estamos trabalhando com software também em uma arquitetura virtualizada. Você padroniza os blocos da rede e consegue trabalhar a rede em cloud, em datacenter privado, ou ambos, e de forma bem estruturada e privada.

Caso seja preciso fazer atualização, mudança de versão, isto é feito de uma forma bem suave na rede. Todas as operadoras estão trabalhando com isso, e vamos com parceiros com focos diferentes nessa proposta.

No geral, todos os clientes querem redução de custo operacional e melhora da qualidade da experiência do usuário final. Cada vez mais a indústria está buscando uma rede auto-gerenciável, auto-sustentável.

BNamericas: E o 5G?

Murakami: As empresas estão apostando muito no potencial do 5G para esse tipo de arquitetura mais avançada, mas é preciso ir com calma.

Tem muita coisa relacionada à IoT, por exemplo, que, dependendo da aplicação, não requer necessariamente 5G. É possível fazer uso de conectividade IoT em 4G LTE, mesmo em uma rede mais simples, LoRa.

“O 5G vai resolver os problemas da humanidade.” Não é bem assim. O 5G, como uma tecnologia inicial, é mais cara que o 4G. Se antes uma empresa não apostava no 4G por questões de custo, vai apostar no 5G? Essas equações ainda estão para serem fechadas. Mas as coisas estão avançando.

BNamericas: Você mencionou a desagregação das redes, o open RAN, e como diferentes grupos de telecomunicação com os quais vocês trabalham estão em diferentes estágios nessa jornada. Pode detalhar essa adoção?

Murakami: É tudo uma questão de com quem você conversa nas empresas. O time operacional das operadoras é mais reticente em colocar equipamentos novos, com os quais não se tem tanta familiaridade. 

A engenharia vai querer testar, comparar etc. A parte tecnológica e administrativa vai querer saber sobre redução de custos, qual vai ser o total cost of ownership (TCO). Tudo acaba dependendo de qual área tem mais força nessa discussão.

Por isso existem clientes e clientes, em vários estágios. Há clientes que gostam de ser first-movers, há clientes que preferem esperar para ver o resultado das implementações na concorrência. Mas todos estão buscando informações e avaliando, e algumas estão partindo para contrato e implementação.

BNamericas: Quais, por exemplo?

Murakami: Temos contrato com a Telefônica [Brasil], que tem muita influência da matriz na Espanha, com quem já trabalhamos. Temos uma relação direta com a equipe de tecnologia de lá.

Eles acabam dando o norte. Obviamente, inicialmente houve uma certa resistência da operação local em colocar equipamentos novos.

BNamericas: E as demais operadoras com quem vocês costumam trabalhar, como América Móvil, Millicom etc.?

Murakami: Eles estão em fase de testes, field trial. Nesse sentido [sobre open RAN], a Telefónica é uma das avançadas. Já temos outros contratos referentes a equipamentos desagregados com eles, equipamentos óticos.

BNamericas: Isto também se aplica a outras operações da Telefónica na América Latina?

Murakami: Continuamos conversando com eles. Hoje já vemos mais interesse e um contato maior por parte da engenharia e planejamento da Telefónica [HispAm] com a matriz na Espanha.

BNamericas: E com relação às demais operadoras, com footprint internacional menor, como GTD?

Murakami: No geral está todo mundo em como implementar o 4G plus, através de carrier aggregation, e em como migrar isso para 5G. O ritmo depende da disponibilidade da rede 5G por país. Mas todos estão interessados em open RAN. Vemos muito interesse em conhecer a arquitetura.

Essas operadoras estão apostando no modelo principalmente para B2B. As aplicações de 5G para uso pessoal, até agora, não demandam muito. As pessoas não veem no geral uma necessidade de 5G, de mais banda, para mandar WhatsApp, vídeos, fotos. Não é isso.

A operadora, que vai ter que investir alto em 5G, para expandir a rede e cumprir as metas cobertura, vê o usuário final não demandando a tecnologia. E com isso ela pode demorar para pagar os investimentos em 5G, sem ter nem terminado de pagar o 4G.

Então elas procuram mudar o modelo de negócio. Daí a aposta na automação industrial, indústria 4.0, IoT, agricultura, minas etc. A operadora está pensando: “Vou ter que entrar no mecardo B2B, vou ter que entrar nesse mercado vertical.”

Aí entra o integrador, o ecossistema. Porque não é possível [para a operadora] address todas as verticais, fim a fim. É preciso entender o negócio da vertical. Ter especialistas dedicados a isso.

BNamericas: Como estão os negócios relacionados a redes privadas?

Murakami: Há diferentes modelos. Eu divido os formatos em rede pública, rede privada, e rede local. A rede pública é a própria rede comercial. A rede privada é onde a operadora vai lá, monta uma rede para a empresa, mas ela está conectada com a rede pública, você faz o roaming e handover para a rede pública.

A rede local eu entendo mais como a rede privada própria, sem operadora, montada pela própria empresa.

O foco principal nesse momento da NEC Corporation, no mundo, é trabalhar com operadora, rede pública. Montar redes móveis, com bandas licitadas, para operadoras.

No caso das redes privadas, temos cases com clientes enterprise que estão pedindo soluções para nós, e estamos montando [as redes]. E tem casos em que a operadora faz uso de um integrador para esses projetos.

BNamericas: Quantos são esses projetos de redes privadas, na região, dos quais a NEC está participando?

Murakami: Eu diria que cerca de uma dezena.

Há vários elementos em questão. Porque quando a gente vai para uma enterprise de médio porte, geralmente já há uma cobertura wi-fi rodando na área. Depois, tem o tema do WiFi-6, questões de segurança, roaming nessas áreas.

De forma geral, há uma ponderação de vantagens e desvantagens de ter uma rede local, uma rede 4G ou 5G, versus uma cobertura wi-fi, e os benefícios da primeira em relação às aplicações que se precisa rodar. Porque se for conectividade entre as pessoas em geral, wi-fi dá conta.

O que estamos fazendo neste momento, nos dedicando, é o projeto do Hospital das Clínicas [em São Paulo]. É 5G, é open RAN. É um projeto pequeno, cobre duas salas no hospital, e vai fazer a conexão de máquinas de raio-x e ultrassonografia.

BNamericas: Como está isso? O hospital já mencionou planos para cirurgia robótica, para coisas mais avançadas.

Murakami: Já está em operação. Agora eles estão considerando, dado que já há a rede e a plataforma, outras aplicações. Telemedicina, diagnóstico à distância, treinamento. Elas vão depender do sucesso das aplicações iniciais.

Os primeiros resultados são promissores, mas foi complexo esse projeto. É um aprendizado constante com os diferentes players envolvidos.

BNamericas: No Open RAN vocês estão trabalhando prioritariamente com que parceiros?

Murakami: Trabalhamos com os grandes, Altiostar, Mavenir. A Altiostar foi adquirida pela Rakuten, e trabalhamos com a Rakuten em alguns projetos. Isto na parte de software.

Na parte de frequência, trabalhamos com vários. Além da própria NEC, que fornece também esses equipamentos, trabalhamos com Comba, KMW, que foi com quem trabalhamos na Vivo; Airspan. Vai depender do tipo de projeto e aplicação.

BNamericas: Vocês anunciaram recentemente um projeto com a Infinera para as redes da Neutral Networks do México aos EUA. Como está esse projeto?

Murakami: No México, nosso principal cliente é a própria Telmex e Telcel [da América Móvil]. Esse contrato foi importante para expandirmos nosso market share no país, para levar conectividade aos EUA.

A Infinera no México é nosso grande parceiro. Somos fortes integradores de Infinera, para DWDM e para redes IP.

BNamericas: Qual é o tamanho atual das operações LatAm? Quantos clientes vocês possuem?

Murakami: Falando de operadoras, estamos com as principais, já mencionadas – todas as grandes. A V.tal, no Brasil, agora também é um grande cliente nosso. Considerando o segmento enterprise também, além de operadoras, só no Brasil temos mais de mil clientes.

Tem grandes projetos, projetos menores. A parte de biometria, POS para retailer, unified communications.

A NEC fatura no mundo torno de US$ 26 a 27 bilhões. A nossa operação na América Latina gira em torno de US$ 500 milhões, a depender da variação FX. Se contar os negócios que a NEC Corporation realiza diretamente na região, como os cabos submarinos, esse número aumenta.

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