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A revitalização do setor petrolífero da Venezuela chegou ao fim?

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A revitalização do setor petrolífero da Venezuela chegou ao fim?

Este mês, Washington revogou uma licença que aliviava, de forma temporária, as sanções ao setor de hidrocarbonetos da Venezuela, após o presidente Nicolás Maduro descumprir os compromissos assumidos no acordo eleitoral.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos ordenou que as empresas de petróleo e gás “encerrassem” suas operações no país membro da OPEP em até 45 dias, mas disse que novas licenças poderiam ser emitidas caso a caso.

José Chalhoub, consultor da Venergy Global e da Orinoco Research, conta para a BNamericas como isso impactará a Venezuela e as empresas petrolíferas que operam no país.

BNamericas: A decisão dos Estados Unidos frustra os planos da Venezuela de revitalizar sua sofrida indústria de petróleo e gás?

Chalhoub: Isso, de certa forma, já era esperado. Uma porta se fechou, mas algumas janelas se abriram. Por trás das questões legais, ainda há oportunidades que podem ser aproveitadas por meio de licenças especiais e permissões emitidas por Washington.

Ainda haverá oportunidades. Não é conveniente para os Estados Unidos terem diferentes países sancionados, considerando o desempenho do mercado global e a como a OPEP segue com os seus cortes de produção.

Dito isto, muitas pessoas, inclusive eu, esperavam por isso. Agora, as empresas têm 45 dias para saírem do país ou para solicitarem uma licença individual. A oposição também poderá aproveitar este momento para escolher um candidato e fechar um acordo final [para participar nas eleições presidenciais de julho]. É por isso que Washington está pressionando.

BNamericas: Sabemos que a decisão não afeta a capacidade da Chevron de produzir petróleo venezuelano e exportá-lo para os Estados Unidos. Mas o que isso significa para as empresas europeias com presença no país, como Repsol, Eni e Maurel & Prom? Elas solicitarão licenças individuais para continuar operando na Venezuela? E Washington atenderá?

Chalhoub: Vimos que a Repsol acaba de assinar um novo acordo com a [companhia petrolífera estatal venezuelana] PDVSA para expandir a exploração por meio da sua joint venture Petroquiriquire. Portanto, as intenções de ambas as empresas estão claras.

Uma das primeiras empresas a explorar petróleo leve na Venezuela foi a Repsol, no estado de Zulia. A empresa tem uma presença importante na Venezuela há muitos anos e não há dúvidas de que buscará manter suas operações no país. Acredito que a Eni fará o mesmo.

BNamericas: Você acredita que os Estados Unidos aceitarão seus pedidos?

Chalhoub: Sim, acho que sim. Acredito que darão preferência às empresas europeias que já têm presença na Venezuela. Além da Repsol e da Eni, há a Maurel & Prom.

E, claro, Shell , BP e NGC [de Trinidad e Tobago] são outras empresas que pretendem avançar com os seus planos para desenvolver grandes recursos de gás na costa da Venezuela.

Saberemos mais sobre essa situação nas próximas semanas e meses, mas a expectativa é que os Estados Unidos aprovem licenças para esses projetos, pois isso seria do interesse de todos.

BNamericas: As empresas de petróleo e gás estão menos otimistas agora em relação à Venezuela do que quando as sanções foram amenizadas em outubro?

Chalhoub: Acho que o otimismo permanece. Para a Chevron, produção tem aumentado lentamente, mas houve uma recuperação. De acordo com o último relatório da OPEP, a produção caiu, mas no geral houve uma tendência positiva [desde que a Chevron retomou as operações no país no final de 2022].

A produção [nacional] aumentou de cerca de 500 mil barris por dia para mais de 800 mil barris por dia. A Venezuela é uma perspectiva atraente para a Chevron e outras empresas. E acho que está claro que a Venezuela tem interesse em ter essas empresas presentes no país.

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