América Latina pode seguir regulamentação de Europa e EUA para bombas de calor

No ano passado, o Uruguai, campeão de energia limpa da América Latina, disse que queria desenvolver um projeto piloto geotérmico de baixa entalpia.

O governo uruguaio, em conjunto com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, afirmou que buscará propostas e manifestações de interesse.

Os recursos de energia geotérmica de baixa entalpia – a terra ou as águas subterrâneas – podem ser usados como bombas de calor para aquecer e resfriar casas, fábricas e estufas, entre outras aplicações, apoiando unidades de eficiência energética.

Simplificando, as bombas de calor usam eletricidade para transferir calor de um espaço frio para um espaço quente e vice-versa. Uma alternativa energeticamente eficiente aos fornos e unidades tradicionais de ar condicionado, as bombas de calor estão sendo defendidas nos EUA e na Europa como uma ferramenta para reduzir as emissões de carbono produzidas pelo aquecimento e resfriamento de edifícios.

Para saber mais sobre bombas de calor e a situação geral na América Latina, a BNamericas conversou com George F. Calienes, vice-presidente sênior da Daikin Applied Americas, uma unidade norte-americana da empresa japonesa de ar condicionado e clima Daikin.

BNamericas: Em geral, qual é o apelo das bombas de calor? Existem desvantagens em relação a outros sistemas?

Calienes: Existem vários fatores que as tornam muito atraentes. Para começar, elas têm muitas vantagens a nível ecológico, pois são mais eficientes quando comparadas aos produtos petrolíferos. Com a crescente demanda para se afastar dos combustíveis fósseis, acreditamos que as bombas de calor podem ajudar os governos a atingir as metas de redução de emissões, garantindo conforto e sustentabilidade para os consumidores em todo o mundo. Observe que as bombas de calor eliminam a necessidade de produzir calor usando métodos de combustão padrão, reduzindo assim as emissões diretas de CO₂ associadas ao sistema de aquecimento e resfriamento.

Além disso, o mesmo sistema oferece a opção de refrigeração e aquecimento. Não só isso, hoje a Daikin é pioneira na utilização de bombas de calor para aquecimento ambiente e também para aquecimento de água. Antes, uma desvantagem poderia ser a própria natureza da bomba de calor: a unidade externa absorve o calor do ar externo e o transfere para o espaço interno. Em mercados de temperatura muito baixa, a bomba de calor não era ideal porque quando estava muito fria não criava um calor robusto. Através das tecnologias Daikin foi possível melhorar a produção de calor mesmo a baixas temperaturas. Isto torna a bomba de calor a principal fonte de aquecimento e produção de água quente – outra vantagem que estamos vendo agora e que é muito interessante.

BNamericas: Que oportunidades a Daikin vê para o uso de bombas de calor na América Latina? E quais são os drivers?

Calienes: Ainda não é um produto reconhecido. Acreditamos que a ideia é aceita quando explicada, mas não houve um foco muito forte em bombas de calor. O que vemos, no entanto, é que todas as residências e edifícios requerem água quente, não importa onde estejam. Há uma atração extra importante ali, muito mais agora, em tempos em que o preço do petróleo está tão alto.

A gasolina hoje custa mais, então isto é uma vantagem: é mais barato. Hoje começa a migração para os carros elétricos, o mesmo acontece nos sistemas de ar condicionado. No Chile, as bombas de calor estão sendo cada vez mais usadas. Se você for para o sul, onde há climas mais severos, a bomba é inicialmente menos atraente até que as pessoas entendam suas contribuições e vantagens. Se você for a Santiago, terá um mercado perfeito.

BNamericas: Em relação ao nível de uso/penetração das bombas de calor, quão avançada é a América Latina em comparação com os países da Europa Ocidental, por exemplo?

Calienes: A Europa percorreu um longo caminho nessa direção. Estamos pressionando a questão com base nas vantagens das bombas de calor.

BNamericas: Existem alguns países na região que estão mais avançados em termos de projetos-piloto ou regulamentos? Por exemplo, o Uruguai parece estar progredindo nessa área.

Calienes: Em nossa região, pouco a pouco veremos regulamentações que evoluem da Europa e dos EUA. Na Europa existem regulamentações que penalizam o uso de produtos que queimam óleo, privilegiando os elétricos. A geração de calor e frio a partir da eletricidade é imposta.

O Chile continuará a seguir essas normas e protocolos ecológicos, bem como os acordos globais para o meio ambiente.

BNamericas: Você poderia falar sobre o foco da Daikin na América Latina e/ou alguns projetos que a marca tem em andamento?

Calienes: Em primeiro lugar, devemos mencionar a expansão do nosso [fluido] refrigerante R-32: este é um projeto importante para a Daikin, que foi precisamente quem o criou. O crescimento deste refrigerante ecológico vai continuar e a Daikin está na sua vanguarda.

Por outro lado, continuaremos a utilizar o Inverter, uma tecnologia em que a Daikin é líder, para otimizar os sistemas e torná-los o mais eficientes possível.

Estamos saindo da pandemia em uma posição forte, retomando estratégias de expansão, branding, novos canais, vendas por novos canais e implementação de tecnologia em termos de controles, gestão e monitoramento de nossas equipes, para garantir que estão dando os resultados nós esperamos. E continuamos a trabalhar para recrutar e desenvolver a rede de instaladores. Este é um foco importante.