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Apostas estratégicas: a NEC do Japão expande sua presença em cidades inteligentes na América Latina

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Apostas estratégicas: a NEC do Japão expande sua presença em cidades inteligentes na América Latina

A NEC, empresa japonesa de TIC, pretende ganhar espaço no segmento de cidades inteligentes da América Latina.

Entre suas conquistas mais recentes, a empresa fechou um amplo contrato para a implementação de um centro de comando e sistema de vigilância remota no distrito de Padre Hurtado, em Santiago. Outras iniciativas estão em andamento no Brasil, Colômbia e Peru.

Os principais concorrentes da NEC nos projetos, especialmente aqueles voltados para segurança pública, são empresas como a Motorola Solutions e empresas locais menores.

Nesta entrevista, Maximiliano Maffei, responsável por cidades inteligentes da NEC na América Latina, fala sobre o contrato chileno, as oportunidades no setor, os países nos quais estão previstas expansões e as estratégias para impulsionar o crescimento no segmento de cidades inteligentes.

BNamericas: Como a NEC conseguiu esse contrato no Chile?

Maffei: Essa oportunidade faz parte de uma iniciativa do governo regional em Santiago, onde há investimentos relacionados a fundos de segurança pública No distrito de Padre Hurtado, em particular, havia a necessidade de melhorar a segurança.

Eles possuíam um pequeno centro de monitoramento. O que propusemos foi migrar para um centro de comando inteligente que permita a supervisão e o gerenciamento do que é um denominador comum em toda a América Latina: a segurança.

Sob essa perspectiva, trabalhamos em uma solução integral que, a princípio, contava com 50 pontos de câmeras que permitem uma visão de 360 graus de suas posições, controladas a partir do centro de comando e controle e que são robotizadas.

O projeto também inclui a implantação de seis pórticos de leitura de placas de veículos. Com eles, podemos basicamente compará-los a uma lista de veículos procurados. Quando isso acontece, recebemos imediatamente um alerta no sistema indicando que é um veículo roubado ou que está sob mandado de captura.

BNamericas: Que outros componentes estão envolvidos no projeto?

Maffei: Também vamos implementar, pois este projeto está em fase de implementação e ainda não foi concluído, toda a parte de conectividade, de rede, etc.

Também instalamos 10 câmeras móveis dentro dos carros de patrulha municipais, que permitem que os operadores de vídeo monitorem veículos de forma remota. Também instalamos 20 postes inteligentes.

Esses postes possuem um intercomunicador que permite uma comunicação bidirecional com os cidadãos. Ou seja, são postes que geralmente são instalados em espaços públicos, áreas de pedestres, praças e nas proximidades de escolas.

Além disso, como parte dessa oportunidade, utilizamos um drone para realizar monitoramentos em caso de ações pontuais. E, por último, serão instalados 1.500 botões de pânico físicos. Esses botões de pânico são pequenas caixas que possuem um botão e comunicação 4G.

Há ainda um último componente, que permite alcançar a população de forma massiva, que é um aplicativo móvel que possibilita a interação com o centro de comando, permitindo que enviem informações sobre eventos de insegurança, alertas, emergências médicas ou situações relacionadas à defesa civil.

E acima de tudo isso, temos a nossa plataforma City SensAI, , que atua como um orquestrador, um 'guarda-chuva’ que permite a integração de todos esses subsistemas e componentes que mencionei.

BNamericas: Quando o contrato foi concedido e por qual valor?

Maffei: O contrato foi concedido no dia 13 de outubro. A NEC prefere não divulgar o valor.

BNamericas: Quanto já foi implementado e o que falta em termos de componentes e plataformas?

Maffei: Até o final de novembro, uma grande parte dos componentes deve estar operacional. Esse é o objetivo.

Tenha em mente que o que está sendo feito agora é a fase de rede. Ou seja, a primeira coisa a ser implantada é toda a parte de comunicação. Agora, estamos trabalhando na readequação do centro de monitoramento e na fase de conectividade.

Estamos colocando um sistema de antena distribuída que permite uma implantação muito mais rápida, porque se tivéssemos que instalar fibra ótica, o projeto poderia levar, não sei, oito ou nove meses. E tudo isso está sendo feito em quase três meses e deve ser concluído.

Também estamos avançando com a infraestrutura civil, como os postes, a infraestrutura de rede e o centro de comando, instalando os painéis de vídeo, as estações de trabalho, etc.

BNamericas: Quais empresas estão envolvidas nesse projeto com a NEC?

Maffei: Trabalhamos com diferentes parceiros tecnológicos e parceiros de serviço. Do ponto de vista tecnológico, trabalhamos com a Hanwha, uma empresa coreana que é fornecedora de câmeras. Também colaboramos com a Milestone, que cuida da gestão do vídeo.

A Neuralabs é outra parceira que atua com inteligência artificial para reconhecimento de placas. Trabalhamos também com um parceiro local, que fornece toda a parte de serviços e manutenção.

BNamericas: Quantos outros projetos como esse vocês têm no Chile ou em outros países da região?

Maffei: Em 2020, 2021, começamos a trabalhar intensamente no Chile e ganhamos um projeto envolvendo 4.000 câmeras no distrito de La Florida.

Este seria o segundo projeto em que estamos trabalhando no Chile. A ideia é poder continuar expandindo por lá.

Basicamente, hoje estamos na Argentina e no Chile [focados em cidades inteligentes e segurança], e estamos trabalhando em oportunidades no Brasil, Colômbia e Peru, que são nossos focos para desenvolvimento neste ano.

BNamericas: Como vocês estão estruturando essa estratégia de expansão?

Maffei: Estamos divididos em três etapas: aterrissagem, consolidação e expansão. Na aterrissagem, Brasil, Colômbia e Peru são partes desse processo.

Precisamos estabelecer nossa presença, pois não temos projetos lá, e é por isso que estamos trabalhando em várias oportunidades.

Do ponto de vista da consolidação, estamos focados basicamente na Argentina e no Chile, que são os locais onde já estamos presentes e onde estamos ampliando os projetos que já temos. E, como parte da expansão, também atuamos na Argentina e no Chile, onde já temos esses clientes.

Um exemplo é a província de Santa Fé, onde trabalhamos aqui na Argentina e hoje estamos expandindo, quase triplicando o número de câmeras atualmente instaladas.

BNamericas: E no Brasil, Colômbia e Peru, o que envolve a fase de ‘aterrissagem’? Vocês estão participando de licitações, solicitações de cotações?

Maffei: Exatamente. Estamos em um processo de colaboração com alguns estados e algumas prefeituras. Obviamente, tudo requer uma fase de amadurecimento quando lidamos com o governo. Os ciclos de vendas costumam ser longos, então é necessário trabalhar em diferentes fases. 

Estamos explorando algumas oportunidades que esperamos que surjam após as eleições municipais no Brasil. Estamos aguardando a publicação de algumas licitações e editais. 

Há oportunidades em Goiás, em São José dos Campos... Também estamos trabalhando em oportunidades para a Muralha Paulista, que é um projeto de segurança pública do estado de São Paulo. 

BNamericas: Qual é a relevância desse setor para as operações da NEC na América Latina? 

Maffei: Há uma transformação muito importante na organização, que vem de uma política corporativa da matriz. 

A NEC foi e continua sendo uma empresa de telecomunicações, mas está buscando se envolver em projetos mais complexos que exijam, por exemplo, as soluções que implementamos nas cidades.

Portanto, entro do foco da organização, as oportunidades em cidades inteligentes são as que estão recebendo mais atenção. 

Estamos trabalhando nas cidades em três verticais muito específicas. Uma delas é a vertical de segurança, mas também temos verticais de mobilidade e tudo relacionado à sensorização e IoT. 

A NEC estabelece uma relação de longo prazo com as cidades, onde pode propor tudo em um modelo de serviços. Esse tem sido um caso de sucesso na Argentina e no Chile, contribuindo para as cidades com esses formatos de negócios.

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