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As oportunidades de investimento em IoT industrial na mira da TIM

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As oportunidades de investimento em IoT industrial na mira da TIM

A telco brasileira TIM está apostando no crescimento da IoT industrial. O objetivo final é abrir uma nova via de crescimento e capturar oportunidades da tendência da indústria 4.0 e das necessidades gerais de digitalização corporativa.

Cinco grandes verticais estão sendo visadas: agronegócio, mineração, logística (principalmente utilização de frota), concessionárias/cidades inteligentes e saúde.

A empresa de propriedade italiana acaba de anunciar que sua rede LPWA (low-power wide-area), usada para conectar aplicativos IoT, foi atualizada para o protocolo NB-IoT 2 definido pelo organismo global de padronização celular 3GPP. Segundo a TIM, a rede atualizada oferece velocidades até três vezes mais rápidas do que a versão anterior do NB-IoT 1.

A telco também anunciou que acabou de conectar os cerca de 7 milhões de hectares da Citrosuco, uma das maiores empresas de suco de laranja do mundo, com uma rede 4G dedicada para outro projeto de IoT no agronegócio. O projeto incluiu infraestrutura digital para monitorar caminhões entre fazendas e fábricas, com o objetivo de aumentar a produtividade e reduzir perdas.

Nesta entrevista, Alexandre Dal Forno, head de IoT da TIM, fala sobre as perspectivas da empresa para aplicações de IoT e os projetos de conectividade em andamento.

BNamericas: A TIM tem como alvo pelo menos cinco segmentos quando se trata de conectividade IoT industrial. Você diria que a agricultura é o principal deles?

Dal Forno: Sem dúvida, o agronegócio é uma das nossas verticais prioritárias.

Foi a primeira vertical em que trabalhamos, há uns cinco anos, que tentamos entender com mais detalhes. A agricultura no Brasil é muito pujante, mas ainda enfrenta uma grande falta de conectividade. Vimos essa oportunidade e fomos em frente.

Trabalhamos tanto para criar uma solução que fosse adequada para o setor, usando 4G em 700 MHz, quanto para fomentar o ecossistema com o [consórcio da indústria] ConectarAgro.

BNamericas: É o setor a que a TIM tem se dedicado mais em IoT, não é?

Dal Forno: É onde estamos mais desenvolvidos, estamos liderando há mais tempo.

Agora temos outras verticais, como você mesmo disse. Mineração, cidades inteligentes, que era uma em que estávamos fora, e agora estamos trabalhando muito, com todas as possibilidades de PPPs de iluminação inteligente, com a plataforma que desenvolvemos em parceria com a M2M Telemetria.

Esta solução [para iluminação inteligente] usa nossa rede NB-IoT [banda estreita], nossa solução eSIM, e é adequada às necessidades de PPPs para gestão da iluminação pública.

BNamericas: A AGCO, uma das parceiras da TIM no ConectarAgro, mencionou há alguns anos a possibilidade de levar a iniciativa aos agricultores argentinos. Isso faz sentido, mesmo que a TIM não opere no país?

Dal Forno: As empresas de máquinas agrícolas que fazem parte do grupo gostariam de ter algo semelhante na Argentina. Como não temos operação lá, acabamos não conseguindo ajudar.

Mas a mesma necessidade que o setor agropecuário tem no Brasil, também tem na Argentina, ainda que em menor escala. É uma necessidade que precisa ser atendida.

BNamericas: Quando falamos de 5G e IoT, você acredita que todo o potencial da nova tecnologia virá apenas com bandas de ondas milimétricas (em 26 GHz) ou a banda de 3,5 GHz já atende bem esse tipo de conectividade?

Dal Forno: O 5G para a indústria, usando redes privadas, redes dedicadas, funciona bem. Já existem possibilidades com o 4G, mas o 5G vem com força.

Eu entendo que 3,5 GHz pode ser, e é, uma frequência interessante [para IoT]. Temos o caso da [montadora] Stellantis, usando uma rede 5G com edge computing para uma solução de análise de vídeo na fábrica deles, em Pernambuco, e vários outros projetos em andamento. Projetos que usam 3,5 GHz para criar redes privadas para a indústria.

A frequência de 26 GHz será muito interessante, mas para daqui a alguns anos, quando o ecossistema se desenvolver. Por enquanto, os custos ainda são altos, tanto para equipamentos de radiação quanto para CPE [equipamentos nas instalações do cliente], principalmente.

A frequência de 3,5 GHz ainda precisa de um pouco mais de escala, mas é um padrão que já está se consolidando. E com a rede pública [a ativação das redes comerciais em 3,5 GHz, prevista para os próximos meses], devemos ver cada vez mais CPEs e módulos mais baratos [para essa frequência].

BNamericas: Em quais aplicações você prevê o 26 GHz para IoT?

Dal Forno: Muito na fabricação, por exemplo, para criar redes para linhas de produção, armazéns...

Acho que essa frequência será um diferencial fundamental para as operadoras trabalharem, no futuro, com soluções para redes privadas em ambientes fechados.

BNamericas: Mas isso é para os próximos dois anos.

Dal Forno: É um horizonte de dois anos, por causa da questão do ecossistema de dispositivos e CPEs. Talvez um pouco antes disso.

Felizmente, o tempo para uma nova tecnologia se desenvolver e se tornar acessível está cada vez menor. O mercado de fabricantes de módulos e chipsets também está pressionando para ter dispositivos mais econômicos para essa frequência.

BNamericas: Vocês estão trabalhando em pilotos de IoT com a frequência de 26 GHz, como estão fazendo em 3,5 GHz?

Dal Forno: Não, ainda não.

BNamericas: Assim como a TIM, outras operadoras apostam em parcerias para oferecer soluções tanto para o setor corporativo quanto para o consumidor final. Como a empresa acredita que se diferencia das outras nesse sentido?

Dal Forno: Em comparação com as outras, a TIM não possui redes legadas [tecnologias ultrapassadas ou em declínio, como o cobre] em redes fixas, então isso também nos permite experimentar mais e com mais agilidade com o mercado.

Nossa estratégia é trazer soluções de IoT para o mercado com integradores. Temos grande expertise em telecomunicações. Estamos sempre à frente no mercado em termos de testes. Entendo que essa parceria com integradores faz muito sentido e a posto muito nisso.

BNamericas: O chefe de soluções corporativas da TIM, Paulo Humberto, me disse recentemente que novos contratos com mineradoras provavelmente sairão este ano, além dos já anunciados com Anglo American, Alcoa e Lundin. Como está esse processo? E como isso se encaixa nos demais segmentos em que a TIM aposta, como as PPPs de iluminação?

Dal Forno: Temos outros clientes de mineração com os quais estamos trabalhando, mas devido à confidencialidade ainda não posso divulgar [os nomes]. Esperamos poder anunciá-los em breve.

É um segmento que anda de mãos dadas com os outros em que apostamos. Eles não se excluem.

As PPPs de iluminação pública estão surgindo praticamente todos os dias em todo o Brasil. O governo passou essa responsabilidade para os municípios, o que torna o processo mais ágil.

Estamos vendo oportunidades com parceiros com os quais desenvolvemos soluções em conjunto, como a M2M.

Já estamos em 4.100 municípios com nossa rede NB-IoT, e agora divulgamos a atualização desta rede para o padrão NB-IoT 2. É a primeira rede NB-IoT 2 comercial do Brasil e, ouso dizer, da América Latina.

Além disso, a M2M Telemetria tem uma grande expertise no segmento de energia, é fornecedora dos principais players do setor e conseguiu desenvolver módulos [smart grid] robustos e resistentes ao aquecimento.

Assim, temos uma rede diferenciada e um hardware diferenciado.

BNamericas: Qual é a estratégia para as PPPs de iluminação? A TIM entra antes ou depois do processo de licitação?

Dal Forno: Temos sido procurados por empresas para fazer parceria até antes dos leilões, embora também tenhamos trabalhado com M2M em PPPs que já tinham vencedores definidos. Começamos com as negociações, fazemos um piloto.

BNamericas: Quantos contratos a TIM já tem com essas PPPs?

Dal Forno: Dois.

BNamericas: Em fase de implantação?

Dal Forno: Sim, já temos algumas soluções instaladas.

É uma solução industrial pronta para uso. A nossa rede NB-IoT, por ter essa abrangência e qualidade, é uma grande alavanca. É poderosa.

Para você ter uma ideia, conseguimos garantir conectividade no terceiro subsolo de um prédio em São Paulo. Ela tem grande potencial para várias aplicações.

É o caso da rede inteligente, dos medidores inteligentes. Temos outras oportunidades neste setor, muitas empresas nos procuram. Estamos trabalhando com algumas empresas de energia para fazer pilotos. Eu acredito muito nessa solução de medição inteligente para concessionárias de energia, gás e água.

BNamericas: E quanto à infraestrutura?

Dal Forno: Temos projetos nesse sentido também, embora ainda não tenha autorização para dar detalhes. Portos, rodovias, ferrovias.

Em geral, nossa estratégia é buscar clientes-chave para testar e alavancar produtos. Estamos trabalhando no modelo de negócios para que faça sentido para todos os envolvidos. É mais ou menos nesta fase em que estamos.

BNamericas: Existem alguns projetos de IoT envolvendo a tecnologia LoRa [longo alcance] em desenvolvimento, por exemplo no porto de Santos.

Dal Forno: A tecnologia LoRa é nossa concorrente. Apostamos todas as nossas fichas em redes 3GPP, em NB-IoT.

Há espaço para todos, mas entendemos que as redes móveis [redes celulares padronizadas 3GPP, como NB-IoT, LTE ou 5G] têm uma abrangência muito melhor do que outras redes.

Praticamente todos os nossos equipamentos [antenas] de 700 MHz e 800 MHz espalhados pelo Brasil já são habilitados para NB-IoT.

BNamericas: Quem são seus provedores de NB-IoT?

Dal Forno: São os mesmos da nossa rede móvel geral. Os três maiores [Huawei, Ericsson e Nokia].

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