Athon Energia planeja investir R$ 1 bi para ampliar sua capacidade de geração
No final de 2023, a Athon Energia adquiriu 13 usinas solares da Raízen Gera Desenvolvedora, joint venture entre o Grupo Gera e a Raízen. Com as novas unidades, a empresa ampliou sua capacidade operacional para mais de 160MWp.
Segundo o CEO da Athon, Daniel Maia, a companhia pretende investir R$ 1 bilhão para seguir crescendo nos próximos anos.
Nesta entrevista, ele comentou seus planos e as perspectivas de negócios no Brasil, que incluem possíveis novas aquisições
BNamericas: Quais as perspectivas para o setor de energia solar em 2024? A nova tributação anunciada pelo governo federal pode, de alguma forma, atrapalhar a boa fase da energia fotovoltaica?
Maia: Os projetos de geração distribuída (GD) remota têm prazo para construção mais longos, então há um estoque de projetos a serem desenvolvidos em alguns anos. Já os projetos de energia solar em telhados têm um prazo menor. Então, acho que, até 2025 ou 2026, haverá uma porção cada vez mais relevante da lei antiga na GD remota, ao passo que a GD de telhado será menos atraente [na medida em que mais projetos passam a estar sujeitos a taxas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição, conforme o marco regulatório aprovado em 2022].
A GD remota, hoje, representa algo entre 10% a 20% do volume total da GD [que é da ordem de 26 GW]. O grande volume em termos de potência instalada prevista está nos telhados. Então, poderemos ver uma desaceleração do mercado de GD, uma vez que o estoque dos projetos pequenos, de telhado, são resolvidos mais rapidamente.
Assim, é possível que o mix da GD remota no total aumente. De acordo com a [consultoria] Greener, a GD remota tem, hoje, 2,5 GW de potência instalada, número que pode alcançar entre 7 e 9 GW até 2026.
Importante ressaltar que a GD remota tem investidores mais técnicos, tendo, normalmente, uma empresa ou fundo por trás. GD no telhado, no geral, é um pequeno negócio, de família.
[Nota do editor: GD remota se dá quando a energia é produzida em um local e compensada em outro, desde que se destine a unidades consumidoras pertencentes ao mesmo proprietário.]
BNamericas: Como vão as atividades, projetos e planos da Athon Energia?
Maia: Sempre focamos muito na geração fotovoltaica e em empresas de atuação nacional, que tinham como missão temas como ESG, buscando uma matriz de geração mais verde, mas que tinham restrição de migrar [do ambiente regulado] para o mercado livre.
Acabamos de anunciar uma aquisição, estamos indo para 160 MW instalados, sendo que 80% desse volume está concentrado em empresas que buscam energia para seu próprio consumo, em oito estados do Brasil.
No caso dos demais 20%, fizemos parcerias com grandes grupos que têm capilaridade junto a empresas menores, regionais.
BNamericas: Como a nova abertura do mercado mexe com os negócios da empresa?
Maia: Estamos falando, talvez, de 1% das unidades consumidoras do país potencialmente migrarem para o mercado livre.
O nível de tecnologia exigido [para atender aos clientes] aumentará muito, pois sairemos de milhares para milhões de unidades consumidoras no mercado livre, então o nível de complexidade será outro. Por isso, estamos tentando simplificar ao máximo.
Hoje, atendemos a 16 mil unidades consumidoras, e esse número deve subir para, pelo menos, 20 mil somente com as usinas próprias. Ainda poderemos chegar a mais de 50 mil clientes, considerando-se usinas de terceiros que fazem parceria conosco ou locação de usinas.
BNamericas: Quais são os planos de investimentos?
Maia: Temos comprometidos R$ 700 milhões investidos, já desembolsados. Para a frente, prevemos o aporte de R$ 1 bilhão adicionais.
Esses novos investimentos serão direcionados, em maior parte, à expansão de novas usinas, sobretudo geração distribuída remota, principalmente solar fotovoltaica. Com isso, devemos saltar para 250 MWp de potência instalada em 2024 e entre 300 e 400 MW até o final de 2025, meados de 2026.
BNamericas: Há perspectivas de novas aquisições/compras de usinas?
Maia: Sim. Estamos falando de um mercado muito novo no Brasil. Não existe um player com mais de 10% de market share no mercado de GD. Quem tem mais ativos próprios, se muito, tem 300 MW. É um mercado de grande pulverização. Portanto, pensamos que, inevitavelmente, haverá consolidação, e estamos preparados para sermos uma plataforma de consolidação nesse mercado.
Prevemos algo parecido com o que houve com o mercado de antenas de celular. Os donos das antenas, que eram as operadoras de telefonia, passaram a alugar antenas de empresas que se especializaram nesse negócio.
Na GD, acreditamos que haverá empresas que se especializarão na gestão dos ativos de minigeração distribuída.
[Nota do editor: Uma central de microgeração distribuída tem uma capacidade instalada até 75 kW, enquanto a minigeração distribuída tem entre 75 kW e 3 MW.]
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