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Atlas Agro mira hidrogênio verde na América Latina

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Atlas Agro mira hidrogênio verde na América Latina

A Atlas Agro deve receber, na próxima semana, propostas para elaboração do projeto de engenharia de pré-detalhamento de sua primeira planta de fertilizantes nitrogenados no Brasil. 

Com investimento previsto de US$ 850 milhões, o projeto em Uberaba, Minas Gerais, utilizará como matéria-prima hidrogênio verde, produzido com energia renovável. 

Em entrevista à BNamericas, o diretor de operações Atlas Agro, Rodrigo Santana, disse que a companhia já considera a possibilidade de instalar plantas adicionais no Brasil, enquanto estuda oportunidades de negócios em outros países da América Latina

BNamericas: Qual o status do projeto de produção de fertilizantes a partir de hidrogênio verde da Atlas Agro no Brasil? 

Santana: Somos uma empresa jovem, criada há dois anos, mas cujos fundadores e executivos têm mais de 20 anos de experiência na indústria de fertilizantes. Um dos fundadores foi CEO da EuroChem e, antes disso, CFO global da Yara Fertilizantes. Outro foi presidente da Yara no Brasil. 

Nossa sede está na Suíça. Nosso time de projetos fica em Madri. E temos escritórios de desenvolvimento de projetos nos EUA e Brasil, que são os mercados prioritários definidos inicialmente. Contudo, nossa ambição é nos expandirmos para outros países, incluindo na América Latina.

Após estudos, identificamos Uberaba, em Minas Gerais, como localização para a fábrica no Brasil, devido à demanda forte da agricultura local e boa disponibilidade elétrica na região. O terreno fica dentro de um distrito industrial de fertilizantes.

Já protocolamos uma outorga preliminar de água junto à ANA [Agência Nacional de Águas], que deve sair dentro dos próximos dois meses. Isto é importante para garantir disponibilidade hídrica.

E demos entrada junto ao Ministério de Minas e Energia para apresentar estudos de consumo de energia. O governo, então, definirá os pontos de conexão, o que nos dará segurança jurídica para avançar. Depois, quem dará o parecer de acesso é o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico]. 

Estamos avançando nas negociações com diversos clientes na região com interesse em adquirir o produto. E iniciamos o processo de seleção de grandes epecistas globais para realizar o FEED [projeto de engenharia de pré-detalhamento], que é um marco muito importante, pois já é um investimento de R$ 50 milhões para detalhar a planta. Depois, com o mapeamento de riscos do projeto, tomaremos a decisão final de investimento.

O deadline para apresentação das propostas é semana que vem. Há empresas brasileiras, europeias e asiáticas participando.

A ideia é selecionar um ou dois epecistas no início do ano que vem. O FEED leva de 10 a 12 meses. Tomando a decisão final de investimento no final de 2024, começaremos a construção no ano seguinte. Serão 32 meses de construção, e a previsão de entrada em operação da planta é no final de 2027 ou início de 2028.

BNamericas: Qual será o investimento na planta e sua capacidade de produção?

Santana: O investimento inicial previsto é de US$ 850 milhões. Vamos produzir entre 500 mil e 530 mil t/ano de fertilizantes. Isto representaria cerca de 240 mil t/ano de amônia, com demanda de 40 t/ano de hidrogênio verde.

Será uma planta integrada: no mesmo terreno produziremos hidrogênio, amônia e fertilizantes.

BNamericas: De onde virá a energia renovável?

Santana: Fizemos uma cotação no mercado com grandes empresas geradoras de energia no Brasil e recebemos 66 propostas. Estamos negociando com algumas dessas empresas – os preços ofertados estão dentro do nosso business range. Com certeza, será no modelo de autoprodução de energia. Precisamos de 300 MWh e o mais provável é que seja uma combinação de energia solar e eólica.

BNamericas: Em que outros projetos a Atlas Agro está trabalhando?

Santana: Hoje, temos um projeto nos EUA, em Richland, no estado de Washington. Ele está na fase final de FEED. Selecionamos o epecista espanhol Técnicas Reunidas. E, agora, faltam dois meses para terminar o FEED. Tomando a decisão final de investimento, é provável que no primeiro semestre de 2025 iniciemos a construção da planta.

BNamericas: E na América Latina?

Santana: Enxergamos oportunidades para instalação de mais plantas no Brasil, que importa 12 milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados por ano.

Há outros países com grande potencial na América Latina, com grande demanda por fertilizantes nitrogenados. Mas é importante que o custo da energia seja competitivo. Há pelo menos mais dois ou três países na região com demanda forte e custo de energia renovável competitiva.

BNamericas: O plano de utilizar hidrogênio verde, e não gás natural, como matéria prima se baseia em uma questão puramente de ESG ou trata-se de uma estratégia economicamente conveniente? 

Santana: Nosso foco é 100% verde. Não vamos produzir nada fóssil. A tecnologia não é competitiva em qualquer local, mas, com algumas melhorias que vamos fazer e em determinados locais, ela se torna competitiva. 

Ainda vejo o Brasil com certa dificuldade em ter gás natural competitivo o suficiente para atrair indústria de fertilizantes. Há países com custo [de produção do gás natural] de US$2/MMBTU [milhões de unidades térmicas britânicas], e é difícil imaginar que o Brasil chegará a esse nível.

Por outro lado, o Brasil tem energia renovável competitiva. O grande ponto é a discussão sobre a regulação do hidrogênio verde. O problema são os encargos, a tarifa de uso do fio etc. Se não houver incentivos, será difícil atrair indústrias verdes ao país. 

Estamos competindo com o resto do mundo. Os EUA, por exemplo, lançaram um programa bilionário que está industrializando o país. Europa, Japão e Canadá também estão olhando para isso.

Muitas empresas estão esperando essa discussão sobre incentivos para reduzir o risco do investimento inicial para aportar cifras bilionárias no Brasil, o que geraria um impacto significativo no PIB brasileiro.  

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