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‘Brasil se destaca entre os países prioritários’, diz executiva sênior da BP

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‘Brasil se destaca entre os países prioritários’, diz executiva sênior da BP

A britânica BP está investindo em várias frentes do setor de energia no Brasil.

Enquanto se prepara para iniciar uma nova campanha de exploração offshore de petróleo e gás, a empresa está desenvolvendo 4 GW de projetos de energia solar fotovoltaica.

Também está envolvida com empresas locais de gás/GNL, biocombustíveis e downstream.

Nesta entrevista por e-mail, a gerente nacional de subsuperfície da BP, Shira Paulson, conversa com a BNamericas sobre as perspectivas para o Brasil.

BNamericas: Quais as próximas campanhas exploratórias planejadas pela BP no Brasil? Onde e quando serrão realizadas?

Paulson: A campanha exploratória de Pau Brasil, localizado no pré-sal da bacia de Santos, está prevista para começar em 2024. O bloco é operado pela BP com 50% de participação, em parceria com CNOOC Petroleum (30%) e Ecopetrol (20%).

BNamericas: Quais são as expectativas em relação ao bloco Bumerangue?

Paulson: Bumerangue fortalece os planos de produção e exploração da BP no Brasil, concentrando esforços principalmente nas bacias de Campos e Santos, com foco no pré-sal. Dito isto, a estratégia da bp é focar em hidrocarbonetos resilientes com baixas emissões, e acreditamos que Bumerangue se encaixa nessa estratégia.

BNamericas: A empresa pretende realizar atividades exploratórias na bacia de Barreirinhas?

Paulson: O contrato de concessão do bloco BAR-M-346  encontra-se no primeiro período exploratório e segue suspenso desde 2019, até decisão final do Ibama sobre o pedido de licença para perfuração do primeiro poço exploratório na área do bloco. Atualmente, a BP não pode assumir uma data de produção esperada antes de concluir o processo de exploração.

BNamericas: Vocês consideram adquirir novos ativos de exploração e/ou produção de petróleo e gás no país, seja como operadora ou parceira, por meio de leilões e/ou M&A da ANP [Agência Nacional do Petróleo]?

Paulson: Atualmente contamos com sete blocos exploratórios. A BP tem um portfólio de ativos e oportunidades de alta qualidade a serem testados no Brasil.

Continuamos a demonstrar nosso compromisso com o crescimento no país e nossa forte crença no valor que os recursos de águas profundas trazem para o portfólio global da BP. E continuamos avaliando oportunidades no segmento de upstream que estejam alinhadas com nossa visão de produção net zero de hidrocarbonetos.

BNamericas: A BP tem prazo para começar a produzir petróleo e/ou gás no Brasil?

Paulson: Devido ao caráter exploratório de nosso portfólio, ainda é muito cedo para entender profundamente e compartilhar essas informações.

BNamericas: Quanto a BP pretende investir no Brasil nos próximos anos? O país é uma aposta de longo prazo para a empresa?

Paulson: O Brasil se destaca entre os países prioritários para o desenvolvimento de novos negócios na BP, e queremos cada vez mais ampliar nosso portfólio e investir em novos negócios. O país oferece uma base de crescimento significativa no processo de transformação energética. 

Nossa estratégia em upstream é produzir hidrocarbonetos resilientes. Nosso objetivo é maximizar os retornos e o fluxo de caixa, e reduzir as emissões, qualificando nosso portfólio para focar em barris da mais alta excelência. Dito isso, estamos sempre avaliando oportunidades no segmento de upstream que estejam alinhadas com a nossa estratégia.

BNamericas: A BP considera investir nos segmentos mid/downstream no país?

Paulson: No segmento downstream, a BP já atua com as marcas Castrol, uma das líderes no segmento de lubrificantes. A Air bp, presente em cerca de 40 localidades, incluindo Cumbica, Viracopos e Galeão, além da joint venture Opla, localizada em Paulínia (interior de São Paulo), que atua como um ativo estratégico no setor de etanol e cadeia de distribuição de derivados, com alto potencial de crescimento e geração de valor por meio da abertura do terminal a terceiros e ganhos relevantes de produtividade na utilização do ativo.

BNamericas: Os investimentos em projetos de geração de energia renovável estão no radar da empresa? A energia eólica offshore, por exemplo, é uma possibilidade?

Paulson: A estratégia de investir e desenvolver as energias renováveis é um dos pilares da transformação energética da bp. Para se ter uma ideia, a proporção do que é investido globalmente em renováveis na bp cresceu de 3% em 2019 para 30% em 2022.

No Brasil, temos atualmente três joint ventures com foco na transição energética: Gás Natural Açu (GNA), Lightsource BP and BP Bunge.

A Lightsource bp pretende desenvolver 10 GW de projetos solares até o final de 2023 e, no Brasil, tem 4 GW de projetos em desenvolvimento, além de 210 MW instalados. Recentemente, ela assinou um memorando de entendimento com o Ceará para expandir o desenvolvimento de energia renovável no estado por um período de cinco anos. A joint venture investiu R$ 800 milhões na construção do Complexo Solar Milagres, em Abaiara, no Cariri.

A GNA consiste em duas usinas de ciclo combinado – GNA I e GNA II –, com capacidade de 1,3 e 1,7 GW, respectivamente, e o único terminal privado de GNL na região Sudeste do Brasil, com capacidade de regaseificação de 21 MMm³/d [milhões de metros cúbicos por dia]. Juntos, esses projetos formarão o maior complexo GNL-to-power da América Latina, localizado no Porto do Açu (Rio de Janeiro) – um dos principais complexos portuários do Brasil, que oferece soluções logísticas para o mercado brasileiro de petróleo e gás.

BNamericas: Você poderia citar exemplos de iniciativas ligadas à agenda ESG da BP no Brasil?

Paulson: Nossa estrutura de sustentabilidade reforça nossa estratégia de nos tornarmos uma empresa de energia integrada. Ela estabelece 20 objetivos para chegarmos ao net zero, melhorar a vida das pessoas e cuidar do nosso planeta.

Um forte exemplo desse compromisso é que seis dos 11 membros de nossa equipe de liderança principal são mulheres, tornando a BP, acreditamos, a primeira grande empresa de energia a ter uma maioria de mulheres no topo da organização. Até 2025, pretendemos ter um número igual de mulheres e homens em nossos 120 principais cargos de liderança, com 40% dos cargos no nível de liderança seguinte ocupados por mulheres. Já até 2030, nosso objetivo é ter mulheres ocupando pelo menos metade de todos os cargos de liderança do grupo, com 40% de mulheres em todos os outros níveis. Para contexto, em 2022, 33% dos cargos de liderança do grupo foram ocupados por mulheres (e em 2021 foram 32%).

Além disso, é importante dizer que nossos objetivos de biodiversidade buscam alcançar um impacto positivo em nossos novos projetos; aumentar a biodiversidade em torno de nossos principais locais de operação existentes e apoiar a restauração da biodiversidade em países onde temos investimentos atuais ou crescentes. Todos os novos projetos da BP devem ter planos com o objetivo de alcançar o Impacto Positivo Líquido (NPI) e uma meta de entregar 90% das ações dentro de cinco anos após a aprovação do projeto. Este requisito se aplica a projetos em todo o nosso portfólio – de petróleo e gás a renováveis – enquanto operarmos o ativo.

Também podemos mencionar nosso objetivo do Escopo 3 – pretendemos ser net zero em uma base absoluta de carbono em nossa produção upstream de petróleo e gás até 2050 ou antes. Isto é baseado na participação acionária da BP e na participação líquida da produção da BP. Nossa meta é uma redução de 10 a 15% até 2025 e uma redução de 20 a 30% até 2030.

No Brasil, também temos importantes investi mentos em andamento em nossas joint ventures, que nos ajudam a atingir nossos objetivos de sustentabilidade, como na BP Bunge Bioenergia, uma das maiores produtoras de bioetanol do Brasil. A empresa vem ampliando o uso de bioinsumos de bactérias e matéria orgânica. Fruto de investimentos em pesquisa, inteligência e tecnologia, enriquecerá o solo com nutrientes essenciais, dispensando o uso de fertilizantes químicos, inclusive do grupo NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio).

BNamericas: A BP investe em inovação tecnológica no Brasil? Quais projetos estão em andamento?

Paulson: Para a BP, Innovation & Engineering (I&E) é a convergência de nossas capacidades científicas, de engenharia e digitais. Globalmente, a BP tem várias iniciativas que representam nossos esforços para avançar na inovação tecnológica, como investir em start-ups de pesquisa energética para usar a tecnologia de inteligência artificial. visando prever, controlar e otimizar o uso de energia em prédios, ou como reduzir nossas próprias emissões diminuindo a queima de carbono, melhorando a eficiência energética e projetando operações de novas maneiras.

No Brasil, fomos uma das primeiras empresas internacionais de energia a investir em biocombustíveis, há 10 anos. Hoje, somos um dos maiores players do mercado com a potência da bioenergia que formamos com a gigante norte-americana de commodities agrícolas Bunge. 

A medida é mais um reconhecimento do enorme papel que o bioetanol desempenha na redução de emissões no setor de transporte. As unidades da BP Bunge utilizam tecnologia presente em cerca de 1,2 mil equipamentos agrícolas e de transporte, conectados a um centro integrado de gestão logística – denominado SmartLog – com recursos da indústria 4.0, como big data, inteligência artificial, internet das coisas e robótica. A central monitora 24 horas, em tempo real, online e remotamente, toda a operação de plantio, colheita e transporte. 

A recente oferta de conectividade 4G nas áreas canavieiras de suas 11 unidades espalhadas pelo país, chegando a 3 milhões de hectares espalhados pelos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins, ajudará a fomentar esse processo. Nessas localidades, a bp Bunge possui uma área total plantada de 450 mil hectares e, com a ampliação da conectividade, mais recursos ficarão disponíveis. Além disso, a geração de dados será mais ágil, auxiliando na tomada de decisões nos canteiros de operações, contribuindo para o aumento da produtividade e redução dos custos de produção.

Também temos parceria em um negócio de energia solar em rápido desenvolvimento. A nossa joint venture Lightsource bp não está apenas crescendo rapidamente, mas também acelerando a mudança para energia renovável em 10 países diferentes. Mais recentemente, a Lightsource bp entrou no mercado de energia solar, em rápida expansão no Brasil, comprando 1,9 gigawatts d eprojetos de grande porte no país.

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