CEO da Quantum: “vamos contratar um importante volume de reforços nas nossas subestações”

A empresa brasileira Quantum é responsável pelo desenvolvimento e operação de 5.300 km de linhas de transmissão de energia, que envolvem um investimento total de R$ 11 bilhões (US$ 2 bi).

A empresa está expandindo suas operações no país, onde planeja investir R$ 400 milhões (US$ 73 mi) em 2022 e quase triplicar sua receita até 2023.

O último movimento foi a aquisição dos 50% restantes da CYMI das concessionárias Giovanni Sanguinetti e Veredas Transmissora, em linhas que totalizam 2.383 km na região nordeste.

A BNamericas conversou com o CEO Gabriel López sobre os projetos e perspectivas de negócios da Quantum.

BNamericas: qual a importância  da aquisição dos 50% remanescentes das concessionárias Giovanni Sanguinetti e Veredas Transmissora?

López: a aquisição dos 50% das concessionárias de Giovanni Sanguinetti e Veredas é um passo que faz parte do nosso plano de negócio e também da nossa visão de operar concessões de transmissão com controle pleno. Esta recente transação, estratégica  para a Quantum, consolida operações em 2.383 km de linhas com R$ 700 milhões de receita anual permitida (RAP) em cinco concessões, localizadas nos estados da Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Goiás e Minas Gerais.

BNamericas: quais os principais projetos/contratos em curso da Quantum no Brasil?

López: temos a construção e energização de mais quatro concessões, que totalizam 2.942 km, e aproximadamente R$ 1,17 bilhões em RAP. Prevemos atingir esse estágio progressivamente nos anos de 2022 e 2023. Com o crescimento orgânico do nosso negócio e da geração de renováveis no Nordeste, vamos contratar um importante volume de reforços nas nossas subestações na região.  

BNamericas: qual o capex da empresa previsto para 2022? Em que áreas serão feitos os investimentos?
López: a nossa previsão é executar aproximadamente R$ 400 milhões, principalmente em linhas de transmissão e subestações.

BNamericas: o quanto a companhia espera crescer no país nos próximos anos?
López: o RAP do portfólio atual é de R$ 700 milhões anuais, esperamos que até em 2023 o RAP do portfólio seja de R$ 1,9 bilhões no ano.

BNamericas: pretende participar dos leilões de transmissão programados para 2022? Quais as expectativas sobre os certames?
López: vamos avaliar as oportunidades programadas para 2022, 2023 e 2024, mas sempre prezando pela disciplina financeira do nosso negócio.

BNamericas: tem apetite por fusões e aquisições? Qual o perfil dos ativos visados? Considera a possibilidade de entrar no segmento de geração de energia?
López: cada projeto é avaliado individualmente prevendo sua contribuição e o perfil de risco e retorno. A atratividade do projeto é mais relevante que o mecanismo societário para consegui-lo (M&A vs leilão). Estamos focados apenas em transmissão, um setor em forte expansão no Brasil.

BNamericas: quais são os principais desafios/demandas do segmento de transmissão de energia no Brasil?
López: claramente os objetivos de descarbonização e eletrificação da economia (com geração renovável) representarão um forte dinamismo no setor de transmissão. A rede vai ter que aumentar a sua flexibilidade e inteligência. Além de desenvolver sua digitalização e integração, mas sempre preservando a segurança frente a riscos cibernéticos. Outro desafio que podemos considerar é o armazenamento de energia na rede de transmissão.

BNamericas: a Quantum estuda a possibilidade de investir em armazenamento de energia? Desenvolve pesquisas nesse sentido?
López: definitivamente a evolução da tecnologia em armazenamento mostra claras oportunidades para o setor de transmissão, como de fato já demostram os primeiros testes no Brasil. Efetivamente, estamos iniciando pesquisas para avaliar se em nossa rede atual faz sentido considerar este tipo de tecnologia para providenciar uma capacidade adicional nos momentos de pico. Pode ser uma alternativa realmente eficiente do ponto de vista do custo total no sistema integrado e para a sociedade.