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Colômbia se prepara para liderar uma revolução energética com seus projetos de hidrogênio

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Colômbia se prepara para liderar uma revolução energética com seus projetos de hidrogênio

Apesar dos desafios atuais, a Colômbia está a caminho de alcançar pelo menos 1 GW de capacidade de eletrólise para a produção de hidrogênio verde até o final da década.

Karen Peralta, diretora-executiva da Câmara de Hidrogênio Andi-Naturgás da Colômbia, explica à BNamericas por que o país está preparado para se tornar um líder regional nessa indústria emergente.

BNamericas: Há cerca de um ano, a Câmara de Hidrogênio Andi-Naturgás informou que a Colômbia tinha 28 projetos de hidrogênio planejados, dos quais sete já estavam em fase de testes. O número de projetos aumentou no último ano? Já existe algum em operação?

Peralta: Estamos atualizando essas informações. Porém, o Ministério de Minas e Energia recentemente divulgou um número em torno de 49 projetos. Desses projetos, segundo informações do ministério, 13 estão em fase de testes, todos em escala piloto. Os projetos que já estão em operação são de pequena escala, na ordem de quilowatts. O objetivo é testar as tecnologias e realizar experimentos com os usos finais. 

Esse é o caso, por exemplo, do projeto de produção de hidrogênio da EPM, em Medellín. O projeto busca testar o uso do hidrogênio no setor de transporte, misturando hidrogênio com diesel em veículos pesados, e também na indústria para uso próprio. 

O projeto está em uma estação de tratamento de esgoto e, durante sua operação, pcomeçará a implementar misturas de biogás com hidrogênio para realizar testes. Também serão feitas experiências com o uso residencial, tanto com hidrogênio 100% em fogões domésticos quanto com misturas de hidrogênio e gás natural nas redes de distribuição. 

que temos observado é que os projetos em implementação são de escala de quilowatts, e o principal objetivo é começar a gerar casos de negócios para as empresas.

BNamericas: Além do projeto da EPM, poderia compartilhar mais detalhes sobre outros projetos importantes ou promissores?  

Peralta: Identificamos quatro projetos que poderão entrar em operação nos próximos dois anos e os chamamos de projetos estratégicos. Esses projetos podem ser escalados e servir como marcos iniciais para comprovar a viabilidade do hidrogênio como uma tecnologia escalável, já em megawatts.

Um deles é o projeto da refinaria de Cartagena, desenvolvido em parceria pela Refinaria de Cartagena e pela Ecopetrol. Trata-se de um projeto modular, o que significa que, conforme o negócio for escalando, novos módulos de produção de hidrogênio podem ser adicionados. 

É hidrogénio verde, produzido a partir de fontes de energia renovável não convencionais, especificamente de energia solar proveniente de um parque solar já instalado na refinaria de Cartagena. Espera-se que uma decisão final sobre o investimento seja tomada até o final do ano. Embora o anúncio oficial ainda não tenha sido feito, as informações disponíveis indicam que o projeto pode ter uma capacidade de cerca de 10 MW. 

Outro projeto, também liderado pela Ecopetrol e focado no transporte de carga, será um teste piloto que não incluirá produção, pois utilizará a produção existente da Ecopetrol em um parque de mobilidade em Cartagena. O objetivo é iniciar um percurso de transporte de carga no Caribe colombiano. Esperamos também que entre em operação nos próximos dois anos.

Há um terceiro projeto de uma empresa chamada Hevolución, localizada no departamento de Antioquia, que já produz hidrogênio. Com este novo projeto, a empresa pretende iniciar a produção de amônia verde e realizar novos testes para exportação de amônia verde para a Europa. Esse também será um marco importante nos próximos meses.

Por último, há um projeto no Valle del Cauca voltado para a produção de amônia destinada à fabricação de fertilizantes para consumo local. Este projeto já está planejado para uma escala de cerca de 60 megawatts. O ponto interessante é que ele já tem demanda garantida, pois a captação de clientes para esses fertilizantes verdes está bastante avançada. Por isso, acreditamos que esse projeto tem grandes chances de entrar em operação nos próximos dois anos.

BNamericas: Em seu roteiro de hidrogênio, o governo estabeleceu uma meta de 3 GW de capacidade de eletrólise até 2030 e investimentos entre US$ 2,5 bilhões e US$ 5,5 bilhões no mesmo período. A Colômbia ainda está no caminho certo para atingir esses objetivos?

Peralta: A Colômbia, ao desenvolver seu roteiro, estabeleceu diferentes cenários de produção, com metas variando entre 1GW e 3GW. O cenário de 1GW representava uma projeção mais pessimista, enquanto o de 3GW refletia o melhor cenário. 

Atualmente, vemos que a Colômbia provavelmente alcançará o primeiro gigawatt de eletrólise até 2030. No entanto, houve fatores que dificultaram atingir a meta dos 3GW. Entre esses fatores estão os custos tecnológicos – esperava-se que a tecnologia de produção de eletrólise caísse mais rapidamente – e desafios pós-pandemia, como questões inflacionárias, com restrições ao comércio internacional, etc.

Por outro lado, as tecnologias tenderam a ter um ligeiro aumento. A oferta de eletrolisadores também teve uma pressão derivada, já que toda essa nova capacidade instalada nos Estados Unidos e na Europa, com incentivos, deixa países como a Colômbia fora do alcance dos fornecedores de eletrolisadores.

Além disso, fatores internos, como movimentações nas taxas de juro, que tornam o custo do capital mais elevado em comparação com outros países da região. Também devido a algumas questões associadas às regulamentações na Colômbia, tivemos alguns atrasos na implantação de energias renováveis nos últimos anos. Isso também tem impactado a velocidade dos projetos. No entanto, acreditamos que o primeiro gigawatt de eletrólise será alcançado até 2030. Com os projetos já anunciados, esperamos que a capacidade total de eletrólise ultrapasse 10GW até 2035 ou 2037. O que vemos é algo muito gradual no início do mercado, mas que certamente, após 2030, haverá um grande desenvolvimento. 

BNamericas: Quais são os principais desafios que o setor de hidrogênio enfrenta na Colômbia para que atinja seu potencial?

Peralta: Identificamos quatro áreas de trabalho fundamentais que respondem aos desafios do país na implantação do hidrogénio. Uma delas tem a ver com a integração de energias renováveis. Definitivamente, se não houver uma implantação massiva de energias renováveis, não haverá hidrogénio no país. Vimos que a dinâmica de entrada em operação de novas energias tem se acelerado, especialmente que neste último ano a união que representa as energias renováveis anunciou movimentos importantes na implantação de novos projetos de energias renováveis.

No entanto, preocupa-nos que ainda não existam projetos que tenham esta nova velocidade em La Guajira, onde está o grande potencial das energias renováveis. Muitos dos projetos que foram inicialmente anunciados em La Guajira estão se deslocando para outros lugares do Caribe e esta é uma questão que vemos com preocupação porque o maior potencial está definitivamente em La Guajira. Na verdade, uma das principais razões pelas quais vemos grandes projetos de hidrogénio avançando mais na segunda metade da década de 2030 é por causa disso: os atrasos e a falta de desenvolvimento de projetos em La Guajira. Portanto, a primeira questão tem a ver com a implantação.

No que diz respeito às energias renováveis, a segunda questão tem a ver com a procura de hidrogénio, com a criação de um mercado de hidrogénio. A Colômbia tem obviamente um grande potencial de exportação de hidrogénio, no entanto, temos visto que no curto e médio prazo os contratos de venda e compra de hidrogénio para exportação ainda não estão finalizados e é muito importante que a Colômbia também tenha uma procura própria.

Nesse sentido, temos colaborado com diversas entidades como o Ministério de Minas e Energia e com países como a Alemanha em diversos estudos que estão sendo realizados para propor incentivos à demanda. Vemos dois setores-chave onde estes incentivos poderiam ocorrer inicialmente. Uma delas é a produção de fertilizantes. A Colômbia hoje importa amônia para produzir fertilizantes e também importa parte dos fertilizantes que consome. Então aí temos algumas mesas de trabalho para identificar quais incentivos poderíamos ter na Colômbia para usar o hidrogênio verde na produção de fertilizantes.

Outro setor estratégico é o da refinaria. As refinarias são as maiores consumidoras de hidrogénio, que hoje é hidrogénio de origem fóssil. O que estamos a ver é que o maior impacto na redução das emissões que o hidrogénio terá será principalmente nas refinarias. Estamos trabalhando nessa linha e esses são os dois setores que, no curto prazo, vemos que poderá haver grande demanda. À medida que estes projectos crescem, podemos estar a pensar nas questões do hidrogénio para o transporte e nestes outros tipos de mudanças tecnológicas que serão necessárias no país.

A terceira questão facilitadora tem a ver com financiamento. Quando falamos de financiamento, não se trata necessariamente de acesso ou abordagem do banco aos projectos, mas sim de apoio a projectos pioneiros com recursos não concessionais.

Aqui vimos que muito poucos projetos chegaram a uma decisão final de investimento ou encerramento financeiro do seu modelo de negócio e são projetos que ainda não são financiáveis. Apelámos à disponibilização de fundos não concessionais para o desenvolvimento de projectos pioneiros. Assim, poder-se-ia pensar em aumentar estes quilowatts para megawatts e começar a ajudar estes projectos a alcançar o encerramento financeiro.

A quarta questão, que é muito importante, tem a ver com a coordenação interinstitucional. O hidrogénio tem a ver com o sector mineiro e energético, e com o sector dos transportes e o sector agrícola. Também tem a ver com questões de inovação e habitação. Apelamos à coordenação interinstitucional para que possamos avançar mais rapidamente na implantação de projetos de hidrogénio.

Nesse ponto, já estava em comentários um decreto do Ministério de Minas e Energia que propõe a criação de uma mesa interinstitucional e estamos aguardando que esse decreto se concretize antes do final do ano.

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