Como a Appian Capital planeja investir até US $ 2 bilhões em ativos de mineração na América Latina

O fundo de private equity londrino Appian Capital está planejando investir até US $ 2 bilhões no setor de mineração da América Latina nos próximos anos, após seu recente anúncio de venda de dois ativos no Brasil.

No final do mês passado, a Appian anunciou um acordo para vender a Atlantic Nickel , que opera a mina Santa Rita, uma das maiores minas de sulfeto de níquel a céu aberto do mundo, e a Mineração Vale Verde , que está desenvolvendo uma mina de cobre e ouro.

Os ativos foram vendidos por US $ 1 bilhão combinados para Sibanye-Stillwater.

Em 2018, a Appian adquiriu a Atlantic Nickel, que estava em recuperação judicial, por US $ 68 milhões, e a Mineração Vale Verde por US $ 40 milhões.

Com os resultados das vendas, Appian está agora em busca de oportunidades de investimento em mineração em vários países latino-americanos.

Michael Scherb, fundador e CEO da Appian, conversou com o BNamericas sobre os planos para a região, bem como a importância dos fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) na indústria de mineração.

BNamericas: Com a venda da Atlantic Nickel e da Mineração Vale Verde, qual será a estratégia futura da empresa para o Brasil?

Scherb: Como investidores globais, investiremos onde acharmos que o meio ambiente é mais receptivo ao nosso capital. A América Latina continua sendo cerca de 70% do nosso foco de investimento, mas estamos monitorando o risco político de perto em toda a região e vamos transferir nosso capital de forma adequada. Somos agnósticos em relação a commodities e nos concentramos muito em bons ativos.

BNamericas : Por que você decidiu vender os ativos no Brasil nesta época? Teve alguma influência em sua decisão de fatores macroeconômicos e políticos?

Scherb : Sentimos que criamos muito valor nos ativos e em suas comunidades, depois de assumir o risco de desenvolvimento. Não houve influência em nossa saída por fatores políticos.

BNamericas : Além do Brasil, você tem interesse em investir em ativos de mineração no restante da América Latina?

Scherb: Investiremos em países da América Latina onde há um grande respeito pelos investidores de mineração e países que desejam capital de longo prazo e investidores operacionais como parte de seu ecossistema e que estão cada vez mais preocupados com o desenvolvimento em determinados países. No momento, estamos procurando aumentar nossos investimentos no México e no Brasil, mas também estamos olhando para Chile, Peru, Colômbia e Equador.

BNamericas: Qual é o valor que você pretende investir no Brasil e na América Latina nos próximos anos? E você tem planos de lançar fundos dedicados para a região?

Scherb : Esperamos investir entre US $ 1 bilhão e US $ 2 bilhões na região nos próximos anos. Não temos um fundo dedicado, portanto, nossos investimentos na América Latina precisam competir com a América do Norte e Austrália por atratividade para entrar em nosso portfólio.

BNamericas : A transição energética global criou uma demanda por materiais específicos. Na sua opinião, quais segmentos do setor de mineração podem se beneficiar com essa tendência ambiental e quais segmentos podem ter um impacto negativo?

Scherb : ESG será o foco principal para a mineração à medida que o setor se tornar dominante. Finalmente, há uma aceitação geral do fato de que o mundo não pode existir sem mineração e que a mineração é parte da solução, e não parte do problema. ESG precisa fazer parte da sua cultura corporativa, e não apenas uma palavra da moda. O mundo está estruturalmente carente de muitas commodities importantes, mas sentimos que há outras que atualmente são negligenciadas e que apresentam pontos de entrada de valor atraente.