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Como a NextStream quer avançar no mercado de datacenters de hiperescala

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Como a NextStream quer avançar no mercado de datacenters de hiperescala

A NextStream, uma empresa criada pelo fundo de investimento britânico Actis após a aquisição do negócio de datacenters da Telefónica na América Latina, está buscando entrar no segmento de datacenter de hiperescala como seu próximo capítulo.

A empresa acaba de nomear Serafim Abreu Junior como novo CEO, tendo como um de seus mandatos fazer incursões neste segmento. Ela também tem planos mais ousados, incluindo datacenters ainda mais robustos, como aqueles focados em processamento de inteligência artificial (IA) e machine learning.

“Nosso bolso é ‘infinito’”, disse Abreu Junior à BNamericas sobre os recursos de investimento da Actis para a NextStream.

Nesta entrevista, o executivo revelou detalhes dos projetos em andamento, os próximos planos do grupo, as oportunidades de mercado, Argentina e IA.

BNamericas: Quais são seus planos à frente da NextStream? No que a empresa está mirando?

Abreu Junior: A Nextream foi criada no final de 2023 a partir da aquisição pelo fundo da Actis – Actis Private Equity – de outro fundo de investimento, também espanhol, chamado Asterion. 

O nome dessa empresa até então era Nabiax. E a Nabiax era um carve-out dos datacenters da Telefónica. A Telefônica fez essa operação no final de 2018. 

A Nabiax ficou a cargo dos datacenters até o final de 2023 e a Nextream foi criada no início de 2024, com um propósito muito definido: não somente continuar operando no segmento de wholesale, que é o segmento onde a gente está inserido hoje com uma parceria muito grande com a Telefônica, que é cliente e também é o nosso distribuidor, mas também com uma demanda muito determinada para entrar no mercado de hiperescala. 

Durante o ano de 2024, nós nos preparamos para poder jogar esse jogo.

BNamericas: O que muda para vocês?

Abreu Junior: É um negócio bastante diferente. Os clientes não estão nos países [onde atuamos], mas fora. É um processo de venda, é um nível de especificidade bastante diferente de um negócio retail e wholesale.

Durante 2024, nós trabalhamos para melhorar os ativos, melhorar os datacenters que adquirimos. Enfim, fazer toda a parte de manutenção, cuidar de obsolescência, desenvolver novos canais de vendas… toda esta parte dedicada ao mercado local. 

E, em paralelo, preparar a companhia para jogar na liga de hiperescala. Meu objetivo é equipar a companhia para que a gente possa servir a esses players da melhor forma, num mercado onde você tem o seu cliente fora do país, seja do Brasil, do México, do Chile, da Argentina ou do Peru [onde estão localizados os 11 datacenters adquiridos da Telefónica.]

Eles têm interesse de estabelecer as suas clouds públicas, as suas zonas de disponibilidade, na América Latina. E a gente vai servir a esta turma, numa primeira onda. 

BNamericas: Qual seria a segunda onda?

Abreu Junior: A segunda onda é servir esses mesmos hyperscalers, mas com a demanda de inteligência artificial e machine learning.

Estes são datacenters muito mais densos do que um datacenter de nuvem, com uma capacidade computacional muito maior. A densidade do rack sai de 14 a 16 KVA e vai para 60, 70 KVA por rack.

A boa notícia é que a gente está em uma região que tem energia limpa, abundante e barata. 

Dado que os datacenters de inteligência artificial e de machine learning não precisam estar próximos da zona de consumo, como o datacenter de nuvem, é uma grande oportunidade. E o Brasil, particularmente, é muito bem servido aqui por conta de cabos submarinos.

A gente poderia ter um datacenter em Fortaleza, no Piauí, enfim, em outros lugares onde você não tem uma densidade e uma demanda tão grande por nuvem. 

Estamos nos equipando para jogar nessas três frentes: wholesale, cloud hyperscale e IA/machine learning

BNamericas: Vamos por partes, então. Sobre os datacenters atuais, oriundos da Telefónica, vocês já fizeram o upgrade?

Abreu Junior: Estamos fazendo. Passamos o ano de 2024 trabalhando dia e noite para atualizar esses datacenters, aumentar as certificações, a segurança, a redundância. 

Avançamos aproximadamente 30% nesse processo. É um projeto de três anos, e temos feito investimentos sequenciais nos 11 datacenters.

BNamericas: Para a parte de hiperescaladores, a ideia é usar esses datacenters atuais também como base ou construir todos do zero?

Abreu Junior: Os datacenters para a hiperescala serão separados. Os datacenters que adquirimos são muito bons, eram o estado-da-arte na época, mas hoje em dia já não são mais. Hoje você tem outras tecnologias – na parte de refrigeração, por exemplo, que não usam mais a quantidade de água consumida no passado.

Os datacenters são refrigerados com um consumo muito baixo de água e outros já estão sendo desenvolvidos para utilizar liquid cooling.

Em suma, estamos criando novos datacenters. 

BNamericas: E como está esse processo?

Abreu Junior: Assinamos no final do ano passado, em 2024, um contrato para datacenter com um hyperscale no México. Fechamos esse nosso primeiro contrato e já temos vários prospects no nosso pipeline

Não posso abrir o cliente, mas é um projeto greenfield, um datacenter novo que a gente está começando do zero e que pretendemos entregar em janeiro do ano que vem.

BNamericas: É uma janela rápida de entrega... O terreno já está pronto, estruturado?

Abreu Junior: O terreno está estruturado. Já começamos a parte de movimentação de terra e temos um escopo já definido para a parte da construção civil, depois as instalações e condicionamento. 

BNamericas: Onde está localizado, em Querétaro?

Abreu Junior: É bem próximo a Querétaro. Querétaro virou um celeiro de oportunidade de datacenter. Mas optamos por ir para uma cidade próxima porque Querétaro, como teve esse boom, tem uma concorrência muito grande para consumo da energia.

BNamericas: Essa parte de energia já está equacionada? Vocês já têm isso contratado, com as licenças? 

Abreu Junior: Contratado, tudo. Já está tudo certo. Não posso abrir a potência, mas é uma potência de um datacenter de nuvem, para uma zona de disponibilidade desse cliente particular, em entrega faseada.

BNamericas: O contrato com esse hyperscaler é extensível a outros mercados ou foi fechado só para o México? 

Abreu Junior: Ele é extensível para outros mercados. O contrato, termos e condições, vale para outros mercados. Agora, a demanda é específica e depende da estratégia do cliente, de onde ele prefere colocar a capacidade para funcionar. 

Esse cliente em particular é um cliente que está investindo na América Latina.

BNamericas: Bem, todos estão... É um player novo na região? 

Abreu Junior: Não, não. Ele é um cliente já existente na América Latina e com bastante apetite para investir na região.

BNamericas: Temos visto muitos players se movimentando para entrar no segmento de hyperscalers, que já possui alguns provedores bem estabelecidos. Por outro lado, não há necessariamente tantas grandes empresas de tech no mercado. Há demanda para todos?

Abreu Junior: Há demanda. O que a gente tem observado agora nessa segunda onda pós-pandemia é que, dado que o mercado se estabilizou tanto na parte de provedores quanto na parte de clientes, os investimentos estão sendo feitos de forma muito estruturada. 

E não necessariamente o hyperscaler escolhe sempre o mesmo provedor para seus novos projetos. Além do mais, tem muita empresa migrando para a nuvem, cujo mercado não para de crescer.

Essa nova demanda agora que está vindo com IA é um pouco incerta ainda para a gente. 

BNamericas: Por quê?

Abreu Junior: A gente vai colocar um datacenter de 100 MW ou 200 MW para machine learning ou para inteligência artificial onde? Em São Paulo? Eu coço a cabeça, não sei se colocaria ali. São Paulo está extremamente saturado e eu não preciso ter proximidade com a demanda.

No final das contas, é uma estratégia que depende muito do cliente, de onde ele quer botar este datacenter, e depende muito das oportunidades. A gente tem conversado muito com as ZPEs [zonas de processamento de exportações]. Eu acho que aí realmente é uma oportunidade de você baratear todo o investimento que está sendo feito [em datacenters para IA e machine learning].

Eventualmente, se a gente conseguir isenção dos impostos de exportação de serviço, eu acho que o Brasil realmente entra no mapa global para colocar datacenter de inteligência artificial. Porque você vai ter energia renovável, energia limpa, um time que sabe operar, isenção dos impostos no capex e isenção para a exportação desses serviços.

Poderemos colocar o alfinete no mapa e transformar o Brasil em um grande centro de prestação de serviço global.

BNamericas: Onde mais vocês estão olhando na América Latina? 

Abreu Junior: Olhamos todos os países, mas principalmente onde a gente tem presença: Brasil, México, Chile, Argentina e Peru.

Vamos olhar para o quintal de casa, tem muita oportunidade para fazer nesses mercados. A gente sabe operar nesses países, sabe comprar terreno, comprar energia… a gente sabe desenvolver e construir datacenter nesses países. 

BNamericas: A Argentina já é atrativa? 

Abreu Junior: Há bastante demanda para a Argentina, coisa que a gente não via pré governo Milei.

Olhando para o mercado de nuvem, as empresas ficaram bastante sucateadas na Argentina por um bom tempo. Então, com a economia retomando, imagino que as empresas vão voltar a fazer investimento. E fazer investimento significa mudar toda a sua estrutura tecnológica e ir para a nuvem. Temos clientes interessados.

BNamericas: Fora o projeto do México, vocês têm outro em desenvolvimento, nesse momento, pra hiperescala?

Abreu Junior: Temos. Eu te diria que os projetos de desenvolvimento estão nos cinco países, em estágios diferentes. 

BNamericas: Já possuem terreno?

Abreu Junior: Sim, terreno e energia. Eu não posso falar onde, obviamente – não quero que o nosso concorrente fique sabendo –, mas posso te dizer que a gente já desenvolveu terreno nos cinco países. 

BNamericas: Vocês miram ser uma empresa de gigawatts? 

Abreu Junior: Com o capital da Actis e da General Atlantic, a equipe que temos e nossa presença nos países, estamos bem-posicionados para isso. A gente mira ser uma empresa de gigawatts.

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