Como a Nokia está buscando renovar seus negócios de rede móvel na América Latina
Apesar das parcerias com algumas das maiores operadoras da América Latina, a Nokia viu seu principal segmento de redes móveis oscilar em meio à concorrência desafiadora e à menor demanda das empresas de telecomunicações.
Olhando para 2025, a empresa está apostando em uma esperada modernização das redes de rádio existentes, novas tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) para melhorar a eficiência do espectro para empresas de telecomunicações e os próximos estágios de implantações de 5G para recuperar o ímpeto móvel e acelerar o ritmo.
Algumas dessas tecnologias foram apresentadas no Mobile World Congress (MWC), realizado em Barcelona na semana passada.
Nesta entrevista, Hugo Baeta, diretor de redes móveis da Nokia para Brasil e Cone Sul, conversou com a BNamericas sobre os planos da empresa.
BNamericas: O que você acha da participação da Nokia no MWC?
Baeta: O evento deste ano foi realmente interessante de uma perspectiva global e regional. Todos os principais clientes, parceiros e representantes governamentais estavam lá.
Temos diferentes espaços ao longo do ano para trazer novidades para a indústria, e o MWC é um deles. Como esperado, a IA foi um grande tópico, ainda mais do que no ano passado. Ela já estava na pauta há algum tempo, mas este ano começamos a vê-la de uma forma mais palpável e concreta. Não só nós, mas todo o mercado está falando muito e já mostrando uma série de coisas associadas à inteligência artificial.
Na nossa área de redes móveis, participamos da criação da AI RAN Alliance, uma aliança focada em IA e como a IA se relaciona com a rede de acesso de rádio. Mostramos três coisas principais no uso de IA para RAN [sigla em inglês para “rede de acesso por rádio”].
BNamericas: Quais foram elas?
Baeta: Como a IA rodará na rede, como ajudará a rede e como coexistirá com a rede. O que isso significa?
No primeiro caso, significa usar IA para extrair dados de uso da rede móvel para gerar outros insights, incluindo diferentes formas de monetização para as operadoras.
IA é o processamento de dados passados e presentes para que você possa projetar o que acontecerá no futuro e começar a tomar ações com base nisso.
A rede móvel tem uma vasta quantidade de dados que podem ser usados anonimamente e com segurança. Atualmente, isto é implementado no nível central da rede, como com Open Gateway e APIs interoperáveis, entre outros exemplos. Recentemente, essa abordagem também foi aplicada à rede de acesso.
Ao capturar dados sobre a localização do usuário, movimento, presença, tempo gasto em um determinado local e volume de consumo de dados, respeitando a confidencialidade, é possível obter uma visão detalhada da situação da rede e do comportamento geral do usuário. Com esses dados, algoritmos podem ser executados para desenvolver outros aplicativos e serviços.
BNamericas: Os outros casos são mais para gerenciamento de rede, certo?
Baeta: O segundo caso de uso é para gerenciamento e eficiência. É sobre como, dentro do mesmo espectro e banda, é possível transportar mais dados e com mais qualidade e, para as operadoras, com maior eficiência energética.
Hoje, há algoritmos na RAN que otimizam as bandas do espectro e as equilibram entre uma e outra, mas muitos desses algoritmos têm algumas definições estáticas. Você tem uma pessoa que programa, olha o comportamento da rede e, se uma certa coisa acontece, executa uma certa ação.
A ideia aqui é automatizar isso, fazer isso praticamente em tempo real. Temos um produto, o Manta Ray, que faz toda essa orquestração. Ele agora tem um módulo, o Manta Ray Autopilot, que oferece um grau de automação muito alto. Com isso, o operador tem um melhor aproveitamento da banda, consegue um aumento de eficiência de até 10% na capacidade de transmissão de dados com o Autopilot. Ou seja, é possível uma otimização muito maior sem investir em novo hardware ou software.
O gerenciamento de rede reduz os custos das operadoras, o que é vital. Nosso módulo Extreme Sleep, que não é novo, permite que rádios em áreas comerciais com pouco tráfego e usuários sejam desligados à noite.
O terceiro ponto – coexistência da IA com a rede – diz respeito à evolução dessa rede para um modelo virtualizado baseado em nuvem, e como a IA trabalha com essa rede na borda. Conforme esta nuvem avança, você tem um conceito de computação de borda. Onde quer que você tenha uma instalação de rádio-base, você começa a ter computação na borda da rede. Por que não usar essa computação para outras coisas, por exemplo? Como tarefas de processamento e cargas de trabalho de IA, que não têm nada a ver com a RAN.
BNamericas: Vocês prospectaram essas soluções ou elas já foram implementadas na região?
Baeta: Estamos em discussões. Algumas gerações de hardware que oferecemos já têm alguns desses recursos, ou permitem que eles sejam incorporados. Temos alguns grandes contratos em andamento, inclusive no Brasil, que já são públicos.
BNamericas: Com a TIM, por exemplo.
Baeta: Sim. Estas gerações já permitem essa granularidade de eficiência e gerenciamento de rede. O que temos estudado e buscado implementar com os clientes, obviamente dentro das prioridades de cada operadora, é explorar essas camadas de inteligência artificial.
BNamericas: O core business da Nokia – redes móveis – é o mais desafiador para as operações da empresa, particularmente na América Latina. Como você avalia o cenário para este ano?
Baeta: O período de pandemia e pós-pandemia trouxe uma dinâmica complexa de mercado global devido a fatores como cadeia de suprimentos e ciclos de investimento acelerados que deixaram algumas redes com excesso de capacidade. Estou falando globalmente. De qualquer forma, já notamos um aumento no consumo de grandes clientes, principalmente nos EUA, a partir do segundo semestre do ano passado, e a tendência é que continue crescendo.
Na América Latina, o 5G começou mais tarde, mas está avançando. Principalmente no Brasil, onde o processo do 5G foi bem coordenado pelo governo e já havia uma forte aceleração naquela época, isto é visto. Outros países estão se movendo em um ritmo mais lento, alguns ainda sem espectro totalmente regulado, mas também vemos que estão começando a entrar em um ciclo de aceleração.
Este ano deve ser positivo para a América Latina, melhor que 2024 e 2023. O número de sites 5G disponíveis em relação ao número total na rede não é baixo, mas ainda não está atingindo a saturação – longe disso.
E há também o ciclo de substituição de smartphones. As pessoas trocam de celular a cada dois, três, cinco anos, e a atualização com dispositivos 5G está começando a acelerar. Vemos o celular 5G quebrando a barreira dos 20%, chegando a 30%, e em alguns centros acima de 30%.
Obviamente, as operadoras precisam equilibrar o investimento entre 4G e 5G. A maioria delas está reduzindo significativamente, algumas praticamente eliminando, investimentos em 4G e focando em 5G.
BNamericas: No último trimestre, a América Latina foi uma das poucas regiões a cair em vendas e arrastou para baixo a região das Américas. Segundo a Nokia, isso se deveu principalmente ao segmento de redes móveis. O que explica o cenário?
Baeta: Ainda tem muita coisa para acontecer. São ciclos. Ainda tem cobertura básica para ser feita, e depois vai ter densificação de rede, que vai trazer capacidade. Mesmo em termos de cobertura, o Brasil fez um progresso muito rápido nos dois primeiros anos do 5G, nos grandes centros.
Porém, novamente, dentro do que é esperado em termos de cobertura, ainda há um longo caminho a percorrer para atingir o nível do 4G hoje.
Obviamente, há um caso de negócio econômico para a operadora. Onde eu invisto primeiro, onde eu invisto como segunda prioridade etc. Praticamente todas as operadoras já concluíram as primeiras ondas do 5G. Elas já concluíram a parte central dos grandes centros para evoluir para uma segunda prioridade, que são as cidades de médio porte e, digamos, lugares um pouco menores.
Essas ondas de investimento têm avançado. E a Nokia, com suas soluções e também com nossa estratégia, tem buscado ganhar fatia de mercado globalmente.
Além disso, estamos investindo fortemente em redes privadas. A Nokia se destaca nesse segmento na América Latina.
BNamericas: Alguns países ainda estão licitando 5G, e em alguns que já o fizeram, como a Costa Rica, a Nokia conseguiu fechar contratos. Vocês também conseguiram avançar com novos logotipos, novos participantes? E qual é a perspectiva para os outros leilões deste ano?
Baeta: Temos tido sucesso – alguns casos não são públicos, mas estamos muito conectados nesses mercados onde o 5G está sendo implementado e está começando a crescer. Por exemplo, na Argentina, apesar do leilão ter ocorrido, a implementação do 5G foi um pouco lenta, possivelmente devido aos problemas econômicos do país. Com a melhora da situação econômica em 2024, que foi o primeiro ano de um novo governo, houve melhor estabilidade econômica.
Embora as condições para os argentinos ainda não sejam ideais, já há mais possibilidades para as empresas considerarem investimentos. Acreditamos que este ano será importante para investimentos em 5G na Argentina.
Assim como em outros mercados, um leilão provavelmente ocorrerá no Paraguai e possivelmente na Bolívia também. No Uruguai, o progresso do 5G está ocorrendo em um ritmo adequado.
A situação do 5G na América Latina é variada, diferente da Europa e dos EUA, onde o 5G é mais avançado. Estamos trabalhando para capturar essas oportunidades. Estamos bem posicionados e otimistas sobre o crescimento neste ano.
BNamericas: A consolidação de operadoras na América Latina é um desafio adicional?
Baeta: Representa desafios, mas também pode abrir oportunidades para modernizar equipamentos compactos e multibanda. Pode ser um importante driver para a transformação da rede, para a modernização.
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