Chile
Perguntas e Respostas

Como a SQM está preparando inovações verdes para sua aliança com a Codelco no segmento de lítio

Bnamericas
Como a SQM está preparando inovações verdes para sua aliança com a Codelco no segmento de lítio

A produtora chilena de lítio SQM está avaliando tecnologias e incorporando inovações para tornar os processos mais eficientes e otimizar os recursos hídricos e energéticos antes do início da parceria que manterá com a mineradora estatal Codelco entre 2025 e 2060.

Atualmente, a companhia está se preparando para aumentar a produção na planta Carmen, na região de Antofagasta, no norte do país, e atingir 210.000 t/ano de carbonato de lítio e 40.000 t/ano de hidróxido de lítio.

Essa iniciativa é fundamental para a continuidade operacional do Salar do Atacama, um dos maiores reservatórios de lítio do mundo, onde a parceria público-privada desenvolverá o projeto Salar Futuro para fortalecer a sustentabilidade e incluir uma tecnologia de extração direta que permitirá chegar a 280.000 t/ano de carbonato de lítio na próxima década.

A BNamericas conversou com o gerente de automação e energia da SQM, Gerson Salas, para saber mais sobre os esforços da empresa antes da oficialização da parceria com a Codelco.

BNamericas: Quais são as principais estratégias da SQM para a automação e incorporação de tecnologias?  

Salas: Temos um ambicioso plano de sustentabilidade e neutralidade de carbono, que são fundamentais para o valor que queremos entregar através dos nossos produtos. Já somos uma empresa com baixo nível de pegada de carbono, mas continuaremos trabalhando em aspectos como redução do consumo de água continental nos processos.

Temos projetos de aproveitamento de água do mar e estamos sempre em busca de equipamentos mais eficientes. Por exemplo, trabalhamos muito com o processo térmico que tem alto consumo de combustível e energia elétrica. Estamos trabalhando para reduzir esses fatores ou migrar para energias verdes. Em um futuro próximo, queremos ter uma matriz elétrica completa de energias renováveis.

Também estamos realizando a renovação e reconversão de diversos processos químicos nas nossas plantas para melhorar as concentrações das soluções e usar menos água. Na verdade, já reduzimos em 30% o consumo de água nos processos e continuaremos com isso. Estamos convencidos de que a mineração tem que ser mais sustentável e que o nosso valor é oferecer um produto mais verde.

BNamericas: Em relação ao uso da água do mar, vocês terão um fornecedor ou desenvolverão uma usina própria?

Salas: Temos um projeto de bombeamento de água do mar que está sendo planejado com o objetivo de termos água própria e, assim, reduzir o consumo de água continental.

BNamericas: A SQM incorporou caminhões e ônibus elétricos, como continuarão avançando na descarbonização das frotas?

Salas: A eletromobilidade é um tema no qual temos trabalhado muito, e queremos mudar toda a nossa frota para veículos elétricos, começando no curto prazo com a mudança das frotas para o transporte do pessoal.

Além disso, estamos testando máquinas elétricas para reduzir as taxas de emissões ao usar empilhadeiras, escavadeiras e tratores. Também acreditamos que conseguiremos capturar 100% das emissões geradas pelos sistemas térmicos com atividades de reprocessamento e conversão.

BNamericas: Como parte da estratégia nacional de lítio do Chile, o presidente do conselho de administração da Codelco, Máximo Pacheco, disse que serão incorporadas tecnologias de extração direta após 2030. Vocês já estão testando alternativas?

Salas: Sim, estamos testando tecnologias para validar determinadas condições operacionais, como o comportamento dos equipamentos com salmoura, e verificar seu desempenho. É preciso ter uma certa eficiência.

É muito provável, como disse Pacheco, que o uso da tecnologia em escala industrial comece depois de 2030, até porque são sistemas que consomem muita energia elétrica e, como sabemos, no Chile, a infraestrutura e a matriz energética são limitadas. Por isso, estamos avaliando isso como parte do nosso compromisso e planejamento ambiental, mas sem perder o foco no nosso negócio, que é a produção de lítio.

BNamericas: Pela parceria com a Codelco, o plano é aumentar a produção de lítio de 170.000 toneladas em 2023 para 280.000 toneladas após 2030. Como vocês alcançarão essa meta?  

Salas: A parceria com a Codelco nos permitirá estender o contrato que existe com [a agência de desenvolvimento] Corfo de 2030 a 2060 e desenvolver lítio por mais 30 anos no salar. Isso implica a reconversão de processos, e há soluções que estão sendo avaliadas, como o projeto Salar Futuro.

Este ano, aumentaremos a produção para 200.000 toneladas para suprir a demanda de eletromobilidade e de outros mercados.

BNamericas: A SQM avaliou a possibilidade de promover projetos de fabricação de materiais catódicos ou de baterias?  

Salas: Na SQM, o foco é a extração e produção de matérias-primas, tendo carbonato e hidróxido de lítio como produtos finais para o desenvolvimento de baterias e de outros materiais, como os necessários para o mercado farmacêutico.

A China já tem um desenvolvimento muito grande na fabricação de baterias, com empresas automatizadas que geram alta produção e têm uma mão de obra muito mais barata.

Hoje, concorrer com o mercado chinês e ter competitividade é algo complexo, mas não impossível. Acho que, em médio e longo prazo, o Chile poderá ter sua própria indústria de produção de cátodos ou baterias. Mas, nosso core business é diferente, parecido com o caso dos australianos, que também fabricam matérias-primas, e não baterias, o que fazem bem e com lucro.

BNamericas: Qual a sua opinião sobre os substitutos das baterias de lítio, considerando que já existem baterias de sódio e especialistas que buscam melhorar sua densidade energética?  

Salas: Como qualquer insumo crítico, sempre haverá a busca por substitutos, com pesquisadores e empresas tentando encontrar uma solução ou substitutos para abrir novos mercados. Este é um negócio emergente, mas ainda não há nada concreto e, pelo menos nos próximos cinco a dez anos, não creio que haja um substituto capaz de cumprir as especificações de densidade energética ou de capacidade de armazenamento e velocidade de descarga do lítio.

BNamericas: Como vocês gerenciam a segurança nas fábricas de produtos químicos da SQM para evitar casos como o incêndio que ocorreu em uma fábrica de baterias de lítio na Coreia do Sul?

Salas: Temos um plano de mitigação dos diversos riscos que podem surgir, tanto em nível operacional quanto em nível de produto, pois é, de fato, um produto que, ao entrar em contato com outros materiais, pode se tornar perigoso.

Pensamos sempre na proteção das pessoas e dos nossos trabalhadores. Nossas plantas são construídas com base na capacidade de mitigar e proteger a integridade de pessoas e ativos, com projetos seguros, elevados padrões de especificações, mapas de controle de riscos e medidas de prevenção aplicáveis a todas as áreas.

BNamericas: Como vocês enfrentarão o aumento das tarifas de energia elétrica que será aplicado no Chile a partir deste mês?

Salas: Não somos diretamente afetados, pois ele se aplica a clientes regulados. Ainda assim, em todo caso, estamos trabalhando desde o ano passado para administrar melhor os recursos e já temos certificados de gestão energética e um plano de eficiência energética para o consumo elétrico e térmico.

Veremos o impacto mais à frente, com o avanço da retificação das tarifas em áreas como infraestrutura, pedágio e outras. O desafio é trabalhar com tecnologias que permitam um menor consumo de energia elétrica, sem perder eficiência e melhorando a produtividade dos ativos.

BNamericas: A subsidiária SQM Lithium Ventures está comprometida em investir em startups para identificar novas soluções tecnológicas…

Salas: A SQM está investindo venture capital para buscar inovações na produção de lítio e soluções alinhadas a fatores como sustentabilidade, economia de água e energia e valor agregado nos processos. As soluções podem envolver conversão, modificação ou incorporação em alguma área do processo industrial.

Há muita confiança nessa nova experiência, que fornece capital para que as startups possam ter a oportunidade de desenvolver suas ideias e levá-las a um nível superior.

BNamericas: Quais foram as tendências apresentadas na conferência de mineração digital da Gecamin, realizada de 3 a 5 de julho?

Salas: O evento superou nossas expectativas. Participaram cerca de 560 pessoas, desde representantes da academia até mineradoras. Foi uma boa oportunidade para compartilhar experiências, boas práticas e conhecimentos provenientes de projetos e cases de sucesso.

A tendência é marcada pela digitalização, robótica e automação para alcançar uma mineração mais sustentável, baseada na inovação. Isso faz parte de uma transformação digital que envolve pessoas, já que é fundamental formar o capital humano para implementar as tecnologias de forma unificada.

Tenha acesso à plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina com ferramentas pensadas para fornecedores, contratistas, operadores, e para os setores governo, jurídico e financeiro.

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.

Outros projetos em: Mineração e Metais (Chile)

Tenha informações cruciais sobre milhares de Mineração e Metais projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.

  • Projeto: La Huifa
  • Estágio atual: Borrado
  • Atualizado: 4 dias atrás
  • Projeto: Encierro
  • Estágio atual: Borrado
  • Atualizado: 4 dias atrás
  • Projeto: Atacamita
  • Estágio atual: Borrado
  • Atualizado: 1 semana atrás

Outras companhias em: Mineração e Metais (Chile)

Tenha informações cruciais sobre milhares de Mineração e Metais companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.

  • Companhia: Agencias Universales S.A.  (Agunsa)
  • A descrição contida neste perfil foi retirada diretamente de uma fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores do BNamericas, mas pode ter sido traduzida aut...
  • Companhia: CFVV
  • A descrição contida neste perfil foi retirada diretamente de fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores do BNamericas, mas pode ter sido traduzida automat...