Colômbia , Brasil e México
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Como a Tivita pretende se tornar o ‘ERP financeiro’ para a saúde na América Latina

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Como a Tivita pretende se tornar o ‘ERP financeiro’ para a saúde na América Latina

A Tivita, fintech brasileira focada na gestão financeira de clínicas e consultórios médicos, está preparando novos serviços para o setor, incluindo uma conta digital, ao mesmo tempo em que vê a Colômbia e o México como mercados de expansão na América Latina, revelou à BNamericas seu cofundador e CEO, Claudio Franco.

Tudo isto acontece depois que a empresa fechou uma rodada de financiamento inicial de US$ 6 milhões no mês passado, apenas um ano após sua criação. O investimento foi liderado pelo fundo FinTech Collective, com participação de K50 Ventures, MAYA Capital e SSV.

“Vemos a Tivita como capaz de reimaginar a gestão financeira na área da saúde em toda a América Latina. Este é o maior investimento feito pelo fundo no Brasil desde a sua origem”, afirmou Carlos Alonso-Torras, sócio do FinTech Collective, em comunicado.

Desde que o produto foi lançado, em janeiro, a empresa conquistou 120 clientes em 16 estados brasileiros. A Tivita oferece sua solução em dois modelos de contratação: assinatura mensal fixa para equipes de saúde e modelo pós-pago flexível para consultórios que atendem até 100 pacientes por mês.

Franco e seu sócio Amilton Paglia têm unicórnios em sua trajetória. O primeiro é ex-CMO da Gympass/Wellhub, enquanto Paglia era CPO da Olist.

Nesta entrevista, Franco fala sobre os planos da fintech.

BNamericas: Como foi a estruturação da Tivita?

Franco: Eu tenho dois filhos e, quando se tem filhos, você acaba tendo um contato muito intenso com a área da saúde. Você tem que fazer o parto, levar no médico, pronto-socorro, farmácia etc. E essa vida intensa acabou me despertando muita curiosidade de saber por que o setor da saúde, que é um dos mais importantes de qualquer economia, estava tão atrasado do ponto de vista de tecnologia. 

Eu trabalhava com academias no Gympass e com escolas na Isaac, uma fintech para escolas privadas. E esses setores estavam muito mais avançados. Foi aí que no ano passado eu decidi explorar algumas teses, todas elas na área da saúde. 

Testei algumas ideias antes de chegar na tese da Tivita. E quando cheguei na tese, procurei quem seria a pessoa que seria mais complementar. Eu não queria fazer isso sozinho, então fui atrás de um sócio e me juntei com o Amilton, que tem uma vivência de tempo de tecnologia, de design de produtos, de construção de produtos. 

BNamericas: E o que é esta tese? 

Franco: Conversamos com profissionais da saúde, desde aqueles que eram recém-formados, aqueles que tinham acabado de abrir seu primeiro consultório e aqueles que já estão mais consolidados, que já eram empresários, tinham várias clínicas, eram sócios de vários negócios na área. E a primeira coisa que percebemos é: não importava o tamanho da unidade de saúde, a gestão de caixa era feita no Excel. Mesmo aqueles que tinham contratado os melhores sistemas de gestão disponíveis aqui no Brasil. Eles faziam toda a gestão de agendamento e prontuário clínico no software. E todo o resto – saber quanto cada um ganha, quanto tem que pagar para os fornecedores, para os médicos parceiros, ou se tem necessidade de crédito – tudo isso era feito no Excel. Em alguns casos, num bloco de papel. 

A grande maioria dos softwares hoje disponíveis aqui no Brasil foram construídos com o princípio de ser uma ferramenta para ajudar quem está lá na clínica. Mas a segunda geração de software, que é a geração que já havíamos vivenciado e dominávamos muito, é aquela em que você ensina o software a fazer o trabalho de uma pessoa. Isso não existia na área da saúde. 

E a terceira coisa que descobrimos é que o conceito de embedded finance, que é ter produtos financeiros integrados com software, ainda não existia na área da saúde. Juntamos tudo isso.

BNamericas: Como se estrutura a plataforma de vocês?

Franco: A primeira frente a que nos dedicamos foi automatizar tarefas manuais feitas nas clínicas hoje. Então, se você vai ao médico, por exemplo, e paga sua consulta no PIX, nós capturamos esse pagamento automaticamente, damos a baixa do pagamento e geramos a nota fiscal automática. Isto chega via WhatsApp, e você não precisa ficar falando com a secretária ou com a pessoa responsável pelo financeiro da clínica. 

Então, o primeiro fluxo que ensinamos para o software é o de contas a receber. Nós ainda não processamos os pagamentos nas clínicas referentes a planos de saúde. Esta é a nossa próxima frente. Captamos essa rodada, inclusive, para isso.

BNamericas: Como foi a conversa com os fundos?

Franco: Eu já era muito conectado com alguns fundos. Alguns deles me perguntavam: “você pensa em empreender algum dia? Me conta quando você decidir empreender, porque a gente quer te acompanhar.”

Sempre mantivemos contato com fundos que considerávamos que poderiam nos ajudar em algum momento da nossa jornada. Só que, no começo desse trimestre, quando atualizamos os fundos de onde estávamos, eles ficaram surpreendidos. Alguns foram falar com os nossos clientes, perguntar por que eles gostavam de nós. Foram falar com outros potenciais clientes que ainda não atendíamos. E tudo isso foi gerando uma vontade de fazer um investimento. 

BNamericas: Você disse que boa parte dos recursos vai ser direcionada para essa segunda fase, que é processar pagamento de convênio médico. O que mais vocês pretendem fazer?

Franco: Vamos construir toda a infraestrutura para processar pagamentos de plano de saúde. A segunda coisa é a cuidar do repasse dos médicos dentro de uma mesma clínica. Nosso maior cliente hoje tem 13 médicos que trabalham no mesmo local. Todo mês eles precisam calcular quanto têm para pagar de cada atendimento que cada médico fez.

Outra coisa é o agendamento. Ele é o primeiro contato que o paciente tem com uma clínica ou com um consultório, e é um ponto de coleta de dado muito importante. Se não se automatiza esta parte, você gera um trabalho muito operacional para fazer a cobrança do paciente depois. 

Então vamos avançar um pouco mais para o começo da jornada do paciente, para automatizarmos ainda mais o faturamento dos nossos clientes. Agendamento, repasse aos médicos e o faturamento para o plano de saúde: são os três grandes investimentos que vamos fazer até o final do ano.

BNamericas: Vocês irão competir com os ERPs mais estabelecidos para o setor de saúde? Eles não dão conta desta parte de gestão?

Franco: Eu dividiria o mercado em três. Você tem o mercado enterprise, que atende o hospital e a operadora de saúde. Os três principais players de software do Brasil hoje são o Tasy – que foi comprado pela Philips –, o MV, e o Pixeon. Eles dominam todos os hospitais do Brasil praticamente. Este mercado enterprise exige muito investimento, muita integração, muita segurança de dados e são projetos praticamente customizados para cada cliente. Não vamos entrar neste nicho, não é nossa expertise. 

Você tem também o middle market. Este nicho de clínicas de médio porte é atendido por iClinic, Feegow e Amigo (que acabou de fazer uma rodada enorme com a Riverwood).  

E depois você tem o longtail, a base. Ele é mal atendido hoje. Além do mais, você tem uma sensibilidade muito grande a preço nesse nicho. E são pessoas que muitas vezes nem têm uma secretária. 

Estamos olhando para middle market e longtail. Tivemos uma aceitação muito grande desse público de profissional autônomo e estamos crescendo muito agora no segmento do middle market.

BNamericas: Você falou de agendamento. Vocês querem ser um ERP para o setor de saúde, então? Para além da gestão financeira?

Franco: Sim, mas com dois diferenciais. Um, não seremos uma ferramenta de produtividade. Tudo o que lançarmos no mercado será para ajudar o nosso cliente a automatizar algo manual. E a segunda é a integração com sistemas financeiros. 

Por exemplo, temos a ambição de lançar uma conta digital. Queremos integrar o sistema de pagamentos – o que já fazemos hoje – com o sistema financeiro e ter uma conta digital, na qual o cliente consegue fazer pagamentos e receber pagamentos direto nessa conta.

BNamericas: Para quando?

Franco: A conta é algo que planejamos para 2025 – não é nossa prioridade ainda, tem muito trabalho para ser feito.

BNamericas: A América Latina é interessante para vocês? Estão em conversas?

Franco: Sim. Olhamos para alguns mercados que têm uma condição muito parecida com a do Brasil, mas que não estão ainda tão avançados do ponto de vista de pagamentos. 

O México é um país sensacional, o segundo maior mercado que temos hoje na América Latina. É muito parecido com o Brasil do ponto de vista de saúde suplementar e saúde privada, mas não é tão avançado em meios de pagamento. Estamos acompanhando como o México evolui a parte de regulação, como diminui o uso de efetivo.

Outro país que olhamos muito é a Colômbia, que já avança mais rapidamente em meios de pagamento, como cartão de crédito, e tem uma população jovem também – isto acaba acelerando muito a adoção de tecnologia. Mas o país está numa situação, do ponto de vista de healthtech, mais atrasada que o Brasil. Os dois, México e Colômbia, estão atrás. 

Então há oportunidades. Queremos ser o líder de tecnologia financeira e tecnologia de automação da saúde na América Latina, e estes dois mercados são super importantes. Além do mais, o Fintech Collective, que liderou o nosso aporte, fez grandes investimentos na Colômbia e no México. 

Um deles foi na Symetric, uma empresa colombiana incrível. Está gigante já nos EUA. Eles receberam uma rodada grande com o Goldman Sachs. E foi o Carlos que os descobriu lá na Colômbia. Esta sinergia é muito positiva quando você tem um fundo que entende muito de fintech e da região.

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