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Como as enchentes no Rio Grande do Sul podem impactar a economia brasileira

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Como as enchentes no Rio Grande do Sul podem impactar a economia brasileira

Economistas e autoridades do governo federal têm avaliado o impacto gerado pelas enchentes sem precedentes no Rio Grande do Sul.

As intensas chuvas no quarto maior estado do país resultaram no transbordamento de rios e no colapso de diques, deixando uma grande área do Rio Grande do Sul inundada e causando a morte de mais de 150 pessoas.

O governo está monitorando diariamente os impactos e anunciou diversas medidas para auxiliar na recuperação do estado.

Luis Octavio Leal, economista-chefe da empresa de gestão de ativos G5 Partners, discutiu com a BNamericas o impacto do desastre natural na economia brasileira.

BNamericas: Qual a sua expectativa atual para o PIB do Brasil em 2024?

Leal: Neste momento, estou percebendo alguns indicadores econômicos piores do que o esperado. Nós fazemos o acompanhamento diário de diversos indicadores, e desde fevereiro percebemos uma deterioração do cenário. Diante disso, reduzimos recentemente nossa projeção do PIB do primeiro trimestre de uma expansao de 0,7% para um crescimento de 0,5%. Enquanto isso, nossa projeção para o ano continua sendo de uma de expansão de 2,1%.

BNamericas: A sua projeção atual do PIB já contempla os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul?

Leal: A dificuldade para se calcular todos os efeitos da enchente no Rio Grande do Sul é que a água em muitos locais ainda não baixou.

No entanto, fizemos duas projeções para tentar medir o impacto econômico da situação.

Uma das projeções que fizemos foi calcular o peso de todos os setores agrícola, industrial e de serviços daquele estado, projetando o impacto dos dias parados dessas atividades devido às enchentes. Esse modelo nos deu um resultado de um impacto negativo de 0.4% no PIB do pais esse ano.

Ao mesmo tempo, adotamos outro modelo de projeção que procurou paralelos em desastres semelhantes e optamos por estudar o que aconteceu com o furacão Katrina em termos econômicos.

[ Nota do editor: O furacão Katrina passou pelos estados do sul dos Estados Unidos em 2005, causando centenas de mortes e grande destruição na região]

Ao fazer simulações do que aconteceu nos Estados Unidos naquela época, fazendo as ponderações atuais e levando em conta as particularidades do Brasil e do estado do Rio Grande do Sul, chegamos a um potencial impacto negativo de 0,3% para a economia brasileira esse ano.

Então, temos uma visibilidade segundo nossos modelos de que o impacto econômico negativo para esse ano dos eventos ocorridos no Rio Grande do Sul é de cerca de 0.3% - 0.4%  no PIB  do país.

Mas, por enquanto, não vou mudar a minha projeção do PIB de todo o ano, porque quero aguardar as informações do PIB do primeiro trimestre. Se o número do primeiro trimestre for melhor que o esperado, é possível que a revisão do PIB devido aos efeitos do Rio Grande do Sul seja menor ou nem exista, porque o desempenho econômico do primeiro trimestre exerce um impacto estatístico importante no desempenho da economia durante o ano todo.

BNamericas: Os projetos de reconstrução da infraestrutura do estado pode ter um efeito positivo no PIB?

Leal: Sim, terão um efeito positivo no PIB, mas a tendência é que isso só tenha impacto na economia em 2025.

Então, é possível dizer que as enchentes no Rio Grande do Sul terão um efeito baixista no PIB do Brasil neste ano e um efeito altista no próximo ano, devido a esses projetos de reconstrução no estado.

BNamericas: Quais são os efeitos desses eventos no Rio Grande do Sul sobre as taxas de juros e a inflação?

Leal: Sobre os juros, há um efeito fiscal relacionado às medidas que o governo está anunciando em apoio ao Rio Grande do Sul.

Já na inflação, em junho deveremos observar um impacto inflacionário por causa do preço do arroz, que deve subir por causa das enchentes nas áreas de produção de arroz naquele estado.

Mas eu acredito que o Banco Central não deveria tomar nenhuma decisão de política monetária com base no que está acontecendo no Rio Grande do Sul.

BNamericas: Por que não?

Leal: Porque pelo lado da inflação os efeitos devem ser de curto prazo. Em breve, o preço do arroz deverá cair, com o governo aumentando as importações para conter os efeitos na produção local.

Do lado fiscal, o efeito sobre a política monetária tende a ser nulo.

Geralmente, quando há expansão fiscal, aumento dos gastos do governo, isso gera um efeito inflacionário porque há mais dinheiro circulando na economia, e as pessoas usam esse dinheiro para consumir mais.

O que aconteceu no Rio Grande do Sul é diferente.

Esperamos que o custo da reconstrução seja de até R$ 85 bilhões [US$ 16,5 bilhões], mas na prática esse valor não significa dinheiro que as pessoas irão pegar e usar para consumir. Esses recursos serão usados para investir na recuperação da infraestrutura, então tem um efeito diferente, que não vai gerar inflação e por isso não acho que o Banco Central deva considerar esses efeitos na sua decisão de juros.

BNamericas: E qual a sua previsão para a taxa Selic no final deste ano?

Leal: Minha projeção da Selic para o final do ano é de 9,25%, mas devo revisar para 9,75%.

Esta revisão não está associada aos efeitos do Rio Grande do Sul, mas sim à afirmação anterior de que o banco central já manifestou preocupação com a inflação e também devido a sinais não tão claros do Fed nos Estados Unidos de que talvez a taxa de juros tenha vencido não caia tão rapidamente quanto o esperado.

As decisões do Fed têm efeito nas decisões dos bancos centrais em todo o mundo.

Minha projeção de inflação para este ano não mudou, estimo uma inflação de 4%.

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