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Como o Brasil pode impulsionar seu potencial em minerais críticos

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Como o Brasil pode impulsionar seu potencial em minerais críticos

Como anfitrião da conferência climática COP30 da ONU em 2025, o potencial de transição energética do Brasil estará em foco, incluindo o papel dos minerais críticos.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve mostrar os avanços na luta contra as mudanças climáticas durante o evento.

“Vejo que o Brasil avançará nas iniciativas associadas aos minerais críticos, principalmente porque teremos a COP30 no país e os agentes públicos estarão mais engajados nessa corrida. A COP30 deverá ajudar a acelerar iniciativas públicas a serem anunciadas ao longo do ano e durante o evento. Teremos uma diversidade de agentes comprometidos com isso”, disse à BNamericas Patricia Muricy, líder da indústria de Energy, Resources & Industrials da Deloitte. 

Nesta entrevista, Muricy também fala sobre potencial mineral, regulamentações e outros aspectos relacionados ao setor de mineração no Brasil.

BNamericas: Qual é o papel e o potencial do Brasil no segmento de minerais críticos?

Muricy: Vejo já um papel central e relevante em relação aos minerais críticos.

O Brasil é abundante em termos de reservas e temos ainda grande parte das áreas do território não exploradas, ou seja, devemos ter muito mais reservas no país do que imaginamos.

Aliado a isso, hoje o mundo, Estados Unidos, União Europeia, estão olhando para minerais críticos em outros países para mitigar os riscos da grande dependência da China, buscando países mais amigáveis.  

Há um foco muito grande desses países rumo a eletrificação e isso leva a mais buscas por minerais críticos.

Diante disso, o Brasil tem vantagens muito grandes até pelo fato de, além de reservas, já ter uma matriz energética bastante limpa.

BNamericas: Quais os desafios para desenvolver o real potencial do Brasil?

Muricy: Para o Brasil conseguir explorar esse potencial depende de uma série de fatores.

Primeiro, precisamos de uma forte atuação do governo. Os Estados Unidos e a União Europeia já têm incentivos para investimentos em ativos mais verdes, enquanto no Brasil, apesar de termos equipes técnicas muito competentes dentro do governo, vemos uma certa morosidade de ações.

Precisamos ter no Brasil uma maior rapidez para avançarmos com políticas e regulamentações, por exemplo, aspectos como o associado a regulação de um mercado de carbono.

Não podemos perder uma janela de oportunidade muito importante, porque temos recursos e ainda muito a ser explorado em termos de potencial.

Outro aspecto que precisamos avançar é com relação ao acesso a capital para as empresas, mas sem clareza em políticas públicas isso também não avança.

Novamente mencionando  os Estados Unidos e a União Europeia, nessas regiões há incentivos para fomentar a atividade de exploração mineral. Aqui no Brasil, temos 40, 50 empresas juniores que não têm acesso a capital do investidor estrangeiro.

BNamericas: Temos visto no Brasil a entrada de alguns fundos de investimentos, locais e internacionais, em empresas de mineração. Esse desenvolvimento facilita a captação de recursos?

Muricy: Recentemente, em um evento na B3 [Bolsa de Valores de São Paulo], vimos exemplos internacionais de empresas juniores tendo acesso a capital, mas isso exige profissionalização das empresas, confiabilidade do report financeiro.

No entanto, muitas empresas juniores no Brasil hoje lutam para conseguir recursos para comprar coisas básicas, equipamentos para suas operações e sobra pouco para investir em uma maior profissionalização. É necessária uma forca tarefa para dar acesso ao capital a essas empresas.

BNamericas: Quais minerais críticos são mais promissores no Brasil em termos de extração e investimento?

Muricy: Eu diria que além de mais potencial, há também minerais que são mais procurados globalmente e eu colocaria nessa lista o lítio e o cobre como dois dos principais, mas também cobalto, nióbio e terras raras.

BNamericas: Quais são os principais gargalos do setor de mineração brasileiro atualmente?

Muricy: O licenciamento é o mais problemático e também a segurança jurídica.

Em relação ao licenciamento ambiental, não estou falando em relaxar regras ambientais, mas sim otimizar procedimentos.

A experiência internacional mostra casos interessantes. Existem províncias no Canadá que criaram um único órgão para avaliar os processos, e isso facilita bastante.

Na Austrália, há a possibilidade de ter as informações sobre um processo de licenciamento em um único pacote para que as partes envolvidas nesse processo possam ser informadas.

A demora no licenciamento encarece os projetos, porque um processo aprovado em dois anos não tem o mesmo custo que um aprovado em cinco anos.

BNamericas: De que maneira incidentes como os que envolveram os rompimentos de barragem de rejeitos em 2015 e 2019 afetam a percepção da sociedade sobre o setor de mineração?

Muricy: Ha dois fatores no Brasil que vejo que impactam muito a percepção da sociedade em geral com o setor de mineração. 

Colocando em contexto global, se olharmos países como Austrália e Canada, as pessoas de forma geral entendem a importância da mineração para a economia desses países e investem no setor.

No Brasil, esses incidentes que você mencionou afetaram a percepção das pessoas sobre o setor, mas, além disso, há também uma percepção negativa por parte das pessoas que associam a atividade ao desmatamento ou mesmo ao desrespeito aos direitos dos povos originários. Isso acontece porque as pessoas não conseguem separar o que é mineração legal do que é atividade ilegal.

As pessoas têm uma visão muito arcaica sobre a mineração. Elas também associam a atividade ao uso escasso de automação, o que não é verdade, e isso acaba afetando até mesmo a atração de talentos.

BNamericas: O Congresso brasileiro está debatendo uma reforma tributária que incluiria um imposto seletivo sobre mineração. Como isso pode impactar o setor?

Muricy: Imposto sempre afeta o calcula dos investimentos. Mas além do imposto em si, é necessário acompanhar detalhes do que está sendo pensado sobre esse imposto seletivo, como por exemplo, em que fase da atividade de mineração a alíquota que vem sendo sugerida será colocada. Mas de qualquer forma, isso sempre impacta os cálculos. 

BNamericas: Como a eleição dos Estados Unidos, que será realizada no dia 5 de novembro, pode impactar a transição energética global?

Muricy: O que posso dizer é que há uma candidatura nos Estados Unidos com tem uma candidatura que aponta para um menor esforço em relação a descarbonização do que outra candidatura. 

Claro, isso impacta a corrida por minerais críticos, mas talvez os efeitos não sejam tão óbvios e claros. É necessário avaliar o que de fato será implementado pela próxima administração.

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