
Como o Pátria do Brasil planeja expandir seus negócios de infra-estrutura de telecomunicações
A Winity Telecom, uma empresa de infraestrutura sem fio criada no ano passado pelo Pátria Investimentos do Brasil, se tornou a mais nova operadora de telefonia móvel brasileira após adquirir uma licença no grande leilão de espectro do país realizado na semana passada.
A Winity pagou R $ 1,4 bilhão (US $ 252 milhões), representando um prêmio de 806%, por um bloco na banda de 700 MHz para 4G. A empresa vai operar um modelo de atacado, oferecendo espectro e infraestrutura sem fio para outras operadoras, e planeja instalar 5.000 torres de celular até 2029.
Os investimentos para a Winity vieram do Fundo Pátria Infraestrutura 4, com US $ 2 bilhões captados para a criação da empresa. O Pátria possui mais de US $ 15 bilhões em ativos sob gestão e mais de 55 empresas em seu portfólio.
Na área de infra-estrutura de telecomunicações latino-americana, o grupo atua no setor de datacenter através da Odata e no mercado argentino conta com a Argentina Telecom Infrastructure Solutions (ATIS), uma operadora neutra (atacado) de infraestrutura de telecomunicações para empresas locais.
Para saber mais sobre os planos de expansão do grupo, o BNamericas conversou com Felipe Pinto, sócio do Pátria e chefe da divisão de infraestrutura, e com o CEO da Winity, Sergio Bekeierman (foto).
BNamericas : A banda de frequência de 700 MHz adquirida pela Winity, como todas as outras bandas do leilão, possui uma série de compromissos de investimento vinculados a ela. Nesse caso, cobertura para rodovias e trazendo 4G para localidades sem conectividade. Já decidiu como fazer esses investimentos a partir do ano que vem?
Bekeierman : Temos uma vasta experiência no Pátria no setor de infraestrutura de dados. Em 2012 fui um dos cofundadores de uma empresa [ Highline ] voltada para esse segmento aqui no Pátria. Tínhamos a visão, naquela época, que a chegada do 4G aceleraria a demanda por infraestrutura.
Construímos mais de 1.300 torres e, em dezembro de 2019, vendemos a empresa para um fundo americano [ Digital Bridge , antiga Colônia Digital].
Ao longo desses 10 anos, adquirimos muita experiência na construção de redes de acesso e estamos muito confiantes em nossas capacidades para os compromissos que assumimos no leilão, que é conectar mais de 600 locais remotos e vilas sem 4G e muito mais mais de 30.000 km de rodovias federais ligando partes importantes do país.
Para contextualizar o leilão, tivemos mais de 50 executivos dedicados a entender cada aspecto do edital.
Interagimos com todo o ecossistema de fornecedores e parceiros técnicos para que pudéssemos apresentar uma proposta madura sobre os compromissos de capex, as dificuldades nas regiões que teríamos que enfrentar, etc.
Decorreram 30 dias entre a publicação do edital e a entrega da proposta. Um tempo de preparação muito curto, mas muito intenso.
Pinto : Do ponto de vista da necessidade de capital, são 2 bilhões de reais [obrigações de investimento atreladas à banda], mais o direito de uso da frequência, que pode ser pago em 20 anos.
Internamente, o Winity faz parte da carteira do Fundo nº IV do Pátria, um fundo de US $ 2 bilhões, que tem outros investimentos, mas tem plena capacidade de fornecer o patrimônio necessário [para os compromissos do Winity].
E é claro que também vamos financiar o capex com contratos de financiamento de longo prazo, seja por meio de emissão de debêntures de infraestrutura, contratos built-to-suit ou outras fontes de financiamento disponíveis.
Bekeierman : Respondendo especificamente a sua pergunta sobre os investimentos do próximo ano, passaremos agora por uma fase intensa, um prazo de até 30 dias até a assinatura dos contratos de autorização com a [reguladora do setor] Anatel .
Pretendemos usar esse período para definir nosso cronograma final de implantação, respeitando o cronograma de investimentos da Anatel, que varia de 2023 a 2029.
BNamericas : Você mencionou anteriormente os planos de instalar até 5.000 torres no Brasil até 2029.
Bekeierman : Exatamente. Esse compromisso de investimento é válido até 2029. Esse número é resultado de um estudo que fizemos para avaliar a necessidade de cobertura dos trechos de rodovias e das localidades sem 4G.
Pinto : É uma estimativa. Pode ser mais ou até menos do que isso.
BNamericas : Quantas torres tem o Pátria / Winity?
Bekeierman : Hoje temos um contrato de 500 torres com a TIM . Destes, 200 já foram entregues.
Vale dizer que somos uma empresa que começou a operar há um ano.
Este projeto terá grande relevância para a empresa. Contaremos com os maiores construtores de torres de celular do mercado. A magnitude deste projeto de 5.000 torres é incomparável.
Pinto : A Winity passa a ser talvez a principal empresa de torres do Brasil, da América Latina, e talvez uma das maiores do mundo - pelo menos neste período em que estará cumprindo suas obrigações de licitação.
Este é o nosso modelo. Identificamos um gargalo, a necessidade de infraestrutura, e se não temos uma empresa para fazer isso, a criamos. Fizemos isso em diversos setores, inclusive com o Odata em 2015, e a empresa hoje é uma das principais operadoras de datacenter da América Latina .
Winity é o resultado de uma experiência de muito sucesso com uma empresa [Highline] que criamos com nosso Fundo II. Nós a criamos, implantamos 1.300 torres e depois vendemos a empresa. Vendemos porque fazia parte do ciclo de cinco, seis anos, pensado para ele.
Vimos então uma nova oportunidade com a consolidação do 4G e o crescimento do 5G, que exigirá infraestrutura adicional para o desenvolvimento sem fio. É por isso que criamos Winity no ano passado.
BNamericas : O leilão 5G já estava no radar de todos no ano passado no Brasil. Você criou o Winity pensando especificamente em focar no concurso?
Pinto : Quando aprovámos o investimento na Winity, vimos uma enorme necessidade de infraestruturas wireless, quer participemos ou não no leilão.
Tanto que a Winity nasceu com um contrato de 500 torres com a TIM. Mas o leilão, é claro, é uma parte fundamental da estratégia da Winity.
Bekeierman : Estamos convencidos de que esta é uma indústria 'superfome' do ponto de vista de infraestrutura, com o consumo de dados crescendo a uma taxa de 30-40% ao ano. E os operadores sempre têm ciclos de tecnologia novos e diferentes.
Mas entendemos que o leilão seria um grande transtorno em termos de demanda e em termos de novos investimentos a serem contratados. Preparamos a plataforma com um ano de antecedência não só para estudar tudo isso, mas também para pensar em modelos de negócios, como nos posicionar.
O leilão teve muito sucesso em trazer muita segurança ao modelo de negócios que idealizamos, que é o atacado. Olhar a frequência não apenas como uma oportunidade de investimento, mas como mais um elemento de infraestrutura para se integrar com torres, equipamentos, tornando-se um provedor de infraestrutura o mais completo possível.
Em um passado não tão distante, cada operadora competia por espectro - um ativo finito - e assumia os compromissos [de investimento], cada uma construindo sua própria rede separada, muitas vezes de forma sobreposta, com pouca racionalidade de investimento.
Viemos com o objetivo de compartilhar a infraestrutura tanto quanto possível. A Winity está agora em uma posição privilegiada como a primeira operadora de atacado [no Brasil] a construir infraestrutura e trazer eficiência aos investimentos de nossos clientes.
BNamericas : Já encetou conversas com os 'perdedores' do concurso, que podem agora tornar-se seus clientes, ou com outras operadoras e fornecedores de serviços de Internet (ISPs) que não participaram no leilão?
Bekeierman : Temos conversado com toda a indústria, antes mesmo do leilão, até porque estávamos montando um modelo inovador no mercado brasileiro, embora com referência internacional.
Mas uma surpresa positiva para nós foi o nível de interesse, as conversas que já surgiram após o resultado do leilão.
BNamericas : Entre as críticas que alguns players expressaram ao leilão, como o consórcio de ISPs Iniciativa 5G Brasil, estava a importância de vender as frequências de 700 MHz, para 4G, junto com a de 3,5 GHz para 5G, para que o vencedor pudesse aproveitar as duas tecnologias. Isso não aconteceu. Você será um jogador focado em 4G?
Bekeierman : As frequências são agnósticas do ponto de vista da tecnologia. Em última análise, você pode usá-los para qualquer tecnologia. Quem toma essa decisão é o nosso cliente, que atenderá seu cliente final.
700 MHz é uma frequência muito, muito boa, que tem sido usada como a principal para 4G. Tem um custo de implementação muito atraente e uma grande possibilidade de propagação do sinal. Foi assim que acabou se tornando a principal frequência do 4G.
O outro ponto é que os compromissos de cobertura que assumimos são para 'tecnologia 4G ou superior', conforme declarado nas regras [da licitação]. 700 MHz tem recursos altamente premium, não replicáveis por outro ativo do ponto de vista de eficiência de capex. Mas pode ser usado, e em um futuro próximo deverá ser usado, para 5G, 6G, 7G.
BNamericas : Certo, mas você não conseguiu a banda de 3,5 GHz, que é a principal para 5G.
Bekeierman : Temos uma visão do ponto de vista de investimentos focados em ativos que estão maduros, onde podemos ver um uso muito claro das características. 3,5GHz, 5G, é uma frequência que vai passar por uma fase muito grande de adoção, de três, quatro anos. Levará algum tempo para que essa frequência amadureça. E isso traz mais risco.
Pinto : Estamos em um negócio de infraestrutura que requer visão de longo prazo e financiamento e estabilidade, seja em tecnologia ou adoção de espectro. Isso também foi levado em consideração. Não vemos uma operadora atacadista com 5G por aí.
Ainda há uma curva de adoção a ser alcançada. Acho que [5G] está muito mais relacionado ao negócio [de varejo] das operadoras. Nossa lógica era ser uma operadora atacadista de tecnologias já consolidadas.
BNamericas : Você já escolheu seus provedores de rede?
Bekeierman : Não, não tomamos nenhuma decisão. Temos mais 30 dias, uma segunda onda intensa de trabalho, para completar esse plano.
As conversas com todos os fornecedores já estão acontecendo, mas planejamos esperar até o final do ano até assinarmos os contratos com a Anatel, para podermos tomar todas as decisões importantes para comprometer esses 2 bilhões de reais de investimentos.
BNamericas : Além da Winity, o Pátria possui em seu portfólio outras empresas de infraestrutura digital, como Odata e Atis. Você vê sinergia entre essas operações?
Pinto : A empresa na Argentina ainda é muito pequena em termos de representatividade em nosso portfólio. Nosso foco em infraestrutura de dados está em Winity e Odata.
Saímos do negócio de fibra com a venda da Vogel Telecom para a Algar Telecom para ficarmos focados nesses dois investimentos, mas obviamente olhamos outras oportunidades em infraestrutura fixa e wireless na América Latina.
No que diz respeito às sinergias, temos muito cuidado com o mandato, objeto de interesse, de cada empresa do nosso portfólio, para que os modelos de negócio não se misturem. Isso também é importante no momento em que decidimos sair e encontrar compradores que pensam 'nossa, esse ativo faz sentido'.
Quando você olha para infraestrutura de dados, você tem torres, que no nosso caso está sob a gestão do Sérgio, para o fornecimento não só de torres, mas também de equipamentos e espectro. Mas o foco está no wireless.
Você também tem datacenters, o que é uma grande oportunidade de crescimento e um modelo consolidado. Odata faz isso muito bem, servindo hiperscaladores, que estão se expandindo pela América Latina.
E finalmente você tem fibra, e aqui existem vários modelos. Fibra contratada, fibra para casa, fibra corporativa, fibra escura para infraestrutura e investimentos em cabos.
Vemos tudo isso como negócios separados. A sinergia que a gente conseguir está no âmbito do gestor, da equipe do Pátria. O Sérgio está no conselho do Odata, estou no conselho de todas as empresas e assim por diante. Mas não temos a intenção de criar uma grande holding que abranja todos esses negócios.
BNamericas : Que outros ativos você está almejando na América Latina?
Pinto : O Odata já opera na América Latina como um todo, então em datacenters não faz sentido para nós criarmos uma empresa para ultrapassá-la. Em outros setores, estamos procurando oportunidades diferentes.
BNamericas : Incluindo um retorno à fibra?
Pinto: Fibra também. Não temos restrições para voltar a investir em fibra, desde que as condições que encontramos sejam satisfatórias e aderentes ao nosso modelo de negócio, com demanda contratada, com estabilidade. Nunca atendendo o consumidor final, mas o B2B, [mercado] corporativo.
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