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Como o setor ferroviário de passageiros do Brasil crescerá após a pandemia

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Como o setor ferroviário de passageiros do Brasil crescerá após a pandemia

Em um momento em que o setor de transporte de passageiros do Brasil ainda sofre os impactos da pandemia COVID-19, os participantes do setor começarão a discutir políticas para o avanço dos projetos de construção de novos trechos ferroviários para conectar diferentes cidades.

Por meio do Ministério de Infraestrutura, o governo vai abrir, nesta quarta-feira, uma consulta pública sobre a política do país para o transporte ferroviário de passageiros.

Um dos temas serão os mecanismos de construção de ferrovias para transporte de passageiros com investimento privado.

Joubert Flores, presidente da Associação Brasileira de Transporte de Passageiros ANPTrilhos, que participou das discussões preliminares com o governo para preparar a consulta pública, conversou com o BNamericas sobre os principais temas que serão discutidos e atualizou o impacto da pandemia no setor.

Na entrevista, tendo em mente o setor de transporte de passageiros, Flores fala sobre o forte aumento nas solicitações do setor privado para construir ferrovias de carga desde que o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto, em agosto, permitindo que as empresas construam e operem ferrovias de curta distância sob condições específicas relativas aos direitos de passagem emitidas pelo governo. Anteriormente, as empresas tinham que competir em processos de licitação que podiam levar anos.

BNamericas: Quais são os principais temas que serão abordados durante a consulta pública?

Flores: O Ministério da Infraestrutura nos ligou há algum tempo pedindo nossas sugestões e para discutirmos como apoiar as linhas intermunicipais e regionais de transporte ferroviário de passageiros.

Um país com a extensão do Brasil não pode ter apenas duas linhas intermunicipais. Existem países que são muito menores em termos de extensão territorial, como Japão e França, que possuem linhas intermunicipais abundantes.

Porém, como sabemos que existe uma grande restrição de recursos públicos para esses projetos, temos que avaliar como atrair capital privado.

BNamericas: Existe hoje algum país que tenha um modelo que possa servir de referência?

Flores: Os modelos regulatórios são muito diferentes entre os países.

Na maioria dos países, o investimento nesse modelo tende a ser público, mesmo com uma operadora privada, como é o caso da França e da Espanha, entre outras nações.

Aqui no Brasil, creio que o modelo a ser adotado deve ser aquele capaz de atrair investidores privados, e esse não é um modelo comum no mundo.

Talvez o melhor exemplo que teríamos hoje seja o próprio Brasil no setor de transporte de cargas, que tem o sistema de autorização. Talvez, melhor do que usar exemplos de outros países seja tentar replicar o modelo que já está sendo usado no transporte ferroviário de mercadorias.

Uma vez que temos projetos bem elaborados, trechos que fazem sentido entre os locais, acho que há demanda.

BNamericas: Estamos no final de 2021, qual o impacto da pandemia no setor até agora?

Flores: Vivemos em um cenário terrível. Nos primeiros meses da pandemia, em meados de 2020, tivemos uma redução de 80% no volume de passageiros.

Acreditávamos que até o final de 2020 já teríamos uma recuperação, mas isso não aconteceu.

Este ano, vimos o início de uma lenta recuperação. Entre outubro e 20 de novembro, atingimos um número de passageiros que é 65% do que tínhamos antes da pandemia.

Ao final do ano, poderíamos chegar a um patamar de 70%.

BNamericas: Em termos financeiros, qual foi o impacto do COVID-19 nas operadoras?

Flores: Entre o início da pandemia e agora, as perdas das empresas do setor chegaram a R$ 15,3 bilhões [US$ 2,7 bilhões] e devem terminar este ano com perdas de quase R$ 16 bilhões. Isso teve um efeito muito sério sobre as empresas, e algumas optaram pela recuperação judicial.

Porém, mesmo depois da crise, vemos interesse do setor privado. A Mubadala está assumindo o controle da MetroRio e vemos o avanço das concessões ferroviárias em São Paulo. Há interesse em bons projetos.

BNamericas: Que mudanças você viu durante a pandemia que provavelmente persistirão?

Flores: Em relação à demanda, é possível que 15% a 20% do volume de passageiros que tínhamos antes da pandemia nunca mais volte, porque há novas formas de trabalho, home office, entre outros.

No entanto, a pandemia, como qualquer crise, traz oportunidades. Isso forçou os operadores a serem mais eficientes.

No Brasil e na América Latina em geral, não temos nenhuma operadora com receita superior a 10% [enquanto participação na receita não bilhete]. Nos países asiáticos, por exemplo, as operações imobiliárias das operadoras ferroviários são 20% a 30% das receitas e, no Japão, às vezes ultrapassa os 50%.

Temos que criar mecanismos de receita que não estejam vinculados apenas às tarifas.

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