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Como o setor privado deve responder à crise de segurança no Equador

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Como o setor privado deve responder à crise de segurança no Equador

O rápido aumento do narcotráfico no Equador, impulsionado por laços mais estreitos com cartéis mexicanos e gangues criminosas locais, transformou o Equador, outrora um oásis de paz na América Latina, em um dos países mais violentos da região.

As atividades narco-criminosas penetraram até  mesmo no sistema judiciário e em diversas entidades públicas, em meio a um Estado que não teve capacidade ou recursos adequados para desenvolver uma estratégia eficiente de combate ao crime.

Em janeiro, após uma onda de ataques, inclusive contra a polícia e agentes penitenciários, o presidente Daniel Noboa declarou uma guerra interna contra as máfias e lançou um programa para combatê-las. Embora tenha produzido resultados, o plano não apresentou soluções duradouras diante do poder e da infiltração do crime organizado, que se enraizou profundamente no país andino devido à sua proximidade com os grandes países produtores de cocaína: Colômbia e Peru.

A BNamericas conversou com Theodore Kahn, diretor para a região andina da consultoria de risco global Control Risks, e German Saenz, seu consultor-sênior na equipe de segurança e crise, sobre a situação local e as precauções que os empresários devem considerar para minimizar os riscos.

BNamericas: Como está a segurança no Equador? Por que o narcotráfico teve uma alta penetração em um país que até recentemente era considerado tranquilo?

Kahn: O Equador está enfrentando uma crise de segurança sem precedentes, que começou a tomar se desenvolver em 2021, impulsionada por uma combinação de fatores estruturais e conjunturais em nível nacional e internacional.

Estes fatores incluem as limitações na capacidade das forças públicas e das instituições judiciais para controlar e impedir o tráfico de drogas, bem como a situação na fronteira com a Colômbia, que há muitos anos é um território com uma elevada presença de grupos armados colombianos, um situação que sofreu um agravamento notável a partir de 2018.

Além disso, é preciso levar em consideração a economia dolarizada (que facilita a lavagem de dinheiro), as fronteiras terrestres porosas com os maiores produtores de cocaína do mundo (Colômbia e Peru) e os portos mal controlados.

Esses fatores têm contribuído para a rápida transformação do Equador em um ponto central para o tráfico mundial de cocaína desde 2021.

BNamericas: Como o crime tem influenciado o setor privado?

Saenz: O crime tem um impacto significativo no setor privado, porque exige que as empresas façam investimentos adicionais na segurança de suas operações, aumentando os esquemas de vigilância e segurança.

O tráfico de drogas teve um impacto particular nas empresas exportadoras, pois as estruturas criminosas tentam utilizar suas infraestruturas para o tráfico de drogas. Como resultado, várias dessas empresas tiveram que fazer grandes investimentos para proteger armazéns, cadeias logísticas e portos, a fim de evitar a contaminação de seus produtos. .

As empresas foram obrigadas a incorrer em mais custos de segurança e a considerar esses fatores em seus investimentos, visando proteger suas equipes e ativos.

No entanto, apesar da situação, muitas empresas estão otimistas porque acreditam nas políticas do governo e pensam no médio e longo prazo, o que as motiva a continuar investindo no país.

BNamericas: Quais são os principais setores do Equador afetados pelas economias criminosas?

Kahn: Entre os setores mais afetados está o portuário, pois os principais portos da costa do Pacífico têm sido amplamente utilizados pelo narcotráfico. O setor agroindustrial e o de transporte também estão entre os mais afetados.

Saenz: As empresas exportadoras têm sido particularmente afetadas pelas economias criminosas, assim como as empresas localizadas próximas às principais áreas de operação das estruturas criminosas, como a fronteira com a Colômbia e a região costeira.

BNamericas: Quais são as principais considerações que os investidores devem ter em mente? O que você recomendaria às empresas para reduzir riscos?

Kahn: Acredito que os próximos meses, antes das eleições de fevereiro de 2025, serão cruciais. 

É provável que vejamos novos incidentes de violência política, como ocorreu nas eleições de 2023. Além disso, à medida que as eleições se aproximam, Noboa enfrentará uma pressão crescente para obter resultados em termos de segurança. Essa é uma combinação volátil.

Saenz: Recomendo que as empresas se concentrem em medidas preventivas para mitigar os riscos.

É essencial aumentar a conscientização sobre segurança. Para isso, é necessário analisar o ambiente de suas operações, avaliar os riscos específicos a que estão expostas, adotar as medidas necessárias para mitigá-los e implementar protocolos de gestão de risco e crise.

BNamericas: Alguns dizem que o Equador já é o maior processador de drogas da região. Como isso pode afetar as empresas que operam no país e as que pretendem entrar?

Kahn: As empresas têm sido altamente afetadas em certas áreas do país, especialmente na rota do narcotráfico que passa pelas províncias costeiras (Esmeraldas, Los Ríos, Manabí, Guayas). As ameaças diretas, como extorsão, sequestro e roubos de empresas, aumentaram.

Também há efeitos indiretos: nas áreas mais afetadas pela violência, há dificuldades em encontrar mão de obra, pois as pessoas têm medo de ir para essas zonas.

Saenz: As empresas podem adotar medidas para prevenir esses riscos e mitigar os impactos. Recomendo monitorar constantemente as informações, coletar inteligência e criar programas de avaliação de ameaças e riscos que sejam ajustados especificamente para suas operações.

Os riscos não são estáticos, por isso é importante monitorar constantemente o ambiente para poder tomar as medidas preventivas necessárias.

BNamericas: A crise da cocaína na Colômbia, devido à saturação no mercado, levou ao agravou dos problemas no Equador?

Kahn: Com certeza, o contexto regional, com um aumento crucial na produção de cocaína na Colômbia nos últimos anos, reforçou os incentivos para o tráfico de drogas através do Equador.

Também há outros fatores, como o maior controle realizado nos portos da Colômbia há vários anos, o que incentiva o uso do Equador como ponto de embarque para mercados consumidores.

BNamericas: As ações do governo de Daniel Noboa são eficazes após a declaração de guerra interna?

Kahn: Elas tiveram um impacto positivo em certos indicadores (como homicídios) a curto prazo, o que trouxe ganhos políticos para o presidente, mas não está claro até que ponto essa melhoria será duradoura, e já estamos vendo sinais de um ressurgimento da violência.

A médio prazo, é evidente que a militarização da segurança por si só não resolve o problema.

Saenz: Do setor privado, as empresas acolheram favoravelmente as medidas que o governo tomou em termos de segurança. Estão à espera da evolução de novas medidas, como saber o que vai acontecer com o controle de armas.

Este é um governo de transição, por isso muitas empresas estão observando a evolução do cenário eleitoral e esperando para ver qual será o próximo governo.

BNamericas: O que podemos esperar no curto e médio prazo?

Kahn: No curto prazo, é provável que haja alguma deterioração e novos incidentes de violência política devido à situação eleitoral. No médio prazo, é provável que os desafios de segurança persistam, talvez com melhorias se o governo tomar medidas enérgicas para fortalecer as instituições legais e abordar as causas subjacentes da violência, mas não é realista esperar que o problema do narcotráfico e do crime organizado seja resolvido nos próximos anos.

BNamericas: A crise de violência no Equador pode transcender fronteiras. Quais países devem estar em alerta e adotar medidas preventivas?

Kahn: Nos últimos anos, temos observado que esses problemas frequentemente ultrapassam fronteiras, já que grupos armados e criminosos são habilidosos em encontrar novas rotas e mercados, reagindo às ações de força em um país para explorar brechas em outro.

Saenz: Os países vizinhos, Peru e Colômbia, são os mais propensos a serem afetados, e por isso devem tomar medidas preventivas.

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