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Delta Energia e William Arjona: estratégia para o crescente mercado de gás no Brasil

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Delta Energia e William Arjona: estratégia para o crescente mercado de gás no Brasil

O Grupo Delta Energia assinou contrato com a Galp Energia Brasil para aquisição de 1,1 MMm³/d (milhão de metros cúbicos) de gás natural para a UTE William Arjona, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A movimentação do combustível será pela rede da distribuidora local, a Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul (MSGÁS).

O acordo, com duração de 18 meses, tem o objetivo de garantir as atividades operacionais da termelétrica, com possibilidade de atender também consumidores no mercado livre de gás.

Nesta entrevista, o presidente da Delta Geração, Alessandro di Domenico, forneceu mais detalhes sobre o acordo e analisou o mercado de gás.

BNamericas: Qual a natureza do contrato de fornecimento de energia elétrica da William Arjona? Ele foi concluído via leilão da Aneel?

Domenico: A William Arjona foi vencedora do primeiro leilão de reserva de capacidade, em 2021, o que gerou um contrato para fornecimento a partir de julho de 2026 até julho de 2041.

Até lá estamos em uma modalidade ‘merchant’, sem contrato de energia firmado. Estamos disponíveis, realizamos testes e investindo em melhorias. E observando oportunidades de preços para exportação para a Argentina de energia, por exemplo.

O ONS [operador nacional do sistema] já disse que as térmicas precisarão estar disponíveis neste semestre. Se o ONS pedir o nosso acionamento, irá nos remunerar no mercado spot, considerando o CVU.

Nota da BNamericas: CVU, ou custo variável unitário, é o valor necessário para cobrir todos os custos operacionais variáveis de uma determinada usina.

BNamericas: O contrato com a Galp garante 100% do abastecimento da usina?

Domenico: Esse contrato se insere justo no período que antecede o início do contrato de longo prazo que firmamos no leilão de 2021. Ele trouxe inovações, serve de dupla via, uma mão dupla: posso tanto comprar como também vender. Se tivermos gás de outro contrato, como o nosso com a Bolívia, posso trazer esse gás e vender à Galp.

Temos outros contratos de fornecimento de gás em negociação para atender ao nosso contrato de longo prazo [de fornecimento de energia elétrica pela William Arjona].

Usina termelétrica William Arjona da Delta

BNamericas: O cenário para compra de gás melhorou no Brasil nos últimos anos? O preço da molécula está competitivo?

Domenico: Está se construindo uma modalidade mais adequada ao contrato de reserva de capacidade, que tem esse condão de ser firme, mas com flexibilidade. As fornecedoras de gás estão entendendo isso e avaliando quais riscos podem ser assumidos por cada parte para ter um produto competitivo para os leilões.

Nota do editor: Os contratos de capacidade de reserva são projetados para garantir a potência do sistema elétrico nacional, exigindo a ativação de usinas apenas em momentos de escassez de fornecimento, como durante períodos de seca ou horários de pico de consumo no final do dia, quando a energia solar não está disponível.

BNamericas: Como você avalia a possibilidade da entrada de gás argentino no país, principalmente diante dos planos da Petrobras de aumentar a oferta de gás, a começar pelo gasoduto Rota 3, que entrará em operação em breve.

Domenico: É inevitável a chegada do gás da Argentina, tendo em vista o declínio da produção na Bolívia. Há empresas que já estão oferecendo produtos de gás da Argentina para o Brasil a partir de 2025. Isso começa a se tornar em realidade, com algumas questões ainda a serem resolvidas quanto às arenas regulatórias e política, com algumas em relação ao transporte, sobretudo, em território boliviano.

Isso se soma a uma nova grande oferta de gás que está para vir ligando pontos de produção das bacias sedimentares do Rota 3.

Está vindo molécula dos dois lados, tanto do oeste quanto do leste. Isso é muito bom porque traz competitividade, segurança, confiabilidade e, acima de tudo, maturidade para um mercado que tem o papel de transição e vai ajudar muito na segurança energética e na indústria, com preços que deverão ser competitivos.

BNamericas: Vocês consideram participar do próximo leilão de capacidade?

Domenico: O grupo Delta está avaliando, ainda sem uma definição. Se ocorrer, a participação seria com um novo projeto termelétrico greenfield.

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