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'Equador é uma das nações que fornecerá minerais críticos no futuro'

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'Equador é uma das nações que fornecerá minerais críticos no futuro'

Uma série de eventos recentes renovou as expectativas do setor de mineração equatoriano, apesar de desafios persistentes, como os conflitos sociais em regiões onde alguns projetos estão localizados.

A empresa canadense Solaris Resources anunciou recentemente um investimento de US$ 3,5 bilhões para seu projeto de cobre Warintza. Um juiz local rejeitou uma ação de proteção movida contra o projeto polimetálico Curipamba, de US$ 300 milhões, e a empresa australiana SolGold fechou um acordo de financiamento de US$ 750 milhões para Cascabel, seu projeto de ouro e cobre de US$ 4,2 bilhões, entre outros acontecimentos.

Apesar de ter apenas duas minas de escala industrial em operação, quatro projetos que devem iniciar a produção até 2034 e uma série de iniciativas em diferentes etapas de exploração, o país sul-americano busca se consolidar como um importante fornecedor de minerais essenciais para a transição energética.

A BNamericas conversa com o ex-vice-ministro de Minas Fernando Benalcázar sobre os últimos avanços, os projetos mais promissores e os obstáculos que ainda precisam ser superados.

BNamericas: Como o anúncio da Silvercorp sobre a aquisição de ações da Adventus pode impactar o setor de mineração do Equador?

Benalcázar: É uma excelente notícia, principalmente para o projeto Curipamba que, apesar das ações de proteção contra ele, nunca parou.

Nota da BNamericas: a ação foi rejeitada em 24 de julho por um juiz, mas os autores recorreram.

A concretização da compra das ações da Adventus pela Silvercorp pode resultar em novos e interessantes avanços para o setor de mineração no Equador, considerando eventos como o anúncio da aquisição de concessões de mineração [o projeto de ouro e cobre Valle del Tigre, da Somerset Minerals] que a Barrick Corporation realizará no Equador para exploração em áreas vizinhas à Fruta del Norte; participação da BHP no projeto Cascabel; a presença da Newmont no país, na mina Fruta del Norte, por meio de uma aquisição anterior da Newcrest; e finalmente a abertura da Enami EP para firmar contratos com empresas privadas para novas explorações.

BNamericas: Essa decisão da Silvercorp também fortalecerá o portfólio de projetos de cobre e ouro, visto que a Adventus já adquiriu ações da Luminex com projetos importantes?

Benalcázar: Claro, trata-se de um portfólio muito interessante e atrativo.

A aquisição pela Adventus do portfólio da Luminex confirmou que a atividade de exploração e os resultados preliminares existentes fazem do Equador um destino muito atraente para minerais críticos, especialmente cobre.

Embora a Sivercorp seja uma empresa canadense, seu capital é 100% chinês, e esta empresa também aposta no Equador, atraída pelas possibilidades que o país oferece; seu interesse por projetos que avançaram na exploração é uma prova clara disso. Silvercop tem buscado entrar no Equador há muitos anos.

Além disso, é importante considerar a sociedade estratégica da Luminex, de 50%, com a Anglo American no projeto Pegasus [cobre, zinco, ouro e chumbo], na província de Cotopaxi.

A Anglo American anunciou recentemente ao vice-ministro de Minas, Diego Ocampo, sua decisão de deixar o Equador nos próximos 100 dias, cedendo, sem custos, sua participação de 50% na Pegasus à Enami.

BNamericas: Qual é a atratividade dessa cessão caso a Enami não possa consiga os desenvolver os projetos por falta de recursos?

Benalcázar: A Enami não tem capital, mas por ter concessões, pode continuar a procurar parceiros estratégicos, como já fez com três contratos de exploração.

Isso dá ao portfólio da Enami a possibilidade de continuar atraindo investimentos, ação na qual o governo tem demonstrado muita eficácia.

BNamericas: Quais lições a saída de empresas como a Anglo American deixa para o país?

Benalcázar: Mais do que o país, para as próprias empresas: elas precisam buscar estratégias para se consolidarem no Equador.

Acredito que, em termos sociais, algumas empresas, incluindo a Anglo American, pensam que podem aplicar o mesmo manual que utilizam em outros países, o que está errado.

O manual da Anglo American é excelente em questões sociais, mas o Equador tem suas próprias características de instabilidade, insegurança e incerteza, exigindo políticas específicas para o aspecto social e ambiental.

A Anglo American aprendeu com as experiências no Equador e decidiu não continuar.

BNamericas: Quais são os projetos mais atraentes no Equador nos quais grandes players da indústria estão envolvidos ou poderiam se envolver?

Benalcázar: Cascabel, projeto de classe mundial, no qual a BHP tem participação.

A Barrick assinou acordo comercial com a Enami para explorar 40 mil hectares na área vizinha à mina Fruta del Norte e anunciou recentemente a aquisição da concessão Valle del Tigre, também próxima à Fruta del Norte.

Essa participação da Barrick na área também é interessante porque em Fruta del Norte, mina da Lundin Gold, também está a Newmont, outro grande player da mineração.

Nas próximas semanas, a Solaris apresentará o estudo de pré-viabilidade para o projeto Warintza, seguindo as normas canadenses NI 43-101. Este estudo deve confirmar que Warintza é um projeto de classe mundial, aumentando seu apelo para grandes empresas como a BHP, que já opera no país.

No Equador há movimentos interessantes para os grandes players da mineração, mas não devemos esquecer que o sucesso da mineração sempre depende dos resultados obtidos pelas empresas juniores, como é o caso da  SolGold, com Cascabel, um projeto extremamente atraente. 

A presença no Equador de grandes players como BHP, Newmont e Barrick é uma confirmação da importância geológica do país, que é uma das nações que fornecerão minerais críticos no futuro.

BNamericas: Quais são os principais obstáculos que as empresas devem superar do Equador?

Benalcázar: Acredito situação vivida com o projeto La Plata é um exemplo claro do conflito e das dificuldades que existem no país.

Na sexta-feira [2 de agosto], está prevista a realização da audiência em que será emitida a sentença oral sobre a ação de proteção apresentada contra o projeto.

É importante destacar que a ação de proteção foi apresentada por várias pessoas e conta com o apoio da Conaie [a maior organização indígena do país], da ONG Frente Nacional Antiminero, dos camponeses da província de Cotopaxi, entre outros.

A ação foi apresentada contra o Ministério do Meio Ambiente, a Presidência da República, a Procuradoria-Geral do Estado, o Ministério de Energia e Minas, o Ministério da Defesa e o Ministério do Interior. É uma ação muito complexa, por isso o processo já dura meses.

BNamericas: A La Plata poderia se tornar a quarta mina no Equador. Em sua análise, ela conseguirá avançar apesar dos problemas?

Benalcázar: Sei que a empresa está empenhada em manter seu investimento no Equador porque a AticoMining [a operadora] ainda confia no projeto.

La Plata tem como objetivo exportar concentrados de cobre e zinco, com teores bastante interessantes de ouro e prata.

A mina será subterrânea e será a primeira operação no Equador a utilizar rejeitos filtrados.

Superado o obstáculo legal, acredito que a La Plata obterá a licença ambiental até o final do terceiro trimestre de 2025.

BNamericas: A Enami está abrindo a investimento privado para exploração. Isso trará melhores perspectivas para o país?

Benalcázar: É um passo muito importante. Está aberto o caminho para que outras empresas internacionais com alta capacidade de investimento trabalhem em novos projetos de exploração, o que é fundamental para o desenvolvimento do Equador como país minerador.

É evidente que com os três contratos que a Enami já firmou com empresas privadas, os processos de investimento em exploração estão sendo facilitados.

E esse papel de abertura da Enami vai além; é importante destacar que a gestão da empresa está trabalhando com o Banco Central para iniciar processos de compra e comercialização do ouro proveniente das concessões da mineração artesanal, que têm as permissões necessárias. Isso também é um passo muito importante para a indústria de mineração.

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