Grupo Albanesi: ‘Estamos em uma posição competitiva muito sólida’

O Grupo Albanesi, empresa geradora de energia elétrica da Argentina, está expandindo sua presença.

A empresa iniciou este mês as operações do seu projeto de fechamento de ciclo Ezeiza, de 154 MW, e de sua primeira unidade construída fora do país: a planta de cogeração Talara, de 100 MW, no Peru, para a petrolífera estatal Petroperú.

Além disso, o grupo tem mais dois ativos em construção na Argentina e, até o final do ano, a capacidade instalada total deve subir 454 MW, chegando à marca de 1,9 GW.

Para saber mais sobre os projetos e o caminho a seguir, BNamericas conduziu uma entrevista por e-mail com Osvaldo Cado, gerente financeiro e diretor do Grupo Albanesi.

BNamericas: A empresa tem dois projetos de geração termelétrica em andamento, correspondentes a 254 MW de nova capacidade: Modesto Maranzana (fechamento de ciclo) e Arroyo Seco (ciclo aberto e ciclo de cogeração). Como eles estão avançando?

Cado: Acho que, primeiro, vale ressaltar que concluímos recentemente a ampliação da usina termelétrica Ezeiza, na província de Buenos Aires, disponibilizando ao sistema um ciclo combinado de 304 MW de capacidade eficiente e sustentável.

Além disso, estamos iniciando a operação de uma planta de cogeração de 100 MW em Talara, no norte do Peru. A usina, propriedade da petrolífera estatal Petroperú, fornecerá energia e vapor à refinaria de Talara durante os próximos 20 anos. Este é um marco muito importante, porque nos projeta como um operador confiável na região, e é o nosso primeiro projeto fora da Argentina.

Os dois contratos contribuirão com mais de US$ 50 milhões de Ebitda adicional para o Grupo Albanesi.

Como você citou, continuamos trabalhando na ampliação da planta Modesto Maranzana e na construção de uma nova planta de cogeração em Arroyo Seco. Juntos, os projetos agregarão 254 MW de capacidade e contribuirão com mais de US$ 50 milhões de Ebitda para o grupo. O trabalho está indo muito bem. As obras civis estão bastante avançadas e os principais equipamentos já estão no local e montados. Esperamos ter ambos os projetos em operação ao longo de 2024.

O grupo atingirá 1,9 GW de capacidade instalada, dos quais 1,2 GW serão ciclos eficientes, muito importantes no contexto do que poderia ser uma desregulamentação gradual da indústria na Argentina.

BNamericas: O Grupo Albanesi prevê algum investimento na área de energias renováveis – por exemplo, no mercado a termo Mater ou no segmento de armazenamento de energia – ou a estratégia atual para esse segmento está mais focada no segmento de comercialização?

Cado: É uma área pendente para o grupo, mas, por enquanto, nosso foco para 2024 é iniciar nossos projetos em construção. Depois, analisaremos oportunidades diferentes.

BNamericas: No leilão TerCONF, a subsidiária Generación Mediterránea ganhou o projeto de cogeração Modesto Maranzana. Você poderia falar um pouco sobre o projeto e a situação atual? Por exemplo, parece que, assim como as outras empresas ganhadoras do leilão, a Albanesi aguarda um anúncio da Secretaria de Energia sobre os próximos passos.

Cado: O projeto consiste na instalação de uma turbina a gás de 23 MW e uma caldeira de recuperação de 50 t/h. O vapor e parte da eletricidade serão fornecidos à Bio4, uma empresa de bioetanol em Rio Cuarto, na província de Córdoba, e 17 MW seriam enviados à rede como parte de um contrato com a [administradora do mercado atacadista de energia] Cammesa.

Este contrato nos foi concedido em 2023 no leilão TerCONF. O nosso foi um dos poucos projetos eficientes apresentados. Como você disse, o leilão está sendo analisado pela nova administração, embora acreditemos que esse projeto acabará sendo executado se a regulamentação nos permitir substituir a Cammesa por uma entidade privada.

BNamericas: Qual é o guidance de capex para este ano e qual foi o capex executado em 2023?

Cado: Durante 2023, o grupo investiu mais de US$ 250 milhões, concentrados principalmente em projetos em construção. Este ano, esperamos atingir cerca de US$ 140 milhões, também focados em projetos. Com a termelétrica Ezeiza em operação, os investimentos serão principalmente para Maranzana e Arroyo Seco.

BNamericas: Por fim, quais são suas perspectivas para o mercado local de geração termelétrica? Por exemplo, há relatos na imprensa local de que a secretaria está avaliando mudanças na estrutura do mercado de eletricidade. A companhia, assim como outros geradores, está no modo “esperar para ver”?

Cado: Durante as últimas semanas, vários artigos foram publicados na mídia local/internacional, mas ainda não há nada oficial sobre as ideias da nova administração em relação ao setor.

Acreditamos que gradualmente evoluirá para um mercado mais desregulamentado, em que estamos em uma posição competitiva muito sólida, com um parque térmico relativamente novo e moderno, e 1,2 GW operando em ciclos eficientes. O que já está confirmado é o aumento das tarifas de eletricidade, que entrou em vigor em março de 2024, e que permitirá cobrir quase 70% dos custos, atingindo 100% até o final do ano. Isso terá consequências positivas para o investimento e proporcionará sustentabilidade ao sistema em longo prazo.