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Itaipu Binacional busca inovação e diversificação

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Itaipu Binacional busca inovação e diversificação

A Itaipu Binacional, entidade que opera a hidrelétrica de Itaipu, de 14 GW, está investindo em inovação e também explorando iniciativas conjuntas de energia renovável com a Petrobras.

André Pepitone, diretor financeiro executivo da Itaipu Binacional, conversou com a BNamericas sobre as iniciativas da empresa durante o evento Energyear 2025, realizado em São Paulo.

O executivo, ex-diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), também discutiu questões regulatórias.

BNamericas: O que motivou a parceria recente entre Itaipu Binacional e Petrobras?

Pepitone: Nós temos um olhar comum com a Petrobras para o desenvolvimento de fontes de energias limpas e renováveis.

Nós temos interesse e potencial no desenvolvimento do biogás e o potencial associado ao SAF [combustíveis de aviação sustentáveis], onde, através da Itaipu Parquetec, já desenvolvemos iniciativas ligadas ao SAF.

Além disso, temos interesse em desenvolver soluções relacionadas à segurança cibernética, entre outros temas, por isso vemos algumas áreas onde podemos explorar em conjunto, ganhando sinergia com a Petrobras.

BNamericas: Quais as principais iniciativas de Itaipu Binacional para este ano em termos operacionais e também financeiros?

Pepitone: Itaipu é uma usina que teve sua dívida quitada ao longo do ano de 2023.

Então, a empresa agora está passando por um processo de inovação. A usina foi construída na década de 1980. Diante disso, nós estamos passando por uma grande troca de sistemas analógicos para os sistemas digitais.

Estamos investindo quase R$ 5 bilhões em medidas de inovação e cerca de R$ 2 bilhões fazendo retrofit das nossas instalações, que levam a energia de Itaipu para um importante centro de consumo, que é São Paulo.

Estamos com o olhar muito atento para novas iniciativas. Acabamos de realizar um processo licitatório e vamos assinar um contrato nos próximos dias para instalação de uma usina solar flutuante no reservatório de Itaipu.

Vemos isso como uma nova fonte de atuação da usina, a partir da qual podemos gerar energia solar no reservatório, uma vez que nós já temos a estrutura de transporte dessa energia fixa lá na usina disponível.

Esta iniciativa é uma atividade que vem junto com o olhar de inovação que a empresa precisa ter.

Estamos estudando com atenção também as regras que a Aneel está avaliando com relação à inclusão de usinas reversíveis. Podemos ser um player importante nesse sentido também.

BNamericas: A usina solar flutuante no reservatório de Itaipu é uma iniciativa única?

Pepitone: Este é um projeto-piloto e nós temos planos de fazer isso em maior escala.

Esse projeto a que me refiro é, justamente, para permitir o aprendizado de nossa equipe. Mas nós temos discussões no conselho de administração da empresa em fazer isso em grande escala.

Nossa agenda voltada a aspectos ESG continua robusta de uma forma geral, temos um olhar muito atento para inovação, com o cuidado que a empresa tem sempre com as questões ambientais e sociais.

BNamericas: Dentro dessa agenda de inovação, quais são as grandes transformações que você vê no setor elétrico brasileiro?

Pepitone: O setor elétrico passará por uma transformação parecida com o que passou o setor de telecomunicação no Brasil nos últimos anos.

Hoje, o medidor de energia fica num lugar escondido das residências, as pessoas só lembram daquilo quando um funcionário da empresa de energia vai à casa da pessoa fazer a leitura do consumo.

Agora, com todo esse processo de inovação acontecendo, onde ganha tração o medidor de energia inteligente, as pessoas terão acesso à informação em tempo real do seu consumo de energia e isso vai virar uma revolução.

As pessoas terão mais acesso à informação de preço, tarifa, e, ao mesmo tempo, o consumidor pode optar rapidamente por formas que podem baratear seu consumo, abrindo um espaço para interação do consumidor com o sistema elétrico que antes não existia.

BNamericas: Falando sobre a agenda regulatória do setor elétrico brasileiro. Para 2025, quais são, na sua visão, as prioridades para a agenda regulatória?

Pepitone: Nós temos dois temas super relevantes para a agenda de 2025.

O primeiro é a renovação dos contratos de distribuição. Se consideramos carga de energia e consumidor atendido, praticamente 50% do segmento de distribuição necessitará ter o contrato de concessão renovado.

Então, precisamos trabalhar bem do ponto de vista de política pública e regulatório para determinar quais serão esses novos termos desses contratos de distribuição.

Isso será necessário para garantir que toda a inovação que está acontecendo no setor seja inserida, além de também termos um cuidado em estabelecer o modelo tarifário.

Nós precisamos alocar os custos de maneira eficiente e o consumidor precisa também ter uma tarifa adequada. Temos que chegar a um nível que chamamos de tarifa justa.

A tarifa justa não é uma tarifa barata, mas é uma tarifa que, ao mesmo tempo, dá ao consumidor condições de pagar e também à concessionária de energia condições de ser remunerada de maneira adequada pelos investimentos que faz.

Esta é uma discussão extremamente relevante do ponto de vista regulatório para este ano no setor, dada a dimensão do alcance desses contratos que precisam ser renovados, num curto espaço de tempo.

BNamericas: E qual seria o segundo tema regulatório relevante a ser discutido?

Pepitone: Um grande desafio que o setor está enfrentando neste momento é a questão do excesso de geração de energia.

Na região Nordeste, uma região bem propícia com recursos associados ao sol e vento, instalaram-se muitos parques geradores e precisamos agora de infraestrutura e consumo para essa energia que está sendo produzida.

Nós tivemos grupos que fizeram investimentos, grupos que se alavancaram, se financiaram e têm suas obrigações mensais de pagamento de dívidas.

Porém, a adoção de curtailments vem afetando a saúde financeira desses investidores. Então, este agora é um grande desafio que está colocado e precisa de um envolvimento de todos para endereçar soluções.

O impacto dos curtailments tem sido discutido pela indústria de renováveis desde o ano passado e ainda há uma queixa muito grande desses geradores, afinal de contas o problema tem se agravado.

Tem usina, por exemplo, que tem 400 MW instalados e num determinado dia tem 300 MW cortados. Isto é um impacto muito relevante na equação operacional e financeira para qualquer empreendimento.

Vamos precisar olhar a saúde financeira daqueles que aqui investem e garantir uma remuneração justa e adequada. Isto traz segurança jurídica e segurança regulatória para o país continuar capitaneando esses investimentos estrangeiros no setor de renováveis.

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