Nearshoring impulsiona expansão da Kloeckner Metals no México

A Kloeckner Metals, empresa alemã com ampla presença na indústria metalúrgica na América do Norte, inaugurou recentemente sua segunda planta produtiva no México, no estado central de Querétaro, impulsionada pela explosão do nearshoring na região.

A instalação, estrategicamente localizada no Parque Industrial O’Donnell Fase V, próximo ao aeroporto, ocupa uma área de 7.800 m², exigiu um investimento de US$ 40 milhões e se soma à primeira fábrica da empresa, inaugurada há 17 anos em Monterrey, Nuevo León.

Roberto Mercado, gerente geral da empresa no México, explicou nesta entrevista à BNamericas que a nova unidade de produção atenderá principalmente a demanda crescente das montadoras que continuam se estabelecendo no país, embora tenha sido concebida para atender toda a América do Norte.

A Kloeckner também tem entre seus clientes fabricantes de equipamentos de ar-condicionado, eletrodomésticos, gabinetes de telecomunicações e eletrônicos, entre outros. Ternium e ArcelorMittal são seus principais fornecedores.

BNamericas: Há quanto tempo a fábrica está operando? Ou ela vai começar do zero depois dessa inauguração? Quais produtos serão fabricados aqui?

Mercado: Começamos em janeiro. Fizemos testes iniciais de novembro a dezembro. Nós nos dedicamos à compra, processamento e distribuição de aço e metais, todos os tipos de aço – aço carbono, laminado a quente, decapado, laminado a frio, revestido, galvanizado, pré-pintado e metais não ferrosos, como alumínio e aço inoxidável.

Esta é a segunda no México. A primeira a ser aberta [no México] foi no estado de Nuevo León, em Apodaca. Estamos lá há quase 20 anos, e esta é a segunda unidade no país.

BNamericas: Por que surgiu a necessidade de construir essa segunda fábrica no México? Por que agora? A decisão foi motivada pelo fenômeno do nearshoring?

Mercado: Pelo crescimento que tivemos, pelo sucesso que tivemos no país. Já tínhamos clientes aqui em Querétaro, na Cidade do México, em Guanajuato, em Puebla, em Guadalajara, e era um desafio logístico atendê-los de Nuevo León.

Tomamos essa decisão comercial anos atrás, mas foi por conta do crescimento e da demanda interna que estávamos tendo, demanda dos clientes, principalmente clientes que nos diziam: “quero vocês mais perto de onde estou, para fecharmos mais negócios”.

E, claro, agora o nearshoring representa mais oportunidades do que já víamos. Muitos já estão se concentrando em Nuevo León, mas também vemos que muitas indústrias estão chegando em outros pontos do país, não só ali.

BNamericas: Quantos empregos vocês já geravam na fábrica de Nuevo León e quantos novos postos vão criar neste local? De quanto foi o investimento?

Mercado: Em Nuevo León, somos 60 funcionários. Aqui, por enquanto, somos 15, mas acho que chegaremos a cerca de 200 funcionários em menos de cinco anos.

Aqui, entre o terreno, o prédio, o maquinário, o piso, que é muito caro porque tem oito polegadas de espessura, para suportar todo o peso que a gente manuseia, acho que o investimento gira em torno de US$ 40 milhões.

BNamericas: Qual é o volume de produção estimado e como vocês estão prevendo o comportamento da demanda por aço e produtos acabados no México e no mundo diante da desaceleração do setor industrial dos EUA, que antecipa uma possível recessão?

Mercado: Este ano, a princípio, vamos vender 25.000 t por ano, e os planos são aumentar para 120.000 t.

Todos os nossos planos de orçamento estão se cumprindo, mas nunca deixa de ser uma questão de estratégia e planejamento para ver o que está acontecendo no mercado.

Acredito que a demanda está bastante estável e que há muito mais demanda para o setor no México, com os investimentos de produtores como a Ternium, que é um dos nossos principais parceiros, a ArcelorMittal, em Lázaro Cárdenas, e a Nucor-JFE, em Silao. Até as usinas que estão sendo instaladas perto da fronteira na Texas Steel Dynamics.

A Ternium representa um percentual importante [da oferta], mais ou menos 80%, é a principal produtora aqui no México.

BNamericas: A crise que a siderúrgica Ahmsa enfrenta desde o ano passado afetou a empresa de alguma forma?

Mercado: Não, porque não participamos do nicho, do setor em que a Ahmsa produz. O que vimos é que outros produtores, como a Ternium, tiveram que monopolizar essa demanda. Então a oferta de produção que eles têm fica um tanto restrita.

BNamericas: Qual é a expectativa da empresa no país? Você vê uma possível expansão no futuro ou outro projeto no México?

Mercado: Aqui em Querétaro é muito latente. Temos área para duplicar a planta. Já estamos conversando com o Parque Industrial O’Donnell para poder receber uma oferta para a construção da empresa. Trabalhamos com eles como desenvolvedores.