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‘O Brasil é, sem dúvida, uma potência de energia renovável’

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‘O Brasil é, sem dúvida, uma potência de energia renovável’

A busca por contratos de compra de energia (PPAs) baseados em fontes de energia renováveis continuará a crescer no Brasil, segundo Mathieu Piccin, diretor de negócios de sustentabilidade da Schneider Electric para a América Latina.

Entre os destaques está a autogeração, com a qual as grandes empresas buscam ganhos não apenas financeiros, mas também ambientais.

Nesta entrevista, Piccin analisa as perspectivas de descarbonização no setor energético, incluindo novas tecnologias e soluções de eficiência energética.

BNamericas: Como você avalia o cenário de descarbonização do setor energético brasileiro?

Piccin: O Brasil tem sido precursor na área de energias renováveis, primeiro com as hidrelétricas e, mais recentemente, com as fontes eólica e a solar, que, hoje, é uma tecnologia disponível para muitos, principalmente pela geração distribuída. 

As grandes empresas buscam PPAs de energia renovável com o conceito de ‘additionality’, que consiste em uma grande empresa permitir que um novo projeto seja construído para atender à sua demanda energética. São companhias que estão puxando o crescimento da capacidade de geração. A autogeração é um modelo regulatório e contratual que permite a uma empresa ter acesso a um PPA, mas o mercado livre também pode permitir isso. 

Embora o Brasil tenha energia renovável há muito tempo, há contínuas inovações, como os PPAs de energia renovável. 

BNamericas: Por que você considera isso uma inovação, se os PPAs estão fechados há anos?

Piccin: Qualquer contrato de mercado livre é um PPA. Mas, no jargão internacional de sustentabilidade corporativa, utilizam-se essas três letras para determinar um novo projeto de energia renovável que vai ser construído. A inovação está relacionada ao fato de que as empresas estão buscando um projeto de energia renovável novo, que vai lhes atender por 10, 15, 20 anos. E isso não acontecia tanto como agora. 

BNamericas: Qual o cenário para projetos greenfield, considerando as atuais condições de financiamento e preços de energia?

Piccin: Quem, hoje, quiser comprar energia tradicional, inclusive de termelétricas ou energia renovável já construída, terá acesso a preços excelentes, com a possibilidade de comprar por um prazo maior, garantindo segurança financeira e visibilidade orçamentária. 

Mas o interessante é que vemos empresas tomando outra atitude. Perseguem o conceito de adicionalidade porque seus clientes estão pedindo isso. O setor de datacenters, por exemplo, quer ser exemplar, representando um futuro digital e limpo. Então, nas relações B2B, há exigência muito forte por sustentabilidade. Buscam fontes renováveis e novos projetos. 

A decisão da Aneel de extinguir o desconto na tarifa de transmissão e distribuição para projetos de geração que solicitasse autorização após março de 2022 gerou um ‘boom’ de oferta que cria oportunidade para grandes consumidores de fechar PPAs com desconto.

Nota do editor: Os projetos que solicitaram autorização antes de março de 2022 terão direito ao desconto e terão 48 meses para entrar em operação a partir da data de publicação da outorga pela Aneel.

BNamericas: O governo Luiz Inácio Lula da Silva procurou estimular novas fontes de energia mais limpas?

Piccin: Ainda é cedo para dizer. O hidrogênio é uma das pautas. Há o gás caipira, que é o biogás, além do CCUS [captura, utilização e armazenamento de carbono] e dos créditos de carbono, onde o Brasil também tem um potencial muito grande. 

De maneira geral, ainda há muito a ser feito para avançar com essas tecnologias. 

O Brasil é, indiscutivelmente, uma potência renovável e está se apresentando como um país que pode oferecer um futuro mais sustentável. 

BNamericas: Quais são as oportunidades na área de eficiência energética?

Piccin: Nós ajudamos as empresas a estabelecer metas climáticas, de reduções de emissões. Elaboramos um roadmap, um caminho de descarbonização. Energias renováveis são uma opção óbvia. Outro pilar é a eficiência energética, e vemos clientes que querem planos muito bem estruturados de eficiência energética para sustentar seu plano climático geral.

 Entre as soluções estão deixar de usar gás para usar energia elétrica ou trocar o gás fóssil por biogás. 

Outro exemplo de medida é ajudar a descarbonizar a cadeia de valor, isto é, os fornecedores e clientes da empresa. 

Nós oferecemos soluções de software e hardware para isso. 

BNamericas: Essas ações geram benefícios econômicos? Ou ainda são mais um fardo do que um bônus?

Piccin: Essa é uma condição sine qua non para manter receita e obter acesso a custos de financiamento mais econômicos. E a autoprodução e a eficiência energética geram ganhos em termos de economia. Portanto, a descarbonização fortalece a companhia, dando competitividade às suas operações. 

 

 

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