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‘O mercado elétrico chileno está em crise’

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‘O mercado elétrico chileno está em crise’

O corte de geração de energia, conhecido como curtailment, continua aumentando no Chile, pressionando principalmente os geradores de energia renovável do norte do país.

Em 2023, houve um corte equivalente a 2.667 GWh na produção solar e eólica, alta de 62% em relação a 2022, enquanto entre janeiro e julho deste ano, o curtailment aumentou 150% em relação ao ano anterior.

Vários fatores contribuíram para isso, como a flexibilidade limitada do sistema, o crescimento lento da demanda em meio à expansão da capacidade e as limitações de despacho de transmissão. Além disso, por muitas horas, os custos marginais são zero, o que também afeta receita.

Os sistemas de armazenamento de energia, que estão em construção, são vistos como uma parte essencial da solução entre países que sofrem com as consequências da expansão rápida das energias renováveis e do desenvolvimento lento da infraestrutura. Esses sistemas são úteis porque podem ser desenvolvidos e implantados mais rápido que as linhas de transmissão.

Para saber o que uma geradora de energia pensa sobre essa situação, a BNamericas conduziu uma entrevista por e-mail com Lutz Kindermann, CEO da unidade local da empresa alemã de energias renováveis wpd.

BNamericas: Você pode falar um pouco sobre o mercado chileno de energia renovável? Por exemplo, quais são os principais desafios e oportunidades hoje?

Kindermann: O mercado elétrico chileno está em crise. Estamos em um estágio da transição energética em que, assim como em outros países, as energias renováveis não estão sendo devidamente valorizadas.

Hoje, metade da eletricidade produzida simplesmente não recebe nenhuma remuneração.

O curtailment continua crescendo devido à falta de infraestrutura. Este ano, por exemplo, ele dobrou. Isso acontece porque as regulamentações atuais foram projetadas para a energia hidrelétrica e fontes baseadas em combustíveis fósseis, fazendo com que a eletricidade de fontes renováveis, como eólica e solar, seja remunerada a US$ 0 durante muitas horas do dia.

Oportunidades existem. Somos um país reconhecido mundialmente pelas nossas condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento de energia limpa, mas essas oportunidades estão sendo perdidas.

Por isso, o maior desafio hoje é que as autoridades relevantes entendam a necessidade de avançar em regulamentações que revertam esse cenário, para atrair mais investimentos. Dessa forma, podemos evitar o curtailment de energias renováveis não convencionais e permitir o progresso no desenvolvimento sustentável.

BNamericas: Qual seria o papel da wpd nos próximos anos no Chile? Em outras palavras, você pode falar um pouco sobre o portfólio de serviços e a estratégia da empresa?

Kindermann: Atualmente, temos três parques eólicos no sul do país: Lomas de Duqueco e Parque Negrete, na região de Biobío, e Parque Malleco, um dos maiores do Chile, na região de La Araucanía.

Temos um portfólio de investimentos significativo, com mais de 1.000 MW em projetos eólicos, solares e de armazenamento, além de algumas iniciativas de hidrogênio verde na região sul do Chile. No entanto, a realização desses investimentos depende de atualizações regulatórias que o país pode fazer. A construção de projetos para depois reduzir a produção não faz sentido.

BNamericas: Quais são alguns dos motivadores por trás dessa abordagem?

Kindermann: A empresa como um todo, global e localmente, está comprometida com um futuro sustentável. Por isso, nosso foco é continuar buscando, propondo e ajustando soluções para transformar a matriz energética do Chile e do mundo para 100% de energia renovável.

BNamericas: Originalmente, a wpd era conhecida no Chile por desenvolver projetos eólicos. A energia eólica ainda é uma parte essencial da estratégia da companhia?

Kindermann: Nossas origens estão na energia eólica, pois é nosso maior recurso. No entanto, agora também estamos desenvolvendo e operando projetos solares e de armazenamento. A missão da wpd é transformar a matriz energética dos países em que operamos, e o Chile não é exceção. Como empresa, continuamos convencidos de que este é o caminho a seguir.

BNamericas: A wpd também demonstra interesse em oportunidades futuras no setor de hidrogênio. Vocês podem expandir suas operações para esse segmento?

Kindermann: O hidrogênio verde é uma grande oportunidade para o Chile. Portanto, é uma das tecnologias que estamos desenvolvendo e onde estamos diversificando nosso investimento. Porém, somos cautelosos com as expectativas, por isso estamos avançando com duas iniciativas desse tipo no momento.

BNamericas: Alguma consideração ou comentário final?

Kindermann: Gostaria de enfatizar que a situação atual é crítica, pois a transição para um futuro verde é mais difícil do que o esperado e exige previsão e uma regulamentação clara.

Sem mudanças urgentes, a transição energética, que proporciona ao país maior independência, preços mais baixos e maior competitividade, será interrompida.

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