O que a Phoenix Tower tem no radar para a América Latina
Fundada em 2013 e sediada na Flórida, a Phoenix Tower International (PTI) opera mais de 14 mil torres de celular em 18 países nas Américas e na Europa. Cerca de 9 mil estão na América Latina.
Na região, a maior parte das torres e ativos relacionados da PTI estão na Colômbia, Equador, República Dominicana, México e Bolívia.
Embora o grupo tenha decidido se desfazer de alguns mercados, como o Brasil, também tem feito questão de se expandir de forma inorgânica, tanto regional quanto globalmente. Sua última aquisição ocorreu esta semana – um acordo para adquirir mais de 3,2 mil torres da Cellnex Telecom na França.
Os recursos para financiá-lo vêm de uma posição de caixa reforçada. No início deste ano, a Blackstone Infrastructure Partners injetou capital novo na PTI, comprando da Manulife uma participação de 35% na empresa.
A BNamericas conversou com Shylesh Moras (na foto), vice-presidente sênior de operações; Hermes Figueroa, diretor de vendas para a América Latina; Arnulfo Sanchez, diretor de operações da região; e Alex Vargas, vice-presidente sênior de desenvolvimento corporativo.
BNamericas: Olhando para os concorrentes da PTI, a American Tower planeja construir 600 novos sites na América Latina este ano e a IHS planeja construir 700. Qual é a posição da PTI em termos de construção de torres na região este ano?
Moras: Nosso plano para built-to-suit deste ano visa cerca de 300 novos locais. Nosso orçamento não é específico para a América Latina, mas historicamente a América Latina forneceu 95%, talvez 99% das novas construções que fizemos.
Certamente existem mercados que essas empresas cobrem que nós não cobrimos, e isto também pode ser um fator.
Temos uma encomenda plurianual com a Altice, pela qual cerca de 200 delas vão para a Altice na República Dominicana. E estamos bastante ativos com a Telefónica na Colômbia e também compramos para a Nuevatel, na Bolívia.
BNamericas: A Blackstone adquiriu recentemente uma importante participação, de 35%, na PTI, proporcionando à empresa novas capacidades financeiras. Como isto afeta as operações da PTI e como esses novos recursos serão usados?
Moras: A Blackstone foi nossa investidora original em 2014, e eles têm investido consistentemente em nós ao longo dos anos.
Em 2018, eles venderam uma participação minoritária de 35% para a Manulife. A Manulife foi nossa parceira até o final do ano passado e o que realmente aconteceu foi que um fundo separado dentro da Blackstone comprou esses 35%. Agora somos propriedade de dois fundos separados dentro da Blackstone, compreendendo 100%. É bom ver que o investidor original decidiu voltar e recomprar a participação minoritária.
O que eu acredito que muda para nós é que o fundo original era mais um fundo de capital privado tradicional.
O novo fundo, que adquiriu uma participação minoritária, é o Blackstone Infrastructure Partners, que é muito maior e tem um histórico de permanecer com empresas e investir em empresas por um período de tempo também muito maior.
Isto significa que temos acesso a ainda mais capital. Temos um investidor que está realmente interessado em manter a infraestrutura por um período muito maior de tempo. Como parte de nosso plano de negócios e objetivos, eles embarcaram para quadruplicar o tamanho de nossos negócios nos próximos cinco a seis anos.
Figueroa: Isto nos dá uma abordagem mais sólida e convincente [em relação aos clientes]. Eu sou o cara das vendas e sempre que você vai a um cliente apoiado por um grupo de investidores tão forte e com uma abordagem de longo prazo, isto lhe dá um campo de atuação totalmente diferente.
Sanchez: Também nos dá uma plataforma muito boa para continuar apoiando o desenvolvimento de nossa infraestrutura para os clientes, para continuar a implementação de nossas redes, também para 2G, 3G, 4G e 5G.
BNamericas: A indústria de torres em geral tem apostado na diversificação de ativos, ou seja, recorrer a fibra, DAS [sistemas de antenas distribuídas], borda, além de torres. Eu sei que vocês também estão olhando para alguns desses. Qual exatamente é a sua estratégia sobre isso?
Figueroa: Começamos a expandir o portfólio e a oferta gradualmente. Obviamente, o status do negócio agora na América Latina é provavelmente diferente de outros mercados, mas em particular para nós o que vimos é muito interesse por uma nova solução em torno de energia como serviço.
Estamos integrando energia como serviço como parte de nosso portfólio. Estamos fazendo alguns projetos de teste e, mais do que isso, alguns projetos completos, principalmente no Caribe. Mas esperamos que esse portfólio também seja muito interessante para outros mercados, na América do Sul e provavelmente na América Central também.
Além disso, temos cerca de 1,4 mil km de fibra no México, onde já comercializamos esses serviços há algum tempo e nossa intenção é continuar aproveitando essa pegada e continuar promovendo a fibra ótica no México.
Também temos nosso novo vice-presidente de soluções de nova geração, Scott Lewis, e basicamente ele e sua equipe estarão dedicados a promover e desenvolver os negócios em novas áreas em torno do 5G. E estou falando de hubs de computação de borda, hubs de colocation, pontos de consolidação de fibra e coisas assim.
Por último, mas não menos importante, temos o DAS, ou cobertura interna, que também temos promovido. E temos, eu diria, localizações privilegiadas em toda a nossa região. Temos visto um interesse crescente por esses ativos nos últimos anos.
Ao todo, acredito que estamos em boa forma para as tecnologias de próxima geração e já estamos trabalhando com alguns clientes em preparação para isso. Quando o 5G estiver lá, estaremos em uma posição forte para fazer parte desse jogo.
BNamericas: Então, para fibra, por enquanto, o foco está no México e para energia como serviço o foco está no Caribe?
Figueroa: Até agora, sim. Mas estamos promovendo isso em toda a região.
BNamericas: Eu sei que os números mudam constantemente, mas, no momento, quantos sites tem a PTI na América Latina?
Vargas: Eu diria que estamos perto de nove mil.
BNamericas: E como isso está sendo distribuído geograficamente? A PTI tem alguns mercados centrais na região, mas o Brasil, por exemplo, parece não ser mais um foco. Qual é a sua estratégia, geograficamente falando?
Figueroa: Em termos de um posicionamento de mercado, nossos mercados mais fortes são Colômbia, Equador e República Dominicana, quanto ao número de sites.
Além disso, também temos mercados em que somos o único operador de torres, como por exemplo a Bolívia, ou em que somos o número um.
Para nossa estratégia geral, o que temos feito é focar muito fortemente em nossos principais clientes e ter um forte relacionamento obviamente com a matriz de cada um deles. Temos um pé no chão em todos os mercados para os quais trabalhamos, construindo nossos laços com nossas grandes operadoras.
Por outro lado, o que vimos também é muito movimento em torno de IoT, provedores de serviços de internet sem fio, operadoras de cabo e outros tipos de empresas de rede que precisam ter acesso a alguns locais. Novamente, seja para consolidar pontos de fibra ou para ter alguma cobertura para uma área específica.
Estes são o que denominamos “clientes não tradicionais”, para os quais fazemos uma abordagem proativa em todos os mercados em que atuamos.
BNamericas: Quanto ao Brasil, a PTI pretende voltar a este mercado?
Vargas: Eu diria que o Brasil não está realmente na nossa estratégia. Tínhamos nossa empresa-irmã da PTI no Brasil, da qual nossos investidores saíram há dois anos.
Obviamente, é um mercado grande, com muitos players. Não acredito que seja necessariamente uma parte imediata da nossa estratégia. Isto pode mudar, não é necessariamente uma estratégia fixa não estar nesse mercado. Mas, por enquanto, não é algo que prevemos entrar tão cedo.
Figueroa: Nossa estratégia está muito focada nos 13 mercados em que atuamos, que são muito importantes para nós.
BNamericas: Dos mercados da PTI, a República Dominicana já leiloou espectro específico para 5G. O México também tem o 5G em andamento. Como a empresa vê a demanda e os lançamentos?
Figueroa: Já estamos vendo movimento nessa área, os clientes já estão planejando implantações. O que vimos até agora é a implantação em áreas urbanas. No México, o impacto do 5G também é visual. Estamos recebendo muito mais exigências de empresas que estão participando lá.
Acabamos de divulgar a resposta de uma RFQ [solicitação de orçamento] de uma das operadoras de lá mesmo para outros mercados. Então todo mundo está se preparando.
Mas não vejo grande impacto no nosso negócio este ano. Eu vejo isso como relativamente pequeno em comparação com as outras tecnologias. Esperamos que provavelmente em 2023 seja quando veremos mais movimentos nesta área.
BNamericas: E você espera novos contratos ou alterações de arrendamento principalmente para 5G? A PTI espera que as operadoras compartilhem sua infraestrutura em 5G ou façam isso sozinhas?
Figueroa: Meu palpite é que primeiro elas vão se posicionar sozinhas. Pelo menos é o que as grandes estão fazendo agora. Mas deve haver, no médio prazo, algum compartilhamento na infraestrutura também.
Sanchez: Em alguns casos, a pegada das gerações anteriores está ligada à mesma estrutura.
Eles estão sobrepondo estas gerações nos mesmos sites, nos mesmos locais. Faz parte do projeto. Eles usarão os sites existentes e adicionarão novos sites para complementar a cobertura.
BNamericas: Como os problemas de petróleo decorrentes da situação na Europa Oriental afetam seus custos de energia e o que vocês estão planejando para compensar isso?
Moras: Imediatamente, agora, não vimos muito impacto. O petróleo estava no pico e agora está voltando para baixo. É bem volátil. Eu não penso que veremos qualquer impacto a curto prazo.
A maioria de nossos contratos, tanto em sites de correção quanto de manutenção, são contratos de preço fixo.
Obviamente, haverá desafios. Os preços do petróleo devem, em geral, permanecer bastante altos, digamos, na segunda metade do ano. Mas eles ainda serão gerenciáveis, e ainda conseguiremos gerenciar nossos orçamentos e acomodá-los.
Energia à parte, para alguns dos componentes, como o aço, dos quais dependemos para o nosso negócio, acredito ser onde estará uma grande parte do nosso desafio. Será difícil manter os custos do BTS [built-to-suit] baixos. Há muito aço fabricado e enviado da Europa Oriental usado na América Latina. Isto é um grande problema. E, neste momento, o transporte desse aço para a América Latina é o maior problema.
Esse é um desafio que todos os nossos concorrentes provavelmente enfrentarão. Eu acredito que a disponibilidade de materiais provavelmente terá um impacto maior em alguns dos planos de BTS que todos nós temos para este ano.
BNamericas: Quanto vocês planejam investir na América Latina este ano?
Moras: Se você olhar principalmente para a construção de BTS e provavelmente um pouco para alguns DAS e outras coisas que estamos construindo, provavelmente direi que gira torno de US$ 50 a 75 milhões, no âmbito do capex.
Vargas: Continuamos entusiasmados com a região. Creio que há muitas oportunidades de crescimento. Todas essas verticais que mencionamos são verticais fortes nas quais queremos continuar aplicando capital e, na medida em que encontrarmos oportunidades de investimentos atraentes, poderemos definitivamente usar nossos recursos para continuar crescendo na região.
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