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O que esperar do setor corporativo brasileiro em 2025

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O que esperar do setor corporativo brasileiro em 2025

Embora o cenário de taxas de juros no Brasil deva ser difícil para as empresas no futuro próximo, 2025 pode ser um ano melhor que 2024 devido à melhorada da economia.

O amplo acesso ao financiamento no mercado de capitais nacional também é um fator que deixa as empresas mais otimistas em relação ao próximo ano.

Ricardo Carvalho, diretor administrativo do grupo de finanças corporativas da Fitch Ratings no Brasil, conversou com a BNamericas sobre o estado atual do cenário corporativo e o que esperar para 2025. A entrevista inclui a visão de Carvalho sobre as recentes licitações nos setores de infraestrutura e saneamento que atraíram grande interesse dos investidores.

BNamericas: Quais são os setores mais impactados com cenário que aponta para aumento de juros no Brasil no curto e médio prazo?

Carvalho: Os setores mais sensíveis são aqueles ligados ao varejo.

O varejo depende muito de condições de crédito de curto prazo. É um negócio que está muito ligado a financiamento e, com a taxa de juros subindo, a inadimplência sobe, o consumo cai, então esses fatores machucam mais esse segmento.

Mas, de forma geral, um aumento de juros impacta todos os setores, principalmente se levarmos em consideração que muitas empresas já vêm alavancadas nos últimos dois ou três anos. Isto tem impacto direto na despesa financeira das empresas.

Mas também temos que lembrar que nós estamos vindo de um período declinante de taxa. Tínhamos lá em 2023 uma taxa Selic de 13,75% e, desde então, essa taxa foi caindo, a despeito de uma interrupção recente no ciclo de queda.

Agora, mesmo com um novo ciclo de aumento de juros, isto não deve levar a taxa Selic para algo próximo aos níveis de 13,75% que tínhamos, mas de qualquer forma é difícil você ter um ambiente econômico saudável com taxa de juros de dois dígitos.

BNamericas: Muito se fala de um ambiente desafiador com a taxa de juros alta, mas, ao mesmo tempo, nos leilões mais recentes de ativos na área de infraestrutura e saneamento, temos observado muito interesse de investidores. O que explica esse cenário de aparente sentimentos mistos?

Carvalho: Isso é uma situação particular.

Quando falo de impacto da taxa de juros para o setor de varejo, para empresas em geral, esse impacto se dá através do aumento do custo de financiamento de curto prazo, o financiamento do fluxo de caixa.

Já na área de infraestrutura, o aspecto que influencia a tomada de decisão é a disponibilidade de crédito de longo prazo.

Hoje no país temos tido essa disponibilidade de crédito de longo prazo para a área de infraestrutura, de saneamento.

Há instrumentos de dívida hoje que têm prazos de 10 anos, há também o BNDES  disponibilizando crédito, então essas são situações que beneficiam os projetos de infraestrutura, que são de longo prazo.

BNamericas: Se um ambiente de taxa de juros elevado persistir, pode em algum momento afetar a disponibilidade de linhas de financiamento de mais longo prazo para os setores de infraestrutura?

Carvalho: Quem disponibiliza o crédito vai sempre olhar para o perfil do tomador de crédito, entender o posicionamento daquele setor, onde as empresas lá posicionadas têm habilidades de incrementar suas receitas no médio e longo prazo.

O setor de energia há anos tem criado um cenário próprio em que consegue sempre ter crédito disponível e o setor de infraestrutura começa a trilhar esse caminho também.

Por conta disso, eu acho que para a área de infraestrutura essas linhas de longo prazo vão continuar aparecendo, vamos ter investidor continuando financiando o setor.

A parte ruim do ciclo de aumento de juros é que estávamos vindo de um movimento oposto de redução de juros e isso estava gerando balanços para empresas esse ano melhores do que tinham sido no ano passado.

BNamericas: Por que mesmo com o Brasil tendo desempenho econômico nos primeiros meses desse ano melhor que o esperado, a percepção do ambiente de negócios por empresários parece negativa?

Carvalho: Isto é verdade, há mesmo essa percepção negativa e, na minha visão, o que explica isso é que o Brasil é um país altamente cíclico.

Por causa disso, um empresário não tem segurança se daqui dois ou cinco anos as condições do país serão as mesmas e, devido a essa falta de previsibilidade, ele fica com temor de tirar da gaveta um projeto de longo prazo e isto acaba afetando a percepção dele de longo prazo.

BNamericas: Quais regulações econômicas são fundamentais na sua visão para o Brasil tentar avançar e melhorar o ambiente de negócios?

Carvalho: O Brasil não pode ficar focado só numa reforma, num ponto específico. Precisamos continuar numa agenda de múltiplas reformas.

Se olharmos o que aconteceu num passado recente, tivemos muitas reformas e, embora muitas pessoas não enxerguem isso bem, resultados econômicos positivos de agora também são resultados de várias reformas que viemos fazendo anos atrás, como a reforma da previdência que foi feita, e talvez até precisemos de uma outra reforma trabalhista logo, assim como a regulação do saneamento.

Então, o que traz resultado é trabalhar num conjunto de reformas, iniciativas, e não só focar em um tema específico.

Mas temos que olhar as reformas como um projeto de país, reformas são de longo prazo, não podemos ter reformas que envolvam muitos aspectos políticos de partidos e sim ter uma visão de longo prazo de país.

BNamericas: Olhando pelo lado das empresas, o que podemos esperar para o ano de 2025, tanto com relação ao rating de empresas como também ao volume de recuperações judiciais?

Carvalho: Vamos dar um passo atrás aqui. 2023 foi um ano ruim para as empresas e 2024 tem sido um ano melhor. Para 2025 nossa expectativa é de que seja melhor que 2024.

O que suporta essa minha visão é que mesmo tendo um aumento de juros agora, o crescimento do PIB continuará sendo positivo no segundo trimestre e isso levará a resultados positivos no ano que vem.

Do ponto de vista de crédito, 2023 foi um ano difícil para empresas e em 2024 tivemos uma melhora grande, com muita liquidez no mercado, e esse cenário vai continuar.

Tivemos uma expansão muito grande da base de investidores no Brasil e isto faz com que o mercado local tenha grande capacidade de financiar as empresas locais.

Hoje, grandes empresas como a Raízen ou a Suzano, que têm grandes projetos e investimentos, conseguem se financiar no mercado local.

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