China e Chile
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O que os investidores chineses esperam do governo Boric?

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O que os investidores chineses esperam do governo Boric?

A eleição de Gabriel Boric como presidente do Chile gerou expectativas importantes sobre como seu futuro governo, no qual ele promete combater a desigualdade e aumentar as proteções ambientais, afetará a economia local, que enfrenta uma desaceleração em 2022.

Uma dessas questões é como seriam afetados os investimentos da China no país, em setores como energia, mineração, infraestrutura e telecomunicações.

Nesse contexto, a BNamericas conversou com Carlos Salazar, engenheiro comercial e mestre em Negócios Internacionais e Política Internacional pela Universidade de Finanças e Economia de Xangai, SUFE, e que já assessorou empresas chinesas no Chile, sobre o que os empresários esperam do gigante asiático do próximo governo.

BNamericas: Em quais setores os investidores chineses estão mais interessados?

Salazar: Os investidores chineses têm um interesse prioritário em projetos de grande envergadura nas áreas de infraestrutura em geral, bem como em questões energéticas como o hidrogénio verde e as centrais fotovoltaicas e eólicas. Da mesma forma, existem transportes, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e, em geral, projetos que incluem um alto componente tecnológico, como comunicações, 5G e plataformas de serviços.

Eles também têm interesse em garantir o abastecimento agroalimentar da população chinesa, além de matérias-primas, como minerais.

Conforme estatísticas publicadas pela InvestChile, durante o primeiro semestre de 2021 os investimentos chineses no Chile aumentaram substancialmente. De acordo com a carteira de projetos ativos, houve um aumento de 28% na quantidade de iniciativas chinesas no país, atingindo um total de US$ 23,976 bilhões em 2021, contra os US$ 18,764 bilhões registrados em 2020.

É importante destacar que o Chile não possui apenas um ambiente favorável aos negócios e os melhores índices de competitividade, mas também o acesso à energia limpa e a facilidade de instalação de uma empresa no país. Além disso, o país possui uma economia aberta nos seus diversos setores, vocação exportadora e profissionais de altíssimo nível.

São verdadeiros pilares de nossa economia, que têm feito empresas internacionais, tanto da China como de outros países, apostarem no Chile, não só para expandir suas operações para além das matrizes, mas como base operacional a partir da qual crescer suas atividades na América Latina. De uma maneira geral, o interesse demonstrado do empresariado chinês pelo Chile faz de nosso país um destino preferido para seus investimentos. Um bom exemplo é o laboratório Sinovac, que decidiu instalar um centro de produção de vacinas no país, dando-lhe algumas vantagens comparativas em relação ao resto das nações latino-americanas.

BNamericas: Você espera que o interesse das empresas estatais chinesas em setores como infraestrutura, mineração e energia continue, mesmo que o governo Boric eleve as exigências ambientais?

Salazar: Os chineses e seu governo são pessoas muito inteligentes. Partindo dessa premissa, eles sabem que precisam continuar participando do mercado mundial nos setores citados. Pouco a pouco eles irão se adaptando às novas circunstâncias, mesmo considerando parâmetros ou requisitos ambientais mais elevados e exigentes, pois, no longo prazo, apesar do custo mais alto, eles sabem que isso beneficia o planeta e, claro, eles próprios.

Por fim, acredito que estes argumentos, entre outros, são motivos mais do que suficientes para manter e fortalecer o interesse que a China tem em continuar investindo e gerando negócios com nosso país.

BNamericas: O que os empresários chineses esperam da Boric em geral?

Salazar: Os empresários chineses, mas também os de outros países, esperam que Boric não mude significativamente as regras do jogo e continue estimulando os negócios internacionais, pois no longo prazo gera crescimento e bem-estar para o país.

Nesse sentido, acredito que o novo presidente, pelo que vi em suas declarações, entende bem isso, e a partir daí é possível buscar aproximações e acordos nos quais ambas as partes possam caminhar juntas em um clima de entendimento e bem-estar para todos. Também acho importante destacar que para a China é interessante um papel de liderança internacional para o Chile nas relações entre a América Latina e a Ásia através do Oceano Pacífico. A China valoriza a presença do Chile nos mercados mundiais e sua atividade como promotor das relações econômicas, financeiras, tecnológicas e comerciais.

BNamericas: Qual a posição dos empresários chineses em relação à constituinte?

Salazar: No curto prazo, os empresários chinês são iguais a toda a população chilena, ou seja, estão esperando o resultado do processo constituinte. Nesse sentido, essa questão deve ser resolvida no médio prazo, mas, pensando positivamente, creio que esta é uma oportunidade de estabelecer uma Carta Magna que represente o nosso país no longo prazo. Desta forma, a população e todos os empresários interessados em investir no Chile terão regras claras, cuidando mais do meio ambiente e equilibrando as injustiças apresentadas pela atual constituição.

Tenho esperança de que as mudanças trazidas pela nova constituição sejam a resposta às necessidades profundas da cidadania e, na medida em que sejam escritas com inteligência e não sejam coisas absurdas ou radicais, sejam plenamente aceitas pelos empresários e toda a população e, sobretudo, [será positivo] para as relações internacionais do Chile e para a estabilidade institucional do país, que servirá de exemplo para outros países latino-americanos. Além disso, estou ciente que a China vê no processo constitucional uma oportunidade para avançar em sua capacidade de governança e uma forma de resolver os problemas das grandes maiorias nacionais, tarefa que a China vem desenvolvendo em seu próprio país.

No entanto, as questões relativas aos processos históricos chilenos não dizem respeito ao Estado, governo ou empresas chinesas, uma vez que, como se sabe, a política internacional da China é de estrita observância do princípio de não ingerência nos assuntos internos.

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