Os caminhões de mineração da chilena CMP podem ser movidos com GNL?

Em agosto, a produtora chilena de minério de ferro CMP, pertencente ao grupo CAP, e a empresa de eletricidade Engie concordaram em realizar testes-piloto para converter caminhões CAEX de 220 t para que utilizem uma mistura de gás natural liquefeito (GNL) e diesel em vez de apenas diesel.

A medida se enquadra nos esforços das empresas para avançar com a transição energética e descarbonizar as operações.

O piloto será realizado na mina Los Colorados, da CMP, localizada na região do Atacama, e analisará a eficácia do uso de motores, em sua maioria abastecidos com GNL, que reduziriam as emissões de CO₂ em 20%-25% e de material particulado em mais de 30%.

O plano está em fase inicial, com a instalação dos equipamentos necessários, incluindo um posto de abastecimento de gás no local. O projeto envolve a conversão de dois veículos para começar.

A BNamericas conversou com Felipe Burgos, gerente de projetos da CMP, para saber mais sobre a iniciativa.

BNamericas: Qual é o investimento necessário para a conversão dos caminhões?

Burgos: O projeto tem investimento de US$ 1 milhão para executar o piloto em dois caminhões CAEX.

BNamericas: Que porcentagem de GNL cada caminhão usará?

Burgos: O projeto pretende verificar se os caminhões atuais, em um cenário base de 100% diesel, conseguem operar sem prejuízo do desempenho e reduzindo as emissões em um cenário de testes que usa uma mistura de 60%-70% de gás natural e os 40%-30% restantes de diesel.

BNamericas: Por que o uso desse sistema implicaria em economia para a operação de mineração?

Burgos: Historicamente, os preços do GNL são mais baixos que os do diesel. Hoje, as condições de mercado, como inflação e guerra na Europa, geram custos mais altos. Mas, a normalização dos preços é esperada e, nessa situação, o preço do GNL tem vantagens sobre o preço do diesel.

BNamericas: Onde a CMP encontrará o GNL para seu posto de abastecimento?

Burgos: O fornecimento virá da GNL Mejillones, pertencente à Engie.

BNamericas: Essa inovação tecnológica pode ser aplicada a outras frotas de mineração no Chile?

Burgos: O kit que está sendo usado pertence a um fabricante de caminhões e foi testado em outros países [como México, Turquia, Rússia, Austrália, EUA e Canadá] e em diferentes tipos de caminhões. Por isso, é possível pensar que a inovação pode ser usada em outras frotas.

BNamericas: Com o piloto concluído, qual será a próxima etapa?

Burgos: Para a CMP, esse projeto tem como objetivo verificar se o uso do gás reduz as emissões e não gera impactos na operação dos caminhões. Caso os resultados sejam favoráveis, o projeto de conversão de toda a frota da CMP para diesel-GNL será estudado.