Os detalhes do plano mexicano de US$ 48 bi para as energias renováveis
Embora o Canadá, o México e os EUA tenham anunciado alguns compromissos climáticos e planos para o hidrogênio verde após a Cúpula de Líderes da América do Norte, a política energética do país latino-americano – objeto de uma reclamação contínua dos EUA e do Canadá sob o acordo comercial T-MEC – não foi diretamente abordada.
No entanto, o México apresentou o Plano Sonora, um programa de US$ 48 bilhões destinado a impulsionar as matrizes solar e eólica.
A BNamericas conversou com Oscar Ocampo, diretor de energia do Instituto Mexicano de Competitividade (IMCO), para saber por que o plano não é o que parece, embora seja relevante para os EUA e o Canadá.
BNamericas: Qual sua avaliação sobre a Cúpula de Líderes Norte-Americanos, que deixou alguns pronunciamentos sobre questões energéticas, mas não foi discutida a questão das consultas feitas sob o T-MEC?
Ocampo: As consultas em si não foram discutidas, e a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, não fazia parte da comitiva. O México esteve presente na mesa de comércio exterior canadense, mas as consultas não fizeram parte da agenda oficial da cúpula.
Tanto o presidente Joe Biden quanto o primeiro-ministro Justin Trudeau enfatizaram a importância que esses países dão à transição energética, às energias renováveis e à descarbonização.
Trudeau observou, por exemplo, que o Canadá está produzindo o aço com menor pegada de carbono do mundo. Ele foi muito enfático nisso. Os dois pilares da sua mensagem foram, por um lado, a integração regional e a competitividade e, por outro, a transição energética e o combate às alterações climáticas.
Há uma mensagem ali, e o mesmo se aplica às declarações do presidente Biden. Não foram anunciados muitos acordos específicos, mas foram feitas essas declarações que seguem uma linha muito clara.
BNamericas: Quão positivo é que todas as três partes tenham reconhecido que o progresso pode ser feito em áreas como hidrogênio e veículos elétricos?
Ocampo: É positivo que a conversa continue. O grande nó górdio nas relações é a reforma da Lei do Setor Elétrico [LIE] de 2021, e as três partes precisam exercitar a criatividade para encontrar uma solução.
Reverter a reforma pode não ser politicamente viável porque teria um custo alto para o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador, mas é aí que se deve pensar em como enquadrá-la em uma agenda que aposte nas indústrias do futuro, todos os quais precisam de energia limpa e competitiva.
Desde outubro, os EUA poderiam ter acionado o painel [sobre a LIE], o que não aconteceu. Considero isto positivo, mas teremos que ver o que acontece com a renovação da equipe de negociação, que começou em novembro. Ainda é muito cedo para saber como isso vai acabar.
BNamericas: O que você pensa sobre o Plano Sonora, que o México anunciou algumas semanas antes da cúpula?
Ocampo: O Plano Sonora pretende investir US$ 48 bilhões em parques solares em Sonora e em parques eólicos em Oaxaca, com um teto de 2030. É um valor que não está claro de onde virá em termos de financiamento. Falou-se em financiamento dos EUA, mas não há detalhes.
Para dimensionar este valor, lembremos que no ano passado se discutia a reforma energética, que a Câmara dos Deputados acabou rejeitando. Na altura, o Conselho Coordenador Empresarial estimou que o investimento privado total no setor energético, de 1992 a 2021, era de mais ou menos US$ 44 bilhões, com todos os ciclos combinados, parques solares, parques eólicos que foram construídos. Isto é muito.
Dá para ter uma ideia sobre quando se fala em US$ 48 bilhões. Serão construídos 48 parques solares de US$ 1 bilhão cada? A verdade é que não está muito claro e não há detalhes sobre a implementação ou o financiamento do plano. O presidente insinuou que poderia ser por meio da estatal CFE, tomando empréstimos com títulos de baixa taxa.
Por enquanto, a implementação deste plano não é crível. Nos últimos quatro anos não houve interesse em energia renovável ou em expandir a capacidade de geração renovável além da centralde Puerto Peñasco, o que implica a construção de 1 GW até 2028. A CFE não deu prioridade a isso.
Por outro lado, o investimento privado também não tem conseguido avançar. Há uma aversão geral à concorrência na CFE. Se cancelamos a parte privada, não está claro se o governo tem capacidade financeira ou operacional para realizar esse tremendo investimento. Para fazer a comparação, os orçamentos anuais do CFE tendem a ficar em torno de 45 bilhões de pesos, o que equivale a cerca de US$ 2,4 bilhões. Desenvolver esse plano em sete anos não parece realista.
Se quiséssemos ambicionar cumprir com isso, teríamos que diversificar ou multiplicar as fontes de investimento, o que implicaria abrir a porta ao setor privado. É improvável que o Plano Sonora seja viável. Se quiséssemos cumprir os objetivos da transição energética, precisaríamos incorporar cerca de 25 GW de nova capacidade renovável, o que é muito improvável de acontecer. Se este é o objetivo do Plano Sonora, ele ainda não tem um caminho crível.
A outra parte é um compromisso assumido pelo governo do México em junho do ano passado e posteriormente endossado na COP-27, no Egito, que é a parte sobre os carros elétricos. O compromisso é que, até 2030, 50% dos veículos vendidos sejam emissões zero. Suponha que a demanda por carros não cresça: em 2030 teríamos que vender cerca de 600 mil veículos elétricos por ano. E em 2021 foram vendidos menos de 50 mil.
É um salto quântico que precisará ser dado, e não há grandes incentivos, como nos EUA, para mudar para um carro elétrico. O imposto de propriedade do veículo é subsidiado, e isto é tudo. Se você quiser acrescentar 550 mil veículos elétricos, precisará dos centros de recarga, e esst energia elétrica teria que ser limpa, [caso contrário] estou apenas transferindo a poluição do meu motor para a usina de geração de energia.
Tudo isso deve ser acompanhado por uma expansão suficiente da matriz renovável. Parece bom, mas não é necessariamente viável com as coisas como estão hoje, e mesmo que a porta para o investimento privado comece a se abrir, chegar a US$ 48 bilhões é um número muito, muito alto.
BNamericas: Qual é a razão política por trás desse anúncio?
Ocampo: O Plano Sonora não representa uma grande mudança na política energética do governo, mas é politicamente importante, dentro e fora do país.
Para dentro, para enviar a mensagem de que estamos realmente fazendo algo com a transição energética. Trata-se de responder à oposição: "Vocês me dizem que sou contra as energias renováveis, mas tenho o Plano Sonora, que é um investimento de US$ 48 bilhões".
Com os EUA e o Canadá também funciona no que diz respeito ao âmbito das consultas sob o T-MEC. Não resolve o problema, mas abre espaço para negociação. Ele não ataca especificamente a questão das consultas, mas ataca o descontentamento geral nos EUA e no Canadá com a política energética mexicana.
O plano envolve financiamento dos EUA. O presidente já falou no passado sobre a construção de parques na fronteira com investimentos americanos. Embora não tenham sido dados mais detalhes, serve para dizer: “Não estou brigando com investimento, não estou brigando com os EUA, não estou brigando com energia renovável”, embora o plano seja muito difícil de implementar.
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