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Os planos da recém-chegada 247 Datacenters para o mercado latino-americano

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Os planos da recém-chegada 247 Datacenters para o mercado latino-americano

A 247 Datacenters – cujo nome faz alusão à operação contínua que esses sites demandam – é a mais nova empresa a surgir no crescente mercado latino-americano.

A empresa foi lançada pela Autonomy Investimentos, companhia brasileira de investimentos e private equity especializada no mercado imobiliário.

Fundada em 2007, a empresa declara que administra mais de R$ 7 bilhões (US$ 1,3 bilhão) em ativos e já desenvolveu mais de 800 mil m² em projetos imobiliários.

Percebendo oportunidades com a nuvem e, mais tarde, com o crescimento da IA, a empresa decidiu que era o momento certo para apostar em datacenters.

Para liderar a operação, a Autonomy contratou Rafael Garrido, ex-diretor da Vertiv para a América Latina, como CEO, e Bruno Pagliaricci, ex-consultor da Odata e da BP Engenharia, como CTO.

Nesta entrevista, Garrido explica como a 247 pretende se destacar em um mercado regional em expansão, mas altamente competitivo.

BNamericas: Por que vocês decidiram se juntar a este projeto?

Garrido: A Autonomy construiu vários projetos, como residências, escritórios e shoppings. Há cerca de 12 ou 13 anos, formou uma joint venture com o fundo de pensão canadense Ontario Teachers e criou a [subsidiária de condomínio] Golgi.

Hoje, a Golgi está entre as maiores do Brasil investindo em condomínios logísticos triple A.

Durante esse período, a Autonomy se especializou em identificar terrenos, realizar estudos de viabilidade, obter licenças e compreender regulamentações para viabilizar seus projetos.

Há cerca de quatro anos, a empresa começou a estudar o mercado de datacenters e concluiu que tinha conhecimento suficiente para entrar nesse segmento, precisamente por sua experiência em projetar, construir e operar no setor imobiliário.

E, ainda assim, a empresa entendeu que isso não era suficiente para apostar no setor.

BNamericas: Precisava de pessoas do segmento.

Garrido: Eles perceberam que precisavam agregar ao seu conhecimento capital humano que tivesse experiência na indústria, na construção e operação de serviços de colocation.

Então, entraram em contato comigo e com Bruno Pagliaricci, e acabamos nos juntando como sócios da Autonomy Investimentos para criar a 247 Datacenters.

BNamericas: Qual é a proposta da 247?

Garrido: A 247 é uma empresa que nasceu com a proposta de ser um player forte em colocation na América Latina, atendendo clientes hyperscale e corporativos, além de fornecer soluções de edge.

E oferecer serviços de colocation em todo o ciclo: design, construção e operações de datacenters.

Tudo isso com base na combinação da expertise que a Autonomy já possui, com sua gestão de grandes volumes de capex e projetos de grande porte e a nossa experiência no setor.

Eu, com a experiência de ter liderado equipes de serviço de operação de datacenters e infraestrutura de datacenters em todos os principais projetos na América Latina, e Bruno, com a experiência de ter construído mais de 150 MW de carga de TI para datacenters no Brasil, Chile, Colômbia e México. 

BNamericas: Quem são os investidores, além da Autonomy? O Ontário também está envolvido?

Garrido: A Autonomy é a gestora de ativos, e estamos estruturados sob uma combinação de investidores da América do Norte, que representam mais de 60% do capital, e investidores locais. 

BNamericas: Que tipo de investidores? Escritórios familiares, fundos? 

Garrido: É uma combinação de escritórios familiares, fundos e até indivíduos. Não podemos divulgar quem são, mas temos um número significativo de investidores locais. Eu diria que a maioria deles é estrangeira, da América do Norte, e alguns locais, brasileiros. 

BNamericas: pesar das expectativas de forte crescimento na demanda, catalisada pela IA, o mercado tem players que já se consolidaram ou estão se consolidando em colocation e hyperscale. Mas vocês terão que começar do zero: terreno, equipe, prospecção de clientes... Como isso funcionará? 

Garrido: Nesses quatro anos de preparação e estudos, a Autonomy não ficou parada. A preparação que ela fez foi ativa, tanto que já temos seis áreas “in-house”, que pertencem à plataforma e que estão estruturadas para este novo momento do mercado.

Essas áreas estão localizadas em grandes regiões no eixo São Paulo-Rio, ou seja, no hotspot do datacenter. Elas já fazem parte dos ativos da Autonomy.

Sim, precisamos projetar e construir, mas não estamos começando do zero. Temos um portfólio de terrenos que já começamos a desenvolver. Não estamos negociando a compra de terrenos. 

Também estamos analisando novas aquisições, mas estamos começando a partir dessa base agora. Enfrentaremos todos os desafios de encontrar terrenos em outros países. No Brasil, começamos com um portfólio importante de terrenos, que faz parte do portfólio da Autonomy. 

BNamericas: Ou seja, a partir do portfólio de terrenos que a Autonomy já possuía para suas operações, foram identificados seis locais adequados para datacenters, devido à sua proximidade com a infraestrutura de energia no eixo Rio-São Paulo, entre outros fatores. É isso?

Garrido: Exatamente. Nossa proposta de valor é criar campus de datacenters, que é o que o mercado está pedindo hoje. Essas áreas são adequadas para esse tipo de projeto e estão próximas da infraestrutura energética.

Atualmente, estamos na fase de viabilidade com as concessionárias de energia para conexão à rede básica.

BNamericas: Vocês já protocolaram pedidos no Ministério de Energia e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para conexão à rede?

Garrido: Já iniciamos esse processo.

BNamericas: Quando vocês devem realmente começar a construir um datacenter?

Garrido: Estamos discutindo os conceitos dos nossos projetos para iniciar o primeiro deles.

As respostas aos pedidos de energia devem chegar em breve. Assim que tivermos a confirmação oficial da análise que realizamos sobre o potencial, devemos iniciar todo o processo de construção, estruturando a viabilidade e o local operacional.

A ideia é que, até o início do ano, tenhamos feito avanços significativos para viabilizar o primeiro projeto.

BNamericas: Vocês já elaboraram o projeto ou ainda estão esperando essas aprovações?

Garrido: Já projetamos nossa proposta de valor. Atualmente estamos discutindo o projeto executivo, os detalhes técnicos. Mas já realizamos análises de espaço e layout.

O projeto executivo deve estar 100% pronto até o início de 2025.

BNamericas: Vocês estão prevendo demanda ou já possuem contratos com clientes, ou até mesmo conversas em andamento, enquanto lança a 247? 

Garrido: Estamos desenvolvendo o projeto sem ter um contrato específico, mas já iniciamos contatos ativos com nossa indústria, seja com um fornecedor estratégico ou um cliente estratégico.

BNamericas: A Vertiv é uma fornecedora natural?

Garrido: Todos os fornecedores são muito importantes. O ecossistema de fornecedores é super importante. Eu tive uma história com a Vertiv, essa história foi fantástica, mas fechamos esse capítulo. Queremos todos os fornecedores próximos a nós, todas as soluções possíveis. 

BNamericas: Você mencionou que o perfil da 247 é amplo – hyperscale, colocation, sites distribuídos. Mas qual modelo você está buscando nesses primeiros projetos?

Garrido: Tudo vai depender da demanda. O mercado mudou muito, como você bem sabe, nos últimos dois anos. Tudo que foi efetivamente projetado há dois anos não está necessariamente alinhado com as necessidades do momento e dos próximos cinco anos. 

A IA mudou muito o jogo em termos de densidade de racks e até mesmo nos tamanhos dos projetos.

A ideia é ser flexível. Vamos oferecer um projeto que se adapte muito facilmente à evolução do mercado e ao aumento da densidade de racks.

Este primeiro projeto terá flexibilidade em relação aos hyperscalers e também em relação às empresas, especialmente aquelas com grandes operações de TI.

E a ideia é ter campi que sejam tanto de inquilino único quanto multi-inquilino.

BNamericas: Quanto vocês estão calculando em termos de capacidade de energia? 

Garrido: Estamos tentando não nos limitar a um número, porque este mercado está crescendo muito rapidamente e são os clientes que ditarão a quantidade. 

Mas estamos considerando campi com capacidade superior a 100 MW de carga de TI. 

BNamericas: Um campus de cada vez?

Garrido: Já protocolamos [pedidos] para todos os nossos campi.

BNamericas: Quais são esses seis terrenos? Entendo que vocês estão começando com seis campi, inicialmente. 

Garrido: Correto. Para ser mais preciso, dos seis, quatro estão em São Paulo. E para esses quatro em São Paulo já submetemos o pedido de energia. 

BNamericas: E os outros dois no estado do Rio de Janeiro. Vocês estão considerando outras áreas e regiões também?

Garrido: Estamos olhando para áreas fora desse eixo, seja o mercado nordeste, na região de Fortaleza, ou o mercado sul, na região do Rio Grande do Sul.

BNamericas: Como o projeto está estruturado em termos de fornecimento de energia renovável?

Garrido: Além da minha experiência na Vertiv com o aspecto da sustentabilidade, a Autonomy foi pioneira em certificações LEED para seus projetos.

O Brasil é um grande polo justamente pela sua matriz sustentável, por toda a energia limpa que temos no sistema elétrico.

Nossa estratégia envolve energia renovável, controle de carbono e gestão de água, para que nossa indústria possa crescer cada vez mais de forma responsável.

BNamericas: Mas vocês têm PPAs assinados com geradores e comercializadores de energia renovável?

Garrido: Não. Estamos falando com jogadores que podem ser nossos parceiros estratégicos, mas não estamos em negociações reais. Ainda estamos no processo de construção de entendimentos.

BNamericas: Quando o projeto para toda a América Latina está previsto? Vocês estão prospectando?

Garrido: Começamos a falar com clientes. Obviamente, a ideia é começar no Brasil, dada a estrutura de land bank que já temos.

Não quero me comprometer com uma data específica. A velocidade com que expandimos para outros países e outros mercados está intimamente relacionada a essas discussões com clientes sobre planos de expansão e suas necessidades.

É a evolução do negócio em conjunto com os clientes que nos dirá para onde vamos estrategicamente.

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