
Os planos de crescimento da brasileira Aegea

A Aegea Saneamento e Participações, maior empresa privada de água e saneamento do Brasil, espera concluir todas as necessidades de financiamento para seu grande programa de investimentos no estado do Rio de Janeiro até o final do ano. As debêntures estão entre as opções de financiamento usadas pela Aegea.
A empresa também busca soluções de financiamento para suas operações em outros estados e continua de olho em novos contratos via concessões, PPPs ou privatizações.
Nesta entrevista, a diretora financeira Fabiana Ieno Judas conversou com a BNamericas sobre a estratégia de crescimento da empresa e as perspectivas para os próximos meses.
BNamericas: Quais são as necessidades de financiamento da Aegea no momento?
Judas: Acabamos de concluir uma emissão de debêntures de infraestrutura de R$ 5,5 bilhões [US$ 1,1 bilhão] e todos esses recursos serão usados para financiar os investimentos na nossa concessão no Rio de Janeiro.
A emissão teve uma demanda de investidores de mais de R$ 9 bilhões, o que mostra a confiança dos investidores nas nossas operações e no setor de saneamento brasileiro.
Essa operação faz parte do programa de financiamento para nossas operações no Rio de Janeiro de até R$ 25 bilhões, todos investimentos para o estado.
Além das debêntures já emitidas, estamos finalizando as conversas com o BID e o programa do governo federal Saneamento Para Todos (que é patrocinado pela Caixa Econômica Federal). Com isso, esperamos poder concluir todas as nossas necessidades de financiamento para o nosso grande programa de investimentos no Rio de Janeiro.
Até o final deste ano, teremos todo nosso investimento programado para o Rio de Janeiro dentro do contrato de concessão, completamente financiado.
BNamericas: Além do Rio de Janeiro, quais são as necessidades de financiamento mais urgentes da empresa?
Judas: No ano passado, ganhamos o leilão de privatização da estatal Corsan, no Rio Grande do Sul, e assumimos o contrato este ano.
Com isso, temos uma obrigação de investimento no estado da ordem de R$ 15 bilhões até 2033 e vamos em busca de financiamento.
Como estratégia, vamos olhar para emissões no mercado local através de debêntures, mas também queremos conversar com organismos multilaterais para discutir o financiamento dessas instituições.
BNamericas: O setor de saneamento no Brasil está muito dependente de financiamento por meio de debêntures. Isso representa um risco?
Judas: É sempre importante termos novos mecanismos de financiamento, e o mercado de capitais brasileiro tem se desenvolvido. Mas é verdade, precisamos ter novos mecanismos de financiamento e fundos garantidores para criar esses instrumentos.
BNamericas: Como parte da diversificação do funding, a Aegea planeja um IPO em algum momento?
Judas: Um IPO é sempre uma possibilidade que estamos avaliando, mas depende de fatores que vão além das intenções da Aegea, passando, inclusive, pelas condições de mercado.
Não temos em mente um IPO para o curto prazo, mas o mercado de renda variável e o mercado de dívida externa são opções que serão avaliadas.
Já fizemos emissões no mercado externo de dívida por meio de títulos sustentáveis e, devido à natureza dos nossos negócios, consideraremos realizar esse tipo de emissão novamente no futuro.
BNamericas: Vocês têm interesse na privatização da Sabesp?
Judas: Como empresa líder no setor, a Aegea sempre estará avaliando oportunidades, mas não sabemos bem como ficará o modelo de privatização da Sabesp para dizer se vamos avaliar ou não.
Fizemos movimentos importantes nos últimos meses, expandindo nosso portfólio e nossa atuação de norte a sul do país.
Ganhamos um contrato de esgotamento sanitário no Crato (Ceará) e um contrato de PPP no mesmo estado com a Cagece, vencemos o leilão de privatização da Corsan, um contrato de PPP com a Sanepar, então estamos sempre avaliando oportunidades.
Mas antes de olhar para qualquer oportunidade, avaliamos se nossa estrutura de capital permanece robusta e se há potencial para retornos nesses contratos. Sempre olhamos os ativos com muita disciplina.
BNamericas: O governo do Paraná anunciou a intenção de fechar dois contratos de PPP com a Sanepar até o final do ano. Como vocês ganharam recentemente o leilão de uma PPP no estado, há sinergias com esses outros contratos que estão sendo oferecidos?
Judas: Ainda não estudamos os editais desses contratos que serão oferecidos, por isso não posso responder agora.
BNamericas: Alguns analistas dizem que o setor de saneamento do Brasil pode passar por uma fase de consolidação em algum momento. Como a maior empresa privada do setor, a Aegea está de olho na aquisição de empresas rivais?
Judas: Essa fase de consolidação não está no nosso radar no momento.
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