Brasil
Perguntas e Respostas

Os planos de expansão da Prime Energy, da Shell, no mercado livre de energia brasileiro

Bnamericas
Os planos de expansão da Prime Energy, da Shell, no mercado livre de energia brasileiro

Em novembro de 2023, o Grupo Shell concluiu a aquisição da Prime Energy, uma das principais empresas independentes de comercialização de energia no mercado livre do país.

Atualmente, o principal foco da empresa é apoiar a transição de consumidores do ambiente regulado e oferecer energia de usinas de geração distribuída por assinatura para aqueles que ainda não podem migrar.

Em entrevista à BNamericas, Guilherme Perdigão, presidente da Prime Energy, fala sobre os projetos da empresa e potenciais sinergias com as operações petrolíferas da Shell no Brasil.

BNamericas: Quais objetivos a Shell buscou nos primeiros meses após a aquisição da Prime Energy?

Perdigão: Essa transação foi pautada dentro do propósito de oferecer soluções de energia limpa para os consumidores. Temos uma plataforma bem completa de soluções para o mercado livre, de geração distribuída e eficiência energética, com foco em pessoa jurídica de alta, média e baixa tensão no Brasil.

É um modelo de negócios que chamamos de ‘portfolio company’, isto é, uma empresa com grande autonomia, combinando a agilidade da Prime com o balanço do grupo Shell e, desde maio, oferecendo produtos da Shell Energy.

Então, nos primeiros meses o objetivo foi preservar a cultura empreendedora, competitiva e ágil da Prime, trazendo o valor de fazer parte do grupo Shell.

BNamericas: Você poderia citar exemplos de produtos da empresa?

Perdigão: Na Prime, temos venda de energia para o mercado livre, bem como serviços de migração, dando todo suporte ao cliente que deseja migrar [do mercado regulado para o livre]. 

Prestamos serviços de gestão, com assessoria especializada visando à redução do custo de energia, por meio da otimização da iluminação, por exemplo. 

Em geração distribuída, oferecemos energia por assinatura para clientes de baixa tensão, que ainda não podem migrar para o mercado livre.

Nota do editor: consumidores de baixa tensão com contas de energia acima de R$ 1 mil (US$ 185) são elegíveis para aderir, via consórcios, ao serviço de energia por assinatura da Prime, que promete uma redução de 20% na conta em comparação com o preço cobrado pela concessionária de distribuição.

Atualmente, no Brasil, somente consumidores de alta tensão – o chamado de Grupo A – podem migrar para o mercado livre.

BNamericas: Em maio, a Prime anunciou que será a gestora de uma nova usina em Goiás. Pode falar sobre isso?

Perdigão: Nem sempre as empresas que constroem esses projetos de geração distribuída, têm a capacidade e capilaridade necessárias para comercializar os créditos e formar os consórcios [para consumir a energia da usina]. Isso demanda algumas centenas de unidades de consumo. Então, nós contratamos essas usinas e ficamos responsáveis pela formação dos consórcios, vendendo, comercializando créditos para consumidores pessoa jurídica. 

Hoje, temos quatro plantas em operação: uma no Rio Grande do Sul, uma em São Paulo e duas no Paraná. 

Temos mais três no Paraná e uma em São Paulo que começarão a gerar em julho, além dessa planta recentemente anunciada em Goiás. 

Juntos, esses projetos somam 28 MW. Nossa carteira total de empreendimentos soma cerca de 130 MW.

BNamericas: A Prime, em alguns casos, investe nas usinas?

Perdigão: Entramos como gestores para viabilizar o produto e sua comercialização. Então, hoje, não fazemos investimentos em geração, mas estamos avaliando essa possibilidade.

BNamericas: Como estão se preparando para a abertura do mercado a consumidores cada vez menores?

Perdigão: Oferecendo uma solução para clientes de baixa tensão que ainda não podem migrar para o mercado livre. Hoje, a Prime atende a 40 mil consumidores, a maior parte pelo serviço de geração distribuída. Isso demanda uma equipe especializada, um sistema automatizado para atender a uma quantidade muito maior de consumidores, assim como uma estratégia de marketing.

Quando vier a abertura, já teremos uma plataforma pronta para engajar o consumidor.

BNamericas: Como você avalia o cenário dos preços de energia no Brasil?

Perdigão: O período úmido desse ano foi bem ruim, então o mercado voltou a ter volatilidade, e a perspectiva de preço no piso não aparenta sustentabilidade. Mas é difícil prever hidrologia. 

A forma de encarar isso é reconhecer que a volatilidade é parte do fundamento do negócio no Brasil. Uma matriz elétrica que tem mais de 60% da sua oferta baseada em geração hidrelétrica é, por natureza, volátil. 

A Shell tem uma experiência no mundo todo em trading, e, desde 2017, temos uma mesa de trading no Brasil que está acostumada e tem toda a expertise e produtos para trabalhar com essa volatilidade.

BNamericas: Quais sinergias são esperadas com a Shell Brasil Petróleo? É possível comercializar energia limpa para descarbonizar as operações da petroleira?

Perdigão: Estamos trabalhando nisso, mas ainda não houve um caso concreto. A Shell possui diversos fornecedores na área de E&P, e temos um investimento minoritário na Marlim Azul. O braço de marketing está aqui para explorar essas sinergias. Se a Shell tomar outras decisões de investimento e expandir seu portfólio, teremos a oportunidade de comercializar diretamente para o grupo Shell.

BNamericas: A Shell é uma das empresas que submeteram projetos eólicos offshore ao Ibama. Este seria um caminho potencial para sinergia?

Perdigão: Além de eólicas offshore, o Grupo Shell tem projetos de geração solar em desenvolvimento no país. Com a Prime como braço de comercialização, pode haver a possibilidade de integração com a geração própria. Mas isso estaria sujeito a decisões de investimentos no momento certo.

Tenha acesso à plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina com ferramentas pensadas para fornecedores, contratistas, operadores, e para os setores governo, jurídico e financeiro.

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.

Outros projetos em: Energia Elétrica (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de Energia Elétrica projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.

Outras companhias em: Energia Elétrica (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de Energia Elétrica companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.

  • Companhia: Eneva S.A.  (Eneva)
  • A Eneva do Brasil é uma empresa de geração e comercialização de energia com negócios complementares na exploração e produção de gás natural. A empresa tem capacidade instalada d...