Os setores em que Minas Gerais busca atrair mais investimentos

Minas Gerais historicamente atraiu grandes volumes de investimento para o setor de mineração, especialmente para minério de ferro, mas gradualmente de tornou mais diversificado.

Nos últimos anos, o estado conseguiu trazer investimentos para os negócios de lítio e energia solar, e agora busca atrair investidores nos setores de infraestrutura e saneamento, incluindo a planejada privatização da concessionária de água Copasa.

Fernando Passalio de Avelar, secretário estadual de desenvolvimento econômico, conversa com o BNamericas sobre a estratégia e os objetivos de investimentos de Minas Gerais.

BNamericas: Qual o potencial do segmento de lítio em Minas Gerais?

Avelar: O lítio nunca foi tão importante como agora.

Atualmente, os países líderes em relação ao lítio são Austrália, Chile e Argentina, e o Brasil não aparecia nesse mapa até recentemente porque havia uma legislação muito ultrapassada que limitava as exportações de lítio.

Vimos então dois eventos importantes que impulsionaram o segmento de lítio no Brasil.

Um é o boom gerado pela mobilidade elétrica, a transição energética e a necessidade de baterias, e o outro é a modernização da nossa legislação.

Estive recentemente na Austrália mostrando o potencial do lítio em Minas Gerais, promovendo nosso mercado e mostrando aos investidores que eles não precisam buscar ativos na África.

BNamericas: Quais projetos e empresas estão mais avançados atualmente no segmento de lítio do estado?

Avelar: O projeto mais destacado e avançado sem dúvida é o projeto Sigma, que tem suas licenças, mas além da Sigma, temos pelo menos outras quatro empresas com projetos avançando.

Assinamos um memorando de entendimento com a Latin Resources, que está investindo no projeto Salinas.

Além disso, temos também Atlas Lithium Corporation, Deep Rock e Lithium Ionic investindo em projetos de lítio aqui no estado.

Além disso, a [empresa de lítio] CBL, que não é mais do governo estadual, está aumentando seus investimentos.

BNamericas: Por que Minas Gerais tem se destacado em projetos de lítio, em comparação com outros estados?

Avelar: Além de nossas reservas de lítio serem enormes, nossa legislação local é moderna.

Entretanto, a legislação que existia no Brasil em relação ao lítio até recentemente era obsoleta, fazendo com que não tivéssemos exploração de lítio no país por muitos anos.

O Brasil adormeceu em relação ao seu potencial de lítio com a antiga legislação, mas Minas Gerais conseguiu abrir seu próprio caminho.

BNamericas: Além da mineração, quais são os outros setores em que o estado vê maior potencial de atração de investimentos?

Avelar: Se fizermos um ranking dos investimentos em Minas Gerais, nos últimos anos a mineração ocupa o primeiro lugar porque somos grandes produtores mundiais de minério de ferro, e agora também atraímos investimentos para o lítio, além de projetos de ouro.

Em segundo lugar, o segmento fotovoltaico também atraiu muitos investimentos. Nos últimos quatro anos, que marcaram o primeiro mandato do governador Romeu Zema, vimos R$ 280 bilhões [US$ 55 bilhões] em investimentos do setor privado – a mineração atraiu R$ 90 bilhões e a energia solar R$ 60 bilhões.

Agora podemos ser considerados um grande player global em energia solar, e isso está mudando o estado.

Além desses dois segmentos, vejo potencial de atração de investimentos na área de infraestrutura, principalmente projetos ferroviários, e e-commerce, devido à nossa localização geográfica privilegiada.

BNamericas: Você tem uma estimativa de quando um novo acordo de compensação entre as mineradoras e as autoridades sobre o rompimento da barragem de rejeitos de Mariana deve ser assinado e como esses recursos serão aplicados?

Avelar: Acho uma temeridade falar em prazo ou qualquer detalhe desse acordo, porque envolve muitos agentes diferentes.

Essas negociações envolvem 35 municípios, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, Ministério Público, tribunais e representantes da Samarco, Vale e BHP.

Esse acordo é diferente do que aconteceu em Brumadinho, quando o governador Romeu Zema assumiu as negociações e chegou a um acordo que beneficiou a população.

O acordo [original] referente a Mariana foi mal feito pelo governo anterior, então precisa ser renegociado.

BNamericas: O governo estadual vai levar adiante o plano de privatizar a Copasa?

Avelar: Essa é uma privatização prioritária para o governo.

Temos um amplo programa de privatizações e faz parte do nosso plano privatizar a Codemig e a Cemig, além da Copasa. Neste momento, estamos analisando qual seria o melhor modelo de privatização para cada um.

Com relação à Copasa, é provável que, nos próximos meses, encaminharemos uma proposta de privatização aos legisladores estaduais.

Nosso objetivo é aumentar a eficiência do estado e isso ajudou Minas Gerais a atrair muito investimento privado nos últimos anos.