Percepções de um fornecedor de combustível marítimo sobre o setor portuário da América Latina

Megaprojetos como o Porto de Chancay, avaliado em US$ 3,6 bilhões, no Peru, devem intensificar o comércio internacional, e os players da cadeia de suprimentos estão confiantes de que isso trará novas oportunidades na região.

A Monjasa, empresa dinamarquesa de combustíveis marítimos fundada em 2002, está entre eles e espera ampliar sua participação com a presença em mercados como Colômbia, Peru, Brasil, Argentina e Panamá.

A empresa opera em mais de 800 portos em todo o mundo e distribui cerca de 6,5 milhões de toneladas de combustível por ano. Em 2023, registrou receitas de US$ 4,38 bilhões.

A BNamericas conversou com Jonas Bruslund, diretor comercial da Monjasa para as Américas, sobre suas perspectivas para o setor portuário, a introdução de biocombustíveis e estratégias para a região.

BNamericas: Qual é o seu diagnóstico da infraestrutura portuária da região?

Bruslund: Do ponto de vista dos serviços de abastecimento, se a região for comparada com a Europa e a Ásia, fica claro que há espaço para desenvolvimento e melhorias nos portos, especialmente no segmento de biocombustíveis.

Embora uma falta geral de infraestrutura caracterize a região latino-americana, continuamos prosperando, e esperamos que haja esforços para melhorar os portos, que representam uma receita importante para alguns países da América Latina.

BNamericas: Vocês têm planos de crescer na região?

Bruslund: Continuamos vendo um grande potencial de crescimento na indústria, mesmo que ela se torne cada vez mais complexa, mas a nossa filosofia é observar e navegar. Nós nos preparamos para os desafios com base no ambiente, para que, quando surgirem oportunidades, sejamos capazes de avançar rapidamente e aproveitar ao máximo a situação.

Isso significa que quando encontrarmos uma oportunidade de crescimento na região, aproveitaremos. Atualmente, estamos presentes na Colômbia, Peru, Brasil, Argentina e Panamá, onde estamos cada vez mais fortes.

BNamericas: A Monjasa fez a primeira entrega de biocombustíveis no Peru. Quais são as suas expectativas em relação à distribuição de biocombustíveis no médio prazo?

Bruslund: Nossa estratégia é estarmos prontos para atender aos nossos clientes quando eles estiverem preparados para a transição para combustíveis mais limpos. Temos especialistas certificados em biocombustíveis prontos para apoiar os clientes e, diferentemente dos nossos concorrentes, temos experiência na região.

Nossas entregas em Cartagena e Callao foram muito bem-sucedidas e continuamos buscando maior escalabilidade. Agora, estamos conversando com alguns clientes que demonstraram interesse em biocombustíveis.

Contudo, a tomada de decisões é naturalmente longa e será limitada, enquanto não houver incentivo regulatório para o pagamento desse valor adicional, porque a diferença de preço é significativa. A transição para os biocombustíveis é um desafio para toda a indústria.

BNamericas: Vocês pretendem abrir locais para o fornecimento de biocombustíveis em toda a região? E os escritórios?

Bruslund: Atualmente, somos capazes de fornecer para Colômbia, Peru e Argentina, e estamos explorando outros mercados na região.

Um passo natural seria a expansão para o Panamá, onde temos nossas maiores operações. Trata-se do principal polo da região, com voos curtos e convenientes para os grandes mercados, onde em breve expandiremos nossos escritórios. No entanto, não excluímos a possibilidade de abertura de escritórios em outros mercados, se isso fizer sentido.

BNamericas: No Peru, o Megaporto de Chancay está em construção. O que isso implica para o setor de transporte marítimo e quais são as oportunidades para a empresa?

Bruslund: Não há dúvida de que a dinâmica vai mudar, gerando maior tráfego e demanda por bunker. Vimos uma aceitação no Peru devido ao nível da água no Canal do Panamá, mas isso também está mudando constantemente e, assim espero, terá um impacto positivo no futuro.

Estamos no Peru há muito tempo. Esperamos e confiamos que seremos um ator fundamental nesta nova oportunidade.