Estados Unidos , China e Brasil
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Política externa brasileira: entre a realidade política e a necessidade econômica

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Política externa brasileira: entre a realidade política e a necessidade econômica

A liderança política e empresarial do Brasil, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líderes do Congresso e investidores viajarão para a China no final do mês.

A delegação contrasta com a que viajou recentemente com Lula aos Estados Unidos, que incluiu alguns ministros e um encontro de uma hora com o presidente Joe Biden e não rendeu parcerias de investimentos ou outros anúncios.

Welber Barral, sócio-fundador da BMJ Consultores Associados e secretário de comércio exterior entre 2007 e 2011, conversa com a BNamericas sobre comércio e a posição do Brasil na disputa entre Pequim e Washington.

BNamericas: Como o senhor avalia a agenda internacional de Lula até agora?

Barral: Lula iniciou seu mandato com foco nos principais parceiros comerciais do país, visitando Estados Unidos, Argentina e, no final deste mês, visitará a China.

É uma agenda menos movimentada em relação aos mandatos anteriores, mas é preciso lembrar que as demandas internas exigem que ele fique mais tempo no país.

Provavelmente, a partir do segundo ano de seu governo, veremos mais viagens internacionais, porque Lula pretende ter uma atuação internacional maior.

BNamericas: Como ele moldará a relação com a China?

Barral: Há um sinal muito claro de que o Brasil vê o país asiático como seu principal parceiro comercial nos próximos anos e isso não poderia ser diferente, já que a China representa cerca de 30% das exportações brasileiras.

Mas além das exportações, o esforço do governo agora também se concentrará em mais investimentos.

Se olharmos principalmente para os períodos anteriores ao governo do presidente Jair Bolsonaro, veremos que tínhamos muitos investimentos chineses em infraestrutura e agora há a expectativa do governo brasileiro de atrair novamente esses investimentos em grande escala.

BNamericas: Quais são os interesses da China no Brasil?

Barral: Nos últimos anos, a China tem investido fortemente no Brasil em linhas de transmissão de energia.

Além disso, também temos visto investimentos de empresas chinesas em tecnologia da informação no Brasil e em toda a cadeia de veículos elétricos.

A China tem um interesse histórico pelos recursos naturais brasileiros e isso coloca o foco no setor de mineração, a exemplo do que a China já fez na Argentina, onde há grande interesse em investimentos em lítio.

BNamericas: Além do governo chinês, as empresas do país têm interesse no Brasil?

Barral: O setor privado chinês está avaliando muitos projetos no Brasil.

Isso já acontece através da Huawei na área de tecnologia e também já aconteceu com empresas que estão de olho na cadeia de veículos elétricos.

A tendência é que o setor privado chinês no Brasil tenha interesse em entrar em outros setores.

BNamericas: Qual é a posição do Brasil na disputa de poder entre China e Estados Unidos?

Barral: Com relação a essa disputa entre China e Estados Unidos, a tendência é que o Brasil continue com uma postura neutra.

Se olharmos o que aconteceu na gestão anterior, o governo conseguiu manter uma posição neutra, na prática [apesar dos laços estreitos de Bolsonaro com o governo Trump].

BNamericas: Quão realista é para o Brasil manter essa neutralidade?

Barral: O governo brasileiro sempre tentará encontrar soluções intermediárias, para tentar manter um bom relacionamento com ambos.

Até que ponto isso é possível não está claro. Depende muito da evolução do cenário internacional.

BNamericas: A ausência de parcerias e anúncios de investimentos, após a recente visita de Lula aos Estados Unidos, causou alguma frustração?

Barral: Embora durante o ano passado na Cúpula das Américas houvesse muitos sinais em favor da integração regional, a verdade é que em todos os países da região você vê apenas [boas] intenções dos EUA.

Por outro lado, quando falamos da China, vemos mais investimentos acontecendo.  

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