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Por que a Brasil BioFuels investirá R$ 2,2 bi em uma biorrefinaria

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Por que a Brasil BioFuels investirá R$ 2,2 bi em uma biorrefinaria

A Brasil BioFuels (BBF) investirá R$ 2,2 bilhões (US$ 410 milhões) em uma biorrefinaria em Manaus, no estado do Amazonas, focada em diesel verde (HVO) e combustível sustentável de aviação (SAF).

Com início de construção previsto para 2023, a planta terá capacidade de produção anual de 500 milhões de litros de biocombustíveis feitos a partir do óleo de palma cultivado na região amazônica brasileira.

Em parceria com a Topsoe, a BBF adotará uma tecnologia de hidroprocessamento, que permite a reciclagem dos gases e líquidos provenientes do processo produtivo, reutilizando-os para produzir o hidrogênio que será usado no processamento dos novos biocombustíveis.

O offtaker do empreendimento é a Vibra Energia, principal distribuidora de combustíveis do país, contou à BNamericas o CEO da BBF, Milton Steagall, nesta entrevista. Ele também falou sobre a decisão de investimento e os planos da companhia.

BNamericas: Por que vocês decidiram fazer o investimento na biorrefinaria neste momento?

Steagall: O mundo está voltando suas atenções para a transição energética. E a BBF é uma companhia que foi criada com essa perspectiva, com o objetivo de substituir o diesel fóssil consumido na Amazônia por um produto renovável, produzido nessa mesma região, com mão de obra local, retirando do governo federal a responsabilidade de criar a infraestrutura para escoar a produção de outras regiões do país e reduzindo o ônus do consumidor local.

O zoneamento da palma que construímos junto com o governo para mitigar o desmatamento pela cultura criou a legislação mais rigorosa do planeta, que permite seu cultivo apenas em áreas degradadas até dezembro de 2007.

Veja bem: quando os satélites mostram uma abertura na Amazônia e se afirma que se trata de desmatamento, isso é uma meia-verdade, porque o zoneamento na Amazônia prevê a preservação de 80% das áreas, com possibilidade de exploração das demais 20%. Então, isso está dentro do ordenamento jurídico do país. Mas, no caso da cultura da palma, não é permitido abrir novas áreas para plantar.

A Embrapa identificou mais de 30 milhões de hectares de regiões aptas para o cultivo de palma, considerando relevo, topografia, solo, umidade, insolação, etc. Investimos nessa cultura para produzir bioenergia, mas como crescer se os leilões [de geração de energia elétrica] para sistemas isolados estão restritos? Pensamos, então, no diesel verde e no combustível sustentável de aviação, uma vez que o Brasil é importador de combustíveis.

Nossa proposta é competir de igual para igual, sem subsídios, dando a opção de abastecer o mercado doméstico com algo renovável, moderno, que gera empregos no país e não onera a sociedade.

BNamericas: A ideia é competir com a parcela importada dos combustíveis ou também com o que é produzido no Brasil?

Steagall: O barril de petróleo está em torno de US$ 100, então há muita margem para disputa. E, se o barril cair para US$ 40 ou US$ 30, o que eu acho que não vai acontecer, caberá à consciência das empresas: elas estão levando a sério a agenda ESG ou isso é apenas uma falcatrua?

BNamericas: Quem são os potenciais clientes da biorrefinaria? Já existem acordos assinados?

Steagall: A Vibra Energia é o offtaker desse contrato. A produção do primeiro módulo é de 500 milhões de litros por ano. Temos flexibilidade, podemos atender com 100% SAF, 100% diesel verde, 50/50... conforme a demanda do mercado.

E há uma série de outras empresas que atuam na região amazônica com grande consumo de diesel, como Vale, Hydro, MRN, entre outras.

BNamericas: Como o projeto será financiado?

Steagall: Provavelmente será um condomínio de bancos, liderado pelo BNDES para colocar a estrutura industrial de pé, o que demandará R$ 2,2 bilhões.

BNamericas: Qual é o volume de biocombustíveis produzidos pela BBF atualmente?

Steagall: Hoje temos uma planta de biodiesel operando em Ji Paraná, em Rondônia, com capacidade de produção de 200 m³/d, e estamos construindo uma segunda planta, do mesmo porte, em Manaus [no Amazonas], com financiamento da Finep [agência federal de financiamento de estudos e projetos]. Uma planta para produzir 300 milhões de litros por ano de etanol de milho.

BNamericas: Qual a perspectiva de crescimento da produção da empresa?

Steagall: A palma é uma das oleaginosas mais produtivas do mundo e chega a render uma média anual de 5 toneladas de óleo por hectare, contra cerca de 0,6 toneladas da soja, a semente mais utilizada para a produção de biodiesel no Brasil.

Hoje produzimos cerca de 5 toneladas por hectare, 200 mil toneladas de óleo por ano. Até 2027, teremos mais 120 mil hectares de palma em Roraima, dos quais 10 mil hectares já foram plantados, e outros 70 mil hectares no Pará.

Com isso, conseguiremos otimizar nossa produção, uma vez que a entressafra nesses dois estados é complementar, dado que um fica no hemisfério norte e o outro no sul.

A expectativa é elevar nosso número de funcionários de mil para mais de 12 mil colaboradores nos próximos cinco anos.

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